69 - Briga na escola [EXTRAS]

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A proposta de casamento surpreendeu zero pessoas na família Kim. Todo mundo já sabia o que ia acontecer. Por isso, naquele dia, Hae estava ansioso, Tae mal conversou com Fernanda no trabalho e Minsuk se ofereceu para ficar com o neto depois da escola. A brasileira achou tudo aquilo uma formação de quadrilha, mas adorou saber que a família toda queria o casamento tanto quanto eles dois queriam.

Seokjin não estava disposto a esperar nenhum segundo a mais. Por ele, se casariam naquela semana mesmo, mas era preciso esperar até que o processo do divórcio de Fernanda estivesse finalizado, o que aconteceria em meados de maio. Por um lado, esse tempo seria bom, pois a brasileira precisava de algum tempo para organizar uma cerimônia simples e, principalmente, verificar se seria possível a vinda de alguns membros de sua família e alguns amigos. Por isso, marcaram para meados de julho e começaram os preparativos. Nem é necessário comentar como Minsuk assumiu ardorosamente a tarefa de ajudar Fernanda em cada detalhe da organização, assim como Seokjin e Namjoon passaram a se dedicar à organização do cardápio e dos serviços durante a festa.

No entanto, no final de junho, poucos dias antes de Hae entrar de férias, o foco do casal deixou de ser o tão esperado casamento. Fernanda estava trabalhando tranquilamente no Museu, quando seu telefone tocou. Era da escola do pequeno. Do outro lado da linha, a Professora Lee explicou que Donghae se desentendeu com um coleguinha e que, ao brigarem fisicamente, Hae caiu de mau jeito e, aparentemente, tinha quebrado o braço.

Elas ligaram para Seokjin mas ele não tinha atendido e era necessário algum responsável para acompanhar o garotinho no hospital pois, inclusive, elas já tinham chamado uma ambulância. Como o pai do garoto tinha colocado ela como segundo nome da lista de emergências, Fernanda imediatamente se prontificou a cuidar da situação e obteve autorização de Taehyung para sair do trabalho.

Pouco depois que a professora desligou o telefone, Seokjin ligou e se inteirou de tudo o que houve. Como estava com o carro e se encontrava mais perto do local, chegou em quase cinco minutos. Entrou agitado na escola e foi encaminhado para a enfermaria. Assim que chegou no local, viu através do vidro, um recinto onde, em um canto, um outro garotinho com cara amarrada, aguardava com machucados no rosto e nos joelhos. Hae estava deitado sobre uma pequena maca de frente para a porta. O pequeno começou a chorar muito ao ver seu pai. Não era só a dor que sentia no braço, ele estava com medo da reação de Seokjin em relação à briga que se envolveu. No entanto, o mais velho pareceu não se importar com isso e estava realmente muito preocupado com o braço quebrado do pequeno:

"Meu filho! Não chora, papai tá aqui! Fica calmo, meu amor! A gente vai resolver isso, tá?" - ele se agachou ao lado da maca e acariciou a cabecinha do filho, limpando as lágrimas que vertiam dos olhinhos dele.

O menino chorava sem parar e a enfermeira perguntou se poderia colocar uma tala para proteger o ferimento até que a ambulância chegasse. O mais velho permitiu e ao mesmo tempo que a moça trabalhava, a professora o chamou para conversar discretamente em um outro ponto da enfermaria.

"Senhor Kim? Eu sou a Professora Lee... Nós nos falamos agora a pouco pelo telefone... Eu queria contar para o senhor o que houve e comentar uma situação que vem acontecendo com o seu filho, desde o final março..."

"Sim!" - ele demonstrou total interesse em entender o que estava acontecendo.

