capítulo 13

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Mayle Connelly.

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Eu, Matteo e Anika íamos passar reto por Aurora.

A loira nos encarava com olhos penetrantes, como se fôssemos presas em sua mira faminta. Não tenho nada contra ela, mas a partir do momento em que começar a tecer teias de mentiras para minha família, estarei de olho. Matteo nutre uma aversão inexplicável por ela, Anika parece descontente pelo fato de ter revelado à Victoria nossa ausência na cavalgada.

Matteo e Anika mantinham a postura altiva, como se estivessem prontos para enfrentá-la. Desconhecia os detalhes de suas conversas durante meus dias ausentes, mas algo indicava que tramavam algo para desmascará-la.

Enquanto íamos passar por ela, a loira se colocou  no caminho. Ela Vestia o uniforme do haras, com os cabelos presos em um rabo de cavalo baixo, um leve traço de lápis destacando seus olhos, e uma atitude arrogante estampada na testa.

— Já não está cansado de mentir, Matteo? — esbravejou a loira, impondo-se com autoridade.

— E você não se cansa de semear intrigas? — retrucou Anika, visivelmente mal-humorada.

— Não defenda ele, Anika. Sua mãe não aprovaria sua associação com pessoas de má índole — Os olhos de Aurora fixaram-se em Matteo.

— Ei, loira do banheiro, que tal assombrar alguma criança com sua cara assustadora? — provocou Matteo, exasperado.

— Será melhor parar de me chamar assim, ou contarei para sua mamãe. E ela não hesitará em te fazer molhar as calças após uma boa surra — fez uma pausa teatral, como se estivesse planejando. — Ou quem sabe, ela te deixará de castigo como um bebê até implorar ajuda para a vovó — suas palavras ecoaram com raiva, como se estivesse se vingando de algum segredo.

A dor de Matteo é palpável. Observo suas mãos cerradas, dedos pressionando a própria carne como se buscasse alívio físico. Ele dá um passo à frente, incerto se irá confrontá-la ou simplesmente escapar da situação. Antes que a raiva o impulsione a agir, Anika se coloca em sua defesa.

Aurora fica satisfeita por tê-lo tirado do sério.

— Juro que vou enfiar essa boca sua em um vaso se não calar essa maldita boca! — murmura Matteo entre dentes.

— Você não pode fazer nada, é um homem — ela sorri com desdém.

— Ele não pode, mas eu posso! — Anika intercede. — Sua mãe ficará desapontada ao saber que você não pode mais saltar porque não controla seu próprio cavalo — Anika inclina a cabeça levemente, deixando Aurora engolindo em seco. — Algum problema? A futura amazona não sabe saltar? — Anika adota uma voz chorosa.

— Nem pense nisso! Eu e meu cavalo estamos sob controle — A respiração de Aurora se acelera.

— Veremos. Direi a ela que você falsifica notas e pede a Lydia para fazer suas tarefas porque é uma loira burra — Anika, normalmente calma, parece tremer de raiva.

Aurora me encara com ousadia, mas logo se afasta, batendo o pé enquanto se afasta de nós. Só quando ela está fora de alcance, Anika vira-se para Matteo com rapidez e o abraça.

— Sinto muito por isso, Matteo — ela sussurra, intensificando o abraço. — Você sabe que ela não diz essas coisas para mais ninguém e, se disse a você, sabe o que Lydia fará com ela.

Eu permaneço como uma estátua, não por medo, mas refletindo sobre o que Aurora disse a respeito da mãe de Matteo. As palavras dela são cruéis. Como uma garota pode ser tão implacável?

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