38 - Como colocar as coisas em ordem depois da passagem de um furacão

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Seokjin foi até seu antigo quarto. Ele precisava de silêncio para poder pensar sobre o que viu. Ao mesmo tempo, era muito difícil encontrar palavras para classificar o que sentia e começou a refletir sobre como seu filho era a coisa mais preciosa em sua vida. A forma como o menino declarou com tanta facilidade seu apreço e amizade por Fernanda foi algo que mexeu profundamente com o mais velho. Mas mexeu com o que já estava de alguma forma estranho em torno da figura da brasileira. Outra pessoa que lhe conduzia para sentimentos difíceis de descrever com palavras.

"Sozinho, meu filho? O que houve?" - seu pai entrou no quarto interrompendo seu fluxo de pensamentos.

"Eu precisei ficar sozinho um pouco... a minha cabeça está muito ruidosa ultimamente."

"Tem a ver com essa moça que o seu irmão trouxe para o almoço?" - Seokjin ficou em silêncio diante de seu pai. Era realmente muito difícil esconder algo dele. "Eu vi como vocês se olham meu filho. Você gosta dela?"

"Eu não sei bem o que sinto por ela appa..."

"Ela sente algo por você. Eu percebi. Mas ela é uma mulher casada, Seokjin... vocês já conversaram sobre isso?"

Seokjin suspirou e relatou um pouco da vida dela no Brasil com o marido. Falou da montanha russa de emoções que eram eles dois juntos, principalmente porque Hae também demonstrava gostar muito de Fernanda. Jihoon viu claramente o que ainda não estava evidente para Seokjin. Mas decidiu dizer apenas o necessário.

"Meu filho... O certo é essa moça resolver a situação com o marido dela. Depois disso, vocês podem começar uma conversa. Eu acho muito difícil que haja algo entre vocês com ela lá no Brasil e você aqui. Mas, quando os problemas são grandes, o melhor a fazer é trabalhar pelas partes dele e não tentar resolver tudo de uma vez... Eu só não quero que você sofra com tudo isso..."

Seokjin ouviu atentamente seu pai e em resposta apenas o abraçou. Aquilo era o que ele precisava ouvir. Era incrível como seu pai era sempre a pessoa certa dizendo a coisa certa no momento certo. Ele queria muito ser assim para Donghae. Quando ia falar algo foi interrompido pela voz de Nari, o chamando e disse rápido ao pai:

"Por favor, não comente nada disso com ninguém! Principalmente com a minha mãe ou Nari..." - O pai confirmou e se virou para ver a mulher surgir na porta.

"Oiii! Você sumiu!!" - Ela chegou toda serelepe.

"Eu queria ter a capacidade de sumir mesmo. Talvez assim, você me deixasse em paz..." - Seokjin soltou essa e saiu do quarto. Nari olhou para Jihoon e disse:

"Tá vendo como ele me trata?? A mãe do filho dele!!"

"Tô..." - o senhor disse tranquilamente. "Mas, antes de ser a mãe do filho dele, você é só uma mulher que não larga do pé dele... Talvez, se você simplesmente fosse viver a sua vida e deixasse ele viver a dele... talvez... ele não precisaria ser rude com você... pensa sobre isso..." - Jihoon foi até a porta e fez sinal para que a mulher saísse do quarto. Ela passou por ele e fez uma careta, achando que Jihoon era a pessoa errada, falando a coisa errada no momento errado.

Quando os dois chegaram na sala, Fernanda estava se despedindo. Tae combinou de levá-la embora. Mas ele não a levaria para casa. Apenas disse que precisava passar em seu apartamento antes disso e assim o fizeram. Jonnie, sua namorada e Seokjin partiram em seguida. O mais velho deu carona para os dois, zoando o irmão por ele ainda não ter carteira de direção. Hae quis ficar mais um pouco e Nari aproveitou o momento para começar seu movimento de discórdia, visando Minsuk, seu alvo preferido:

"Eu não acho certo uma mulher casada se comportar como essa Fernanda faz..." - Hae observou e discordou em silêncio de sua mãe. Minsuk não expressou nenhuma reação e Jihoon, que nunca gostou muito de Nari, apenas disse:

"Ela é uma boa moça, Nari. Gostei muito dela... Bonita, inteligente, agradável, trabalhadora... Eu ficaria muito feliz se um dos meus filhos aparecesse aqui com uma mulher assim."

"Pena que ela é casada..." - Nari respondeu maliciosamente.

"Isso é verdade. Mas felizmente para esses casos, existe uma coisa chamada divórcio." - Jihoon não deixou por menos.

"A família aceitaria uma mulher divorciada??" - Nari disse, chocada.

"A minha família aceita muitas coisas... Sempre no sentido da felicidade dos nossos filhos, que são a nossa prioridade. Acrescento nessa lista apenas o nosso neto querido... Fora, que não haveria problema nenhum, desde que a situação dela estivesse resolvida judicialmente." - O mais velho respondeu calmamente e saiu da sala.

Nari sabia que, ao dizer que a família aceitava muitas coisas, Jihoon se referia à situação dela com Seokjin. Quando ela apareceu grávida foi um verdadeiro caos. No entanto, diante da manifestação raivosa de Seokjin, quando Minsuk queria obrigar ele a se casar para assumir o filho, seu pai interveio e convenceu a mulher de que aquilo faria o filho mais velho deles muito infeliz. Minsuk aceitou, mas nunca concordou, pois achava que uma criança deveria ser criada por pai e mãe como uma família, vivendo na mesma casa. E era aí que Nari se apegava.

Quando ia continuar o veneno, dessa vez somente com Minsuk, Hae se jogou no colo da avó e pediu todo manhoso para comer pipoca. Todos já sabem: quando Donghae quer, vovó faz. A senhora abraçou o menino e disse:

"Nari, você não quer deixar o Hae aqui comigo para passar o fim de semana? Eu vou adorar encher esse pequeno de beijos, assistir um filme juntinho e comer muitas coisas gostosas..."

Nari até pensou em recusar a proposta, mas Hae começou a pular e gritar que queria muito aquilo tudo. Que ela obviamente não iria dar... Só lhe restou deixar. Era algo que ela até gostava quando acontecia, pois assim, se sentia livre.


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A Nari já aproveitou pra soltar o veneninho, não é? Ninguém merece!!


::: 18 de junho de 2024

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