O Protegido do Inferno

prólogo

A noite estava quente. As luzes fortes da cidade e a fumaça dos carros não ajudavam muito.

Wang Yibo parou o carro no estacionamento exclusivo para clientes. Desceu do veículo e caminhou calmamente até a entrada do restaurante. Um letreiro enorme escrito em neon chamava bastante a atenção; — Demon's hot — sussurrou. soava melhor em sua mente.

Ele ignorou as mesas lotadas e os garçons que pareciam flutuar de um lado ao outro do grande salão, carregando bandejas, pratos e bebidas, organizando mais mesas, pegando mais cadeiras.

Foi diretamente até o bar, que estava consideravelmente mais vazio que o resto do local. Havia apenas um jovem mulher que provavelmente parecia mais jovem do que deveria ser para estar bebendo álcool — tequila, mais especificamente.

— Um Whisky, por favor. — pediu sem tirar os olhos da jovem.

Quando o copo contendo a bebida alaranjada foi posto em sua frente, o olhar daquela mulher pousou sobre si, e ela riu anasalada. Sem entender, o Wang desviou os olhos para o homem que o serviu.

"Puta merda..."

Uma visão de tirar o fôlego. Analisando-o de cima a baixo, sem qualquer pudor, Wang Yibo não perdeu nenhum detalhe; Cabelos em um corte estilo mullet, pretos e presos em um coque atrás da cabeça. Seu corpo magro e robusto bem moldado naquele colete cinza. Uma calça jeans preta que valorizava suas nádegas e coxas. Olhos azuis feito safiras e uma pequena pinta debaixo dos lábios avermelhados.

"Xiao Zhan." — também não deixou escapar o nome gravado no broche grudado em seu colete.

Assim que o Wang pegou o copo e o levou aos lábios, Xiao Zhan sorriu e voltou a fazer seja lá o que estava fazendo antes de servi-lo. E, caralho, que sorriso.

Seu plano inicial, era apenas uma noite fora de casa. Bebidas, e claro, encontrar alguém para transar pelo resto da noite. Ele encontrou tudo o que queria, o problema; como levar esse cara pra um hotel?

Bebendo a maior parte do líquido em um único gole, ele pousou o copo sobre o balcão gentilmente. Estendendo a mão para chamar o outro. Porém, para seu desgosto, dessa vez quem o atendeu foi uma mulher.

Ela era bonita também. Cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo alto e volumoso, olhos verdes e o mesmo uniforme de Xiao Zhan. Mas nada nela o interessava tanto quanto o outro.

— me traga a garrafa, por favor.

— claro. — Ela sorriu e buscou uma garrafa na chamativa estante atrás do balcão. — Aqui, senhor.

— obrigado, Senhorita. — sorriu de canto para a jovem, que corou um pouco.

Se serviu de mais duas doses, antes de buscar Xiao Zhan com o olhar. Ele estava de costas, servindo alguns caras que acabaram de chegar. Outros três jovens se sentaram junto da mulher, deviam ser seus amigos.

Achando falta de educação de sua parte, Wang Yibo desviou o olhar. Porém, algo ainda o incomodava. Se sentia um tanto exposto, como se fosse observado a todo instante. Riu anasalado diante dessa sensação.

Tomando mais uma dose, seguiu o moreno novamente, até que ele estivesse limpando algum canto do balcão com um pano úmido, enquanto movía os lábios, talvez cantarolando a música que tocava ao vivo no salão das mesas.

— Com licença. — chamou-o suavemente. Mas estendeu sua mão para a jovem de antes que pretendia atendê-lo novamente.

Xiao Zhan percebeu todos os olhares do sujeito sobre si, mas o que ele poderia fazer? Isso acontece com certa frequência, porém todos os homens, e até mesmo mulheres, não insistem. Apenas pagam a conta e saem sem dizer nada.

— Sim, Meu Senhor? — sorriu enquanto se aproximava.

— Me chamo Wang Yibo. É um prazer conhecê-lo. — Yibo estendeu a mão para o Bartender, e Xiao Zhan apenas sorriu um pouco mais.

Ao perceber que levara um vácuo, Yibo abaixou sua mão novamente e riu.

— Se não parecer muito rude, gostaria de perguntar a quanto tempo trabalha neste estabelecimento.

Xiao Zhan se surpreendeu com a pergunta repentina, mas respondeu educadamente, seu sorriso nunca deixando o rosto.

— É meu segundo dia aqui.

— Entendo. — Wang Yibo circulava seu dedo indicador pela borda do copo meio vazio.

— Se não precisar de mais nada, eu peço licença.

Ele ia se retirar, quando um suspiro vindo de seu cliente prendeu seus movimentos.

— Eu preciso de você. — A voz dele se tornara rouca e um tom mais áspero.

Wang Yibo não costumava usar suas...habilidades com muita frequência. Normalmente, os homens e mulheres com quem ele dormia eram atraídos apenas pelo seu corpo humano e seu carisma. Mas em certas situações, ele usava-os como uma saída diferente, uma espécie de valvula de escape até, ele diria.

Xiao Zhan sentia o calor em forma viva queimando em seu corpo, ele, e apenas ele podia ver a aura avermelhada que rodeava o Wang. Isso era o efeito causado em suas vítimas.

O desejo de pedir a sua superior que o liberasse mais cedo, para que ele pudesse seguir aquele homem até o hotel mais próximo — tirar suas roupas e ter a melhor noite de sua vida — o percorria.

Se virando, ele encarou no fundo dos olhos amendoados do cliente. Com um suspiro um tanto mais longo, ele sentiu o calor se esvair, e uma leve brisa o circulou. Com um novo sorriso, ainda mais doce, ele pediu novamente;

— Se não precisa de mais nada, eu peço licença. — Se retirou imediatamente do local, deixando um Wang extremamente confuso, e com um problema entre as pernas.

Wang Yibo se sentia indignado. Seus poderes podem estar a algum tempo parados, mas nunca enferrujados. Aquilo deveria ter funcionado.

Para ter certeza, de que não estava maluco, ele pagou a conta pela garrafa e pela dose anterior, sorrindo para uma garota qualquer na entrada do restaurante, e saindo com ela em direção ao seu carro.

Não foi o que ele tinha planejado, mas pelo menos havia transado com alguém hoje. Ele pagou pelo quarto do hotel, e saiu pela manhã, deixando a jovem ainda dormindo lá em cima.

No caminho para casa, ele estava ficando cada vez mais irritado. Seus poderes estavam intactos, então porque aquele cara não cedeu a eles? Merda.