capítulo 1

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Wang Yibo se surpreendeu ao ver uma gata andando suavemente em cima do muro de sua casa. Não haviam muitos gatos naquela rua, mas muitos latidos quando alguma moto passava.

Quando ele passou pelo portão, a felina miou. Yibo a encarou com seriedade, antes de soltar uma risada, e voltar um passo para trás.

— Você quer que eu fale com você? — esticou sua mão para acariciar os pelos cinzas do animal.

A gatinha recebeu de bom grado, inclinando a cabeça levemente para aproveitar o carinho.

Já entrando em casa, ele suspirou ao encontrar Ji Li e Zhoucheng brigando no sofá por causa do novo vídeo-game que haviam comprado.

Ele apenas os ignorou, jogando seu casaco no cabideiro ao lado da porta. Foi em direção a cozinha, tudo que ele tinha no estômago era o Whisky de ontem a noite. E na cabeça, a imagem do moreno o torturava.

Não que eles precisassem comer algo, mas depois de tanto tempo vivendo como humanos, seus corpos já se acostumaram a vida rotineira e entediante.

— Se tá procurando o café, aqueles idiotas tomaram o último. — uma voz feminina se fez presente no ambiente.

Era Meng Zi Yi, a única mulher entre os sete demônios, e a única com alguma razão naquela casa. Ela tinha os braços cruzados e se apoiava no batente da porta da cozinha.

Ao ouvir um resmungo de Yibo, ela sorriu e descruzou os braços, jogando para ele um pacote de café novinho.

— o que seria de mim sem você, Zi. — Disse já colocando a água na máquina.

— Eu sei. — sorriu enquanto retirava um espelho-de-bolsa do bolso da jaqueta.

Meng estava arrumada. É claro, isso era normal, ela se arruma até mesmo para dormir. Porém, hoje ela caprichou.

Um cropped sem alças preto, com uma jaqueta de couro meio aberta por cima. Uma bota preta cano longo por cima de uma meia-calça fina e transparente, um shortinho jeans que mal cobria as coxas.

Ela fez hidratação no cabelo ontem. Os meninos foram obrigados a ouvir ela cantando 5 seconds enquanto esperava a máscara fazer efeito. Suas mechas escuras caindo pelas costas, destacando o batom vermelho em sua boca.

— Tá legal, quem é a gata?

— o que? — Perguntou de modo inocente.

— Então é um cara!!?? — Yibo mal terminou a frase e Meng fez um barulho de vômito.

— Credo! — Pegou uma maçã da fruteira e jogou no mais novo.

Wang Yibo riu enquanto mordia a maçã jogada.

— Não que seja da sua conta — Ela começou. — Mas eu marquei de sair com a nova vizinha. — Sorriu, se olhando pela segunda vez no espelho.

— Nova vizinha? — perguntou ainda mastigando um pedaço da maçã.

— Sim. Você não viu? Eles se mudaram tem uma semana, cara.

O Wang deu de ombros. Ele não costuma prestar muita atenção em quem não o interessa. E aquela casa estava vazia há tanto tempo, que ele achou mais fácil a ideia dela ser demolida.

— O nome dela é Xuan Lu — comentou enquanto suspirava com um sorriso besta no rosto. — Ela disse que tem um irmão.

— legal.

— credo. Eu vou embora, você não sabe apreciar a minha companhia. — Meng, bufou e saiu da cozinha, ainda ouvindo as risadas do mais novo.

Quando a luzinha vermelha acendeu na máquina, ele pôs uma xícara embaixo, despejando o líquido preto. A fumaça que subia era estranhamente atraente para ele.

Depois de beber quase todo o conteúdo em apenas três goles, ele voltou para sala, onde Ji Li babava no sofá e Zhoucheng fervilhava vendo o seu personagem do jogo morrer miseravelