capítulo 03

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Mayle Connelly.

∆∆


As vacas têm melhores amigas. 

É legal pensar nisso e a coisa mais maravilhosa é observá-las. Elas brincam, correm, se mordem e os bezerros mamam nas vacas, e às vezes montam um ao outros. Eu podia ficar aqui o dia todo. 

Sinto muito por Anika, ela teve que ir até a cidade com meu pai, e Victoria, eu optei por fingir que estava cansada por passar o dia todo treinando, por mais que não seja mentira, até porque eu realmente fui obrigada a treinar até não aguentar mais. Luzia cravou-se em mim e não me deixou em paz até que eu estivesse montando bem, é injusto, eu acabei de chegar. 

Não vou mentir, eu tô gostando de montar sozinha, porque não vejo a hora de sair por aí e correr nesses campos.

Meu celular desperta com uma vibração no bolso, deslizo ele para fora e vejo o nome da minha mãe na tela. Suspiro antes de atender, preparando-me para suas críticas.

— Alô, mãe? — Minha voz é acompanhada por alguns ruídos enquanto me apoio na cerca.

— Mayle, por que não inicia logo a faculdade? Além de ter sido passada para frente e poder terminar mais rápido, você fica enrolando — Sua voz áspera ressoa em meus ouvidos.

Ah, claro, meu pai tinha que se intrometer. Mas, pelo amor de Deus, cadê o "Oi, estou com saudades"? Ela simplesmente quer uma filha para se vangloriar com as amigas.

— Bênção, mãe. Eu só vou dar um tempo. — Murmuro suavemente, escondendo a dor e a saudade de ouvir sua voz. 

— Deus abençoe…. — Ela fala com alguém do outro lado da linha, rindo como uma hiena descontrolada, e depois volta a falar: — Você precisa voltar para a faculdade, florzinha. — Sua voz fica suave.

Deus, posso esperar. Fui adiantada um ano, então já faz tempo desde o ensino médio. Fui obrigada a estudar até de madrugada para agradá-la. Não custa ficar um ano à toa.

— Eu vou voltar, mãe. Feliz agora? — O tédio em minha voz é evidente. — É só isso? posso desligar? 

Prefiro olhar para as vacas do que falar com você, mãe.

— Não. Como vai por aí? Está se divertindo?

— Bom, acabei de chegar, mas está legal.

— Hmm — murmurou ela, e novamente conversa com alguém do outro lado — Roger está pedindo para você se desculpar por não dar um abraço nele. — ela ri.

A raiva toma conta de mim. Até pelo telefone, ela fala sobre ele? Que droga! Por que não podia continuar conversando comigo como mãe e filha? Qual o problema dela?

Minha paciência se esgota. Não me importo mais se ela vai brigar comigo.

— Mãe? — chamo-a entre dentes.

— Sim, florzinha?

— Diga a ele para se ferrar. — Não espero ela dizer mais nada, apenas desligo o telefone.

Você ouviu? Ela te chamou de florzinha. Por que diabos desligou? 

Burra.
burra.

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