Só uma noite

47 - Agora você quer conversar?

Nos dias que se seguiram, Fernanda e Seokjin só se desgrudaram para não atrair a atenção de Hae. Diante dele, eram apenas bons amigos. Quando estavam a sós eram parceiros, enamorados e amantes. Apesar de estarem tristes com a partida dela no dia 20, ao mesmo tempo, estavam esperançosos com tudo o que viria a partir disso.

A brasileira sentia o coração se agitar só de pensar que se separaria e ficaria livre para viver sua vida. Ela já estava pensando em pedir uma licença não remunerada na Universidade onde trabalhava e voltar o mais rápido possível para Seul. Com algumas economias que tinha, poderia se manter por um mês ou dois e tentar encontrar um emprego.

Mas antes disso, estava preocupada com algo muito importante: comprar uma caixa de chocolates bem linda e gostosa para Seokjin. O dia 14 de fevereiro estava chegando e nessa data na Coreia, o dia dos namorados é comemorado com as mulheres presenteando seus namorados ou pretendentes.

No dia 12, de manhã, ela saiu cedo a procura de algo legal para surpreender ele. Com a tarefa cumprida, na hora do almoço Fernanda recebeu uma mensagem: era o homem mais lindo do mundo a chamando para comer no restaurante perto do prédio. Ela escondeu a caixa dentro da mochila que usava e foi encontrá-lo.

Almoçaram juntos e seguiram de mãos dadas para o prédio. Ela tinha que pegar algumas coisas para dar aula e ele a levaria na Universidade, seguindo depois para o restaurante. Quando chegaram no Hall, apertaram o botão do elevador e aguardaram. Seokjin abraçou Fernanda e lhe deu um beijo. Ambos se assustaram com um estrondo da porta que dava para as escadas. Logo viram um morador sair de lá. O homem passou por eles e pediu desculpas. Disse que a porta estava agarrando.

Todos se cumprimentaram cordialmente e o homem se dirigiu para a grande porta do hall do prédio. Os dois continuaram alheios, se beijando, trocando carícias e olhares apaixonados enquanto esperavam o elevador. De repente, ouviram um grito horrível vindo da entrada principal.

"Eu sabia que você estava nos traindo!!" - Nari berrou de mãos dadas com Hae que não escondia o misto de espanto e alegria que sentiu com o que tinha acabado de ver.

Seokjin tinha esquecido de que levaria Hae no colégio e que Nari traria ele depois do almoço. O homem que passou pelos dois no hall, tinha segurado a porta para mãe e filho que chegavam. Seokjin ficou sem reação diante da cena de Nari, ainda mais que seu filho estava presente. Ela não parou e continuou gritando, agora olhando para Hae.

"Você tá vendo, Donghae! Seu pai te abandonou! Ele prefere essa vagabunda a você." - Ela vociferava segurando ele pelo bracinho. Hae ficou claramente assustado com a reação da mãe e começou a chorar. Fernanda balançava a cabeça negativamente, com o coração apertado por ver o pequeno com tanto medo.

"Está feliz agora Seokjin! Olha o que você fez com o seu filho!!"

"Nari, ele só está assim porque você está assustando ele... Vamos conversar com calma, por favor... Hae, eu te amo mais que tudo! Jamais te abandonaria, fique calmo, por favor!" - Seokjin falou baixo, tentando acalmar o filho que chorava muito.

"Agora você quer conversar comigo? Pois saiba que você não vai colocar os olhos no Donghae enquanto estiver com essa vagabunda. Você escolhe: ou ela, ou seu filho!!" - ela saiu batendo a grande porta. O barulho do atrito do metal e do vidro pareceu ensurdecedor para os dois que ficaram.

A mulher raivosa foi arrastando Hae que gritava pelo pai. Seokjin correu até a porta e no nervosismo demorou para abri-la. Quando finalmente conseguiu, ela já tinha pego um táxi e partido com a criança. Fernanda abraçou Seokjin chorando. Se sentia muito culpada por aquilo. Ele ainda estava nervoso, pensando na forma como seu filho chorava a cada coisa que aquela cobra dizia.

"Não chora Fernanda. Vai ficar tudo bem! Ela provavelmente foi para a casa da minha mãe." - ele tentou tranquilizar a brasileira.

"Vamos atrás!! Pelo amor de Deus, Seokjin. O Hae não pode ficar com ela!!" - Fernanda estava descontrolada pensando no pequeno.

"Melhor não. Dependendo do que a Nari disser lá, a conversa vai ser bem difícil com a minha mãe. Quero te poupar disso. Vamos fazer assim: você vai trabalhar e eu vou fazer algumas ligações. Taehyung e meu pai vão me ajudar." - Fernanda fez como ele disse, mas não teve um minuto de sossego no trabalho. Só pensava na carinha do Hae chorando.

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Quando eu digo que alegria de pobre dura pouco... Que papelão, hein Nari?

::: 18 de julho de 2024