"Senhor Kim, nós íamos mesmo chamá-lo para conversar sobre o Donghae... já faz algum tempo que estamos acompanhando uma situação que envolve o seu filho e outros dois alunos..." - Seokjin ouvia com atenção a explicação da professora, enquanto ela prosseguia. "Desde que o senhor assumiu definitivamente a guarda do Donghae, todos notaram como a mãe dele não vem mais aqui... o senhor é conhecido e, obviamente as notícias circulam, ainda que parcialmente. O fato é que em maio nós tivemos aquele evento do dia dos pais e das mães...

"Sim... eu estava presente..."

"Sim... acontece que, por engano, nós mandamos mensagem para a mãe do Donghae também..."

"Isso não podia acontecer! Vocês sabem muito bem que ela tem uma ordem de restrição... só pode se aproximar dele em momentos específicos e com acompanhamento..."

"Sim... eu peço muitas desculpas por isso... Foi um erro do nosso sistema e já corrigimos isso... Acontece que o Donghae ouviu a professora comentando comigo que vocês dois tinham sido convidados e comentou diante da turma, chamando a atenção das crianças para isso... parece que ele agiu para mostrar aos colegas que seus pais estariam aqui, pois alguns comentários já deviam estar circulando..."

"Que comentários?"

"De que ele foi abandonado pela mãe..." - Seokjin ficou em silêncio, chocado. Depois de um tempo, ele disse:

"Entendi... eu vim sozinho, pois a Fernanda estava trabalhando naquele horário... Felizmente a Nari teve noção e não veio... Mas naquele dia, tudo me pareceu normal... ele não parecia estar triste pelo fato de só eu ter comparecido..."

"Eu também acho que não... eu acho que o problema se agravou depois... o fato de a mãe dele não ter comparecido, chamou mais a atenção desses dois outros garotos... Desde então, têm sido frequentes os atritos entre os três... nós averiguamos e descobrimos que esses meninos vem importunando o seu filho, de fato, afirmando que ele foi abandonado pela mãe..."

"Que coisa horrível! Por que essas crianças estão fazendo isso com o Hae... ele nunca importunou ninguém... é a criança mais doce e amável que eu já conheci..." - Seokjin falou chocado com todas aquelas informações.

"Sabe... às vezes as crianças podem ser muito cruéis umas com as outras..."

"Olha... nós percebemos mesmo que tem sido frequente ele pedir para não vir para a escola, sendo que sempre amou este lugar..."

"Pois é... Nós convocamos os pais dos outros dois garotinhos para uma reunião... Vamos conversar firmemente com eles sobre a necessidade de parar com essa importunação e vamos trabalhar para que a escola volte a ser um bom lugar para o seu filho... Mas o que chamou muito a nossa atenção hoje, foi quando não conseguimos falar com o senhor, agora a pouco, o Donghae pediu chorando que nós ligássemos para a mãe dele..." - aquilo atingiu Seokjin como uma facada. Depois de tudo o que Nari havia feito e todo o esforço dele para dar amor e carinho para Hae, não era possível que pequeno sentisse falta da mãe daquela forma. Ele praticamente balbuciou:

"Mas vocês não fizeram isso, certo?"

"Não senhor... atendendo às suas instruções ligamos para o senhor e para o segundo número da listagem, o da sua namorada..."

"Ela é a minha noiva..."

"Ah, claro! Ela me pareceu ser bem atenciosa..."

"A Fernanda é sim... Bom, sobre o Hae, ele está sendo acompanhado por uma psicóloga... Vou conversar com ela sobre a situação e verificar como podemos ajudar o meu filho a lidar com isso tudo..."

"Ótimo, conte conosco! O senhor poderia assinar uns papéis sobre os primeiros socorros que prestamos e sobre o acompanhamento do Donghae ao hospital, por favor?"


"Claro!" - Seokjin se sentou diante de uma mesa que havia por perto e começou a ler o conteúdo dos documentos para em seguida assiná-los.


Tadinho do Hae...

::: 17 de outubro de 2024

Só uma noiteOnde histórias criam vida. Descubra agora