07 - Tem SAMU na Coreia?

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Na manhã seguinte, Seokjin abriu os olhos e viu que já eram quase 10h da manhã. Normalmente ele não dormia até tarde, mas a noite tinha sido longa, sendo que ele passou boa parte dela acordado, virando de um lado para outro da cama enquanto flashes de sua vizinha seminua rondavam sua cabeça. Num pulo ele correu até a sala para ver se ela estava lá, mas, de novo, o estúdio estava vazio.

Frustrado, ele tomou um café e saiu para trabalhar. Naquele dia iria ao restaurante de manhã e na parte da tarde iria em sua aula de tênis que estava paga, mas ele mais faltava do que ia. Em seguida planejava ir ao supermercado perto de seu prédio, pois não dava para viver de água e chá por muito tempo.

Enquanto isso, Fernanda estava trabalhando na Universidade na finalização de um artigo e depois daria aula até 16h, quando finalmente voltaria para o aconchego de seu estúdio. Sair com poucos colegas de trabalho na noite anterior, ficando até 23h na rua, fez com que ela passasse o dia se arrastando enquanto fingia estar acordada. Ela pensou que definitivamente não tinha mais idade para isso. Ao voltar para casa, a brasileira decidiu descer alguns pontos antes para passar em um livraria perto de seu prédio. Havia uma área comercial muito boa e bem movimentada por ali. Após passar algum tempo entre os livros, voltou caminhando. O vento frio não incomodava. Ela bem que gostava daquele clima e realmente estava aproveitando a caminhada para não pensar em nada.

Voltando do supermercado também à pé, Seokjin avistou a figura esguia andando calmamente à sua frente. Ela vestia um blazer comprido de lã bege escuro com uma estampa xadrez bem sutil e uma calça jeans justa. O coreano apertou o passo, pois tinha certeza de que era ela a inquilina que lhe tirou o sono. Quando chegaram no prédio, ele aproveitou que ela estava fechando a porta para se aproximar.

Se cumprimentaram educadamente, mas ela quase não olhou atentamente para ele, pois estava mexendo no celular. Ele observou como ela apertou o botão para chamar o elevador. Seus olhos percorreram os cabelos presos em um coque baixo, algo que deixava o seu pescoço exposto. Ele desceu um pouco mais o olhar e subiu de novo constatando a forma como, de tênis, ela deveria ser uns 5 ou 7 centímetros mais baixa que ele. Era comum que ele saísse com mulheres muito mais baixas, afinal de contas ele tinha 1,79, mas nunca deixou de olhar com atenção o modo como as mulheres altas se moviam elegantemente. Quando a porta do elevador abriu ele se adiantou para segurá-la, enquanto Fernanda ainda dispersa agradecia e apertava o botão do 7o andar. Educadamente, ela se virou para Seokjin e o encarou para perguntar:

"Olá, qual andar?"- Ela falou sorrindo ao mesmo tempo em que esperava ter dissimulado com sucesso a surpresa por ver um homem tão bonito assim, de perto.

"Eu vou para o mesmo que você..."- ele respondeu enquanto ela não pôde deixar de observar os lindos traços de seu rosto.

Os olhos e o nariz, que pareciam ter sido desenhados e os lábios... Que lábios lindos, carnudos e rosados. Ele estava de boné preto e usava um conjunto de moletom rosado super largo. Talvez uns três números maior do que aquele que ele deveria vestir. Apesar disso, era possível perceber que ele era magro e um pouco mais alto do que ela. A julgar pela bolsa em forma de raquete e a mochila nas costas, ele claramente esteve praticando Tênis, pois ainda estava avermelhado e levemente suado do esforço. Mas, era incrível como mesmo assim o homem era um deslumbre.

Ela demorou quase 1 minuto para sair do transe de sua observação quando escutou ele falando seu nome daquele jeitinho que somente os coreanos faziam. Ainda era adivinho? Como isso era possível? Ela pensou. As portas do elevador abriram e no percurso até o seu estúdio ela descobriu que aquele deus, que aquela escultura de Michelangelo perdida em Seul, não só sabia seu nome como era o dono do estúdio que ela havia alugado. Ainda por cima era seu vizinho! E era super educado e gentil. Tem SAMU na Coréia? Fernanda pensou, enquanto via ele se afastar ao mesmo tempo em que tentava lembrar a senha da sua porta.


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O que vocês fariam se encontrassem o nosso WWH no elevador, gente? Eu acho que iria ter um troço. A Fernanda até que se saiu bem...


::: 29 de fevereiro de 2024

Só uma noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora