Só uma noite

59 - O esquisito na área

Nari e Hae tinham retornado para casa na quarta-feira, como combinado com Jihoon. Já era sexta-feira e tudo seguia tranquilo: sem nenhum encontro com ninguém da família Kim, nenhuma briga ou discussão. A mulher estava tomando seu café da manhã, curtindo a sensação de medo que causava naquela família. Pensou que a melhor coisa que fez foi conseguir engravidar de Donghae. Ela sabia que cedo ou tarde ele seria o meio de conseguir tudo o que mais queria dos Kim.

No entanto, seu momento de autocongratulação foi interrompido pela campainha. Ela achou estranho, pois não esperava ninguém e olhou pelo olho mágico, na expectativa de que fosse Seokjin. Contudo, não tinha ninguém lá fora. A mulher achou estranho. Abriu para verificar e não encontrou quem tanto queria. Em seu lugar, ela encontrou o "esquisito".

Desde que começou a conviver com os Kim, com mais ou menos 12 anos, Nari era maldosa com Taehyung. Como eles regulavam na idade, frequentaram a mesma escola e ainda que fosse um ano mais nova, ela sempre adorou praticar bullying com ele. Achava a personalidade dele muito estranha e fazer comentários para expor isso e machucá-lo era um de seus passatempos preferidos. O outro era secar o irmão mais velho do "esquisito".

Taehyung nunca deu muita importância para aquilo, mas sabia que Nari era uma péssima pessoa. Quando aconteceu dela engravidar do seu irmão, ele tinha certeza de que havia algo errado naquela história. Desde o começo, foi o único que se manifestou a favor de Seokjin. O tempo passou e as coisas não mudaram entre eles. Parada ali na porta, ela olhava com desprezo para o rapaz.

"O que você veio fazer aqui?" - ela disse, com ar de superioridade.

"Eu queria muito ver o Hae. Estou com muita saudade..." - ele respondeu em um tom subserviente.

"Eu já disse que ele está indisposto. Só vai ficar melhor depois que o seu irmão vier ter aquela conversinha comigo..." - ela sorriu maliciosamente.

"Nari, por favor... só me deixa ver ele..." - Taehyung estava com os olhos marejados e isso não era atuação. Ele realmente estava morrendo de saudade do sobrinho.

"Tá bom, mas é só ver rapidinho. Não pense que o meu coração se amolece com essas lágrimas. Eu não me esqueço de todas as vezes que você e seus amigos me maltrataram, mesmo eu sendo a mãe do Donghae e futura esposa do seu irmão mais velho." - ela se virou e foi buscar o menino.

O estômago de Taehyung embrulhava só de ouvir Nari falar daquele jeito. Mas se manteve firme. De repente, ela apareceu no corredor com o menino. O pequeno tentou se soltar dela, mas, ela o segurou pelas alças do macacão que ele estava usando, mantendo distância entre os dois. Com as mãozinhas na altura da barriga, o garotinho usou discretamente a linguagem de sinais para dizer duas coisas:

"Eu estou bem. Quero meu appa."

Ajoelhado no chão, Taehyung chorou ao ver o menino se comunicando com ele. A mulher, alheia, sentia prazer em ver o que achava que era sofrimento. Ele perguntou em voz alta se o menino estava bem, para disfarçar e o pequeno assentiu com a cabeça. O pequeno não falou nada, pois estava com medo. Ela, então, empurrou a criança para dentro do quarto, trancou a porta e voltou para perto do rapaz, suspirando.

"É isso... Para ter mais vai ter que ter uma aliança bem bonita nesse dedo aqui..."- ela mostrou o dedo anelar da mão esquerda. "E pode lembrar o seu irmão que eu não gosto de miséria."

"Nari, você sabe que não pode fazer isso... você não pode nos impedir de ver o Hae... isso é uma chantagem... você está usando seu filho... como você acha que a minha mãe reagiria se soubesse disso?" - ali começava a atuação de Taehyung para fazer Nari explodir.

"Eu posso tudo!!" - ela gritou e Taehyung se assustou com aquela reação. "E se eu não quiser, quem vai me obrigar a deixar o Hae conviver com a sua família normalmente? Você?" - Ela se sentou no sofá olhando de forma desafiadora para o rapaz e continuou: "Você vai contar pra mamãe? Que iludido você é TaeTae... Se eu chegar lá falando qualquer coisa que te desminta, você acha que ela vai acreditar em quem? Na mãe do Donghae ou no filho esquisito que ela botou no mundo?"