Capítulo 21

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Sem tempo para se preocupar com suas costas, Xiao Zhan quase pulou dos braços de Yuchen, correndo para o andar de cima.

Adentrou o quarto de Wang Yibo, encontrando Meng Zi Yi ao lado da cama, reforçando um feitiço de alimentação sobre o corpo do irmão.

O arcanjo se agachou do outro lado, e assim que a garota terminou, Yuchen entregou o frasco com Seiva de fada. Xiao Zhan recuou, não querendo tocar em Yibo.

— Um de vocês fará isso. Eu não posso tocá-lo.

— Você vai tomar também. — Yuchen explicou. — Os dois precisam tomar para anular os efeitos da erva.

Compreendendo o uso do elemento, Xiao Zhan tomou o vidro da mão de Yuchen. Encarando-o e apertando-o contra seus dedos trêmulos, ele  abriu e tomou um gole da Seiva.

Sentiu algo queimar em seu âmago, e fervilhar até o esôfago, querendo voltar por sua garganta. Mas ele segurou o líquido e engoliu de uma vez, logo, fazendo com que o demônio adormecido tomasse também.

Meng já havia posicionado Yibo em uma posição confortável para que ele bebesse a Seiva, então Xiao Zhan apenas agarrou suas bochechas com uma mão, abrindo sua boca e despejando o líquido esverdeado lá dentro.

Seu estômago revirava-se pela tensão e pelo gosto detestável da Seiva, enquanto ele esperava impaciente e ansioso pelo resultado.

Em poucos segundos, uma fraca luz vermelha começou a brilhar em torno de seus corpos, pensou que fosse efeito do líquido, porém a cara de espanto de Yuchen o fez cair em si.

Algo havia dado errado no processo de despertar Yibo. Muito errado.

Seus olhos começavam a arder, e sua visão ficava cada vez mais borrada e distorcida. Logo, não estava mais na casa dos Sete, mas sim, em um lugar tenebroso.

Já não sabe se a definição de tenebroso não é algo que consiga distinguir agora. Um ambiente hostil, parecia não ter início e nem um fim. Tudo era revestido por cortinas pegajosas de sangue carmesim fervente, e o cheiro era de carniça.

Mas nada disso era pior do que a sensação angustiante que tomava conta do local. Uma sensação de agonia, impotência e medo constante o preenchia, como em uma cela de tortura.

O corpo de Yibo não estava ao seu lado como no quarto, e isso fez com que a sensação de desespero aumentasse ainda mais dentro de si.

Algo como um choramingo baixo chamou sua atenção, e ele tentou seguir de onde o som vinha. Sua surpresa foi intensa ao encontrar uma figura demoníaca e pequena, encolhida em um canto daquelas cortinas ensanguentadas, chorando como uma criatura indefesa.

O arcanjo se agachou diante da criatura, e quando o mesmo levantou o pequeno rosto, ficou claro que aquele era Yibo. Não o Yibo que conhece, mas um Yibo criança.

Uma versão do demônio com corpo e alma infantis. Seres sobrenaturais puros não têm infância. Mas possuem algo parecido. Sendo capazes de reproduzir físico e mental como o de uma criança humana. E aquela era literalmente a miniatura viva de um Yibo jovem.

Porém, ele não era o único. Haviam mais versões de Yibo em diferentes formas e idades, e em situações diferentes também. Através dessas figuras, quase sempre era possível vislumbrar o delineado de um sorriso pretencioso, que fora capaz de presenciar nos primeiros dias em que trombou no demônio.

Não demorou muito para que o moreno entendesse que estava rodeado por pequenos fragmentos da memória de Yibo.

Sua mente girava em confusão, e sua visão iniciava um borrão novamente, até que sua cabeça parou de girar e ele se encontrava paralisado diante de uma das cenas.

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