70 - Omma [EXTRAS]

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Fernanda chegou esbaforida na escola e foi logo encaminhada para a sala da enfermaria. Antes mesmo de entrar, ela foi vista por Hae por meio das grandes janelas que faziam divisória com o corredor de acesso ao local. O menino gritou bem alto para que o coleguinha com quem tinha brigado ouvisse:

"Viu!! Eu disse para eles ligarem para a minha mãe! Eu tenho mãe e ela veio me ajudar!! Eu tenho mãe sim!!"- o pequeno disse entre lágrimas.

Isso fez Seokjin saltar da cadeira e se levantar para verificar a entrada, pois não estava acreditando que teria o desprazer de se encontrar com Nari, depois de tudo o que aconteceu. Mas, para sua surpresa, viu Fernanda aparecer na porta com uma expressão de absoluta preocupação. A brasileira estava tão desorientada que nem o viu. Correu para perto da maca e foi recebida por Hae, chorando de alegria e dizendo:

"Omma!" - Isso claramente a pegou de surpresa. Ela parou por um segundo, olhando para o menino, mas não pensou duas vezes. Se ajoelhou ao lado da maca e disse:

"Meu filho... meu querido! O que aconteceu??" - Hae chorou ao receber aquela resposta dela e explicou:

"Eu briguei e caí... Acho que o meu bracinho quebrou..."

"Por que você brigou com alguém, meu amor? Eu vou te levar para o hospital e vai dar tudo certo, tá? Logo, logo esse ossinho vai colar, porque você é um garotinho muito forte..."

"Igual ao meu pai..."- ele disse, ainda entre lágrimas, e ganhou um beijinho de Fernanda. Ao mesmo tempo, Seokjin se aproximou com os olhos marejados e colocou a mão no ombro da brasileira. Ainda ajoelhada, ela observou o noivo e disse:

"Você já está aqui!! Me falaram que não tinham conseguido contato com você!!" - Ele não disse nada. Apenas puxou Fernanda para um abraço e beijou seu rosto. Conseguiu apenas dizer, com a voz embargada:

"Ele vai de ambulância para o hospital, pois elas já tinham chamado. Você pode ir com ele? Eu vou levando o meu carro..."

Fernanda percebeu que Seokjin estava estranho e achou melhor deixar para conversar depois. Pegou Hae no colo com todo cuidado e seguiu com a enfermeira para a área onde encontrariam a ambulância. Seokjin se curvou diante da Senhora Lee, sendo observado pelo garotinho que brigou com seu filho e disse:

"Como você pôde verificar, meu filho tem mãe sim... Uma biológica e uma de coração. Eu espero que essa situação aqui na escola se resolva o mais rapidamente possível, pois não vou aceitar que algo seja feito para que o meu filho sofra mais do que já sofreu. Caso essa importunação continue, já peço que avise aos pais dessas crianças que vou acioná-los judicialmente para que respondam pelo comportamento inaceitável de bullying praticado pelos filhos."

Ao sair, ainda no carro, ligou para a psicóloga do filho e, ao longo do caminho, relatou todo o ocorrido, preocupado em encontrar meios para conversar com Hae sobre tudo aquilo, principalmente sobre o fato dele chamar a Fernanda de mãe, tão rapidamente. A psicóloga o orientou a conversar primeiro com a brasileira para verificar como era a questão para ela. Depois, eles deveriam conversar com Hae e dar para ele segurança, principalmente se Fernanda se permitisse a ocupar esse lugar na vida do pequeno. Ela destacou que, se fosse uma demanda dele, como parecia ser, seria importante ter essa figura de referência materna, que ele encontrou na brasileira.

Chegando no hospital, Seokjin procurou pelo filho e logo encontrou Fernanda aguardando em uma sala, enquanto o pequeno fazia um exame. Quando viu Seokjin se aproximar, ela levantou e o abraçou, com expressão de preocupação. Ele fez um carinho no rosto dela e ambos se sentaram para conversar. Seokjin narrou tudo o que ficou sabendo pela Professora Lee e Fernanda compreendeu porque Hae a chamou de mãe diante do coleguinha que o importunou.

"Coitadinho... ele estava passando por isso sem nos contar nada..." - ela disse chateada.

"Sim... mas agora eu quero saber como você tá se sentindo sobre esse lugar que ele quer que você ocupe na vida dele..."

"Seokjin... eu confesso que fui pega de surpresa... eu tenho medo dele "esquecer" da própria mãe... mas, ao mesmo tempo, eu amo tanto o Hae que realmente me sinto um pouco mãe dele..."

"Querida, se te incomoda que ele te chame de mãe, nós podemos conversar com ele e determinar os limites..."

"Não! De forma alguma... lembra que uma vez eu disse que, para mim, era difícil pensar a maternidade da forma como é posta, como uma imposição social? A ideia de ter que gerar alguém na minha barriga me causa um incômodo enorme. Mas ser uma segunda mãe para o Hae, não... não me incomoda de verdade..."

"Eu te amo tanto!" - os dois se beijaram, mas logo se separaram ao serem chamados para ficarem com Hae para a imobilização do braço.

Mais tarde, já em casa, todos tomaram um bom banho, jantaram e descansaram. Pouco antes de dormir, Seokjin e Fernanda se deitaram na cama junto com Hae e começaram a conversar com ele sobre tudo o que ocorreu durante o dia. O pequeno destacou que não estava chamando Fernanda de mãe para parecer que tinha mãe diante dos colegas. Ele realmente entendia que ela era como uma mãe para ele. Aquela declaração emocionou a brasileira, que o abraçou com cuidado e o beijou no rosto, dizendo:

"Eu sou sim a sua segunda mãe! Você é tão especial que ganhou duas mães, olha só!!" - o menino sorriu para ela. Ambos eram observados atentamente por Seokjin. A brasileira, então, continuou: "Mas eu quero que você me prometa que vai manter a Nari no seu coraçãozinho... Na verdade, você tem que colocar na sua cabecinha que você tem duas mães..."

Ele concordou com cara de pãozinho e Fernanda sorriu. Ela se retirou e foi para o quarto, ao mesmo tempo que Seokjin terminava de colocar a sua miniatura para dormir. Pouco tempo depois, com Hae dormindo como um anjinho, seu pai foi para o quarto e encontrou Fernanda lendo na cama. Ele parou aos pés da cama, sorriu e disse baixinho:

"Eu não sei por que... mas ver o Hae te chamando de mãe me deu um tesão que eu não estou aguentando..."

"Você não precisa de motivo para ficar assim, Jinnie... Pára de usar o seu filho como desculpa..." - ela o olhou por cima dos óculos.

Seokjin não respondeu e se enfiou debaixo do edredom. Foi subindo e beijando as pernas da brasileira que sorriu com aquilo. Ela levantou o edredom e encontrou o coreano beijando suas coxas.

"Seokjin! Amanhã a gente tem que trabalhar... toda essa movimentação de hoje me deixou cansada, você também deve estar... vamos dormir, vamos?"

"Você já deu atenção para o filho... agora é a vez do papai..."

"Depois de tanta tensão, eu não sei se consigo relaxar pra cuidar de você do jeito que você quer..."

"Não precisa se preocupar... Eu sei de um método infalível para deixar a mamãe bem relaxada... Pode deixar que eu cuido de tudo..." - ele disse puxando Fernanda para que ela ficasse mais reclinada, enquanto retirava a calcinha dela.


Ai papai...

::: 24 de outubro de 2024

Só uma noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora