29. O Que Te Feriu?

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Samanun Every

- Já está tudo pronto, capitã! - Engfa se aproxima de mim, interrompendo a conversa que eu e a Mon estávamos tendo com a Stella. - O que aconteceu, vocês estão com uma cara que parece que viram um fantasma.

- Henry Every... ele está no navio. - Falo com o semblante sério e ela se espanta, olhando para Stella e para a Mon, esperando respostas.

- Bem, estão avisadas. - Stella fala, prestes a se retirar. - E Samanun, acho que devo lhe lembrar que você não é a capitã do navio ainda. Ou esqueceu que está cumprindo--

- Stella, dá um tempo, porra. - Engfa fala irritada e pega a todas nós de surpresa, inclusive a própria Stella.

- Engfa, eu acho me--

- Não, não vem com essas merdas não. Você está vendo o que estamos passando. A menina já cumpriu tudo que tinha que cumprir, para de encher o saco. Ah, vá pra puta que o pariu. - Ela  interrompe Stella novamente em um rompante de indignação, fala tudo que quer falar e vira as costas para ir embora, nos deixando boquiabertas sem reação.

Olho para as duas mulheres à minha frente, mas antes que qualquer uma dissesse alguma coisa, a Engfa para de andar e se vira para nós novamente.

- Você vem, capitã? - Ela grita de onde estava, pondo as mãos na cintura.

Olho para a Stella que revira os olhos e simplesmente vai embora dali sem falar mais nada. Olho pra a Mon, que põe a mão na frente da boca e começa a rir, me fazendo abrir um sorriso também e olhar para a Engfa, que ainda continuava com a cara de poucos amigos e a mão na cintura.

- Você tem certeza que é a capitã não ela? - Mon pergunta em um volume mais baixo, só para mim.

- Eu ouvi isso, Kornkamon! Não enche você também. - Engfa volta a falar de onde estava.

Começo a rir e a Mon me olha.

- Gente, o que ela tem hoje?

- Não faço ideia. - Respondo e olho para a Engfa que já começava a me incomodar de tanto que me encarava, aguardando. - Eu já estou indo! - Respondo à minha irmã, esperando que ela fosse embora e me desse alguns minutos para me despedir da Mon.

Ela bufa ruidosamente e então se vira para ir embora.

- Como iremos fazer isso? - Pergunto para a Mon, já que nunca tínhamos atacado o mesmo navio de maneira coordenada antes.

- Não temos muito tempo para planejamentos, a gente só ataca e vê no que dá.

- Quê?! Não vou fazer isso, Mon. Precisamos planejar o ataque!

Ela ri fraco.

- Não temos tempo, senhora planejadora. Hoje terá que ser do meu jeito.

- Ok, não temos muito tempo, mas andei estudando os navios ingleses ultimamente porque, bem, eu iria sugerir novamente o ajuste do Acordo de Paz.

- Certo...

- A Stella disse que é um navio de guerra. Os navios de batalha da coroa inglesa são super equipados, não temos chances se formos tentar atacá-los com canhões.

- Temos que nos aproximar de pressa e já invadi-los. - Ela complementa e eu faço que sim com a cabeça. - É uma ótima estratégia, na verdade.

- Então assim que o encontrarmos, não iremos perder tempo com manobras para ataque de canhão.

- Certo. A gente se aproxima--

- E invade.

Estávamos em sintonia, o que era ótimo. Fazer um ataque sem o mínimo de planejamento prévio não era nem um pouco do meu feitio, então aquele plano bolado de última hora me parecia bom o suficiente para nos dar um norte do que fazer, mas não era suficiente para me trazer tranquilidade.

Velas Negras • MonSamOnde histórias criam vida. Descubra agora