Treze de março, domingo.
🦊Mayle Connelly🦊
∆
O agudo caco de vidro cravou-se em meu pé, e cada passo, uma dor pulsante. Angústia apertava meu peito, lágrimas se acumulavam nos cantos dos meus olhos. O receio dela descobrir que quebrei a xícara que seu marido deu-lhe de presente.
Implorava silenciosamente por ajuda.
Em desespero, corri, ignorando a dor intensa, em direção à porta da cozinha. Agarrei a vassoura, esquecida na quina, e retornei rapidamente. Com cuidado extremo, varri o chão, ansiosa para não fazer qualquer ruído. Ao encarar um fragmento de vidro, deparei-me com o rosto de Roger, meu padrasto. aquela parte deveria estar irremediavelmente despedaçada.
Juntei tudo e, quando ia começar a andar para pegar a pá, ouvi passos vindo em minha direção. Minha respiração disparou, meu peito se apertou; os passos são dela, minha mãe, a mulher que vai me matar se ver isso.
— Mayle, o que diabos você acha que está fazendo? — sua voz, ligeiramente rouca, ressoou pela cozinha. — De onde vêm esses cacos? — inquiriu, erguendo um lado do nariz.
Ela sempre faz isso.
Lentamente, virei-me, encarando os olhos azuis penetrantes dela, que me estudavam como se eu fosse carne fresca.
Engoli em seco, arrumando os cabelos atrás da orelha.
— Mãe, eu... — uma pausa, engolindo novamente, minha garganta seca. — Eu acidentalmente quebrei uma xícara sua, mas foi um acidente, eu juro — Meu olhar caiu para meus pés, ardendo e pegajosos de sangue.
Ela andou até onde estavam os cacos que eu tinha juntado, eu segui ela com os olhos vendo a merda da cara do Roger estampada virada para cima.
Me ferrei.
— Quebrou minha xícara favorita? — Seu olhar cravou-se em mim, a voz adquirindo uma sombria intensidade. — Fale, garota!
— Foi um acidente. Peguei o outro copo e ele escapou, caiu, eu... — Recuei, inclinando a cabeça para trás, tentando impedir as lágrimas.
— MAYLE, JURO QUE...
— Deixa pra lá, linda. Fale logo o que precisa ser dito, eu compro outra — Roger interrompeu, exibindo um sorriso largo.
Seu rosto angular e expressivo, com maçãs do rosto bem definidas, me encaram. Seus olhos azuis são notáveis pela intensidade e expressividade. Sua postura mostra que é um cara sério, mas na verdade é insuportável. O corpo magro, que minha mãe tanto ama, me parece ridículo.
— Garota, você costumava ser mais esperta — observou minha mãe, a voz cortante. — O que está acontecendo? Está desatenta? Preste mais atenção a partir de agora, vai precisar.
Ela se moveu pelo balcão em direção à geladeira.
— Desculpa, mãe... — Meu queixo tremeu, ameaçando soltar um choro. Mas eu hesitei. Não iria chorar como uma criança. — Posso terminar de limpar e depois subir?
— Não. Deixe isso aí. Preciso conversar com você, então sente-se.
Ela se acomodou do outro lado do balcão, dando um gole na água.
Senti os cacos penetrando mais fundo no meu pé. A fisgada quase me arrancou um grito.
— Posso pelo menos lavar meu pé? Acho que me cortei. — Ergui o pé, surpresa com a quantidade de cacos alojados. — Parece que alguns entraram... está doendo.
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without reins
RomanceMayle é uma garota de 18 anos que viveu presa dentro de uma casa com sua mãe e seu padrasto. Por pura ignorância de sua mãe, ela foi mandada para a casa do seu pai, onde há cavalos e florestas sombrias que todos têm medo. Mas o único que conhece tud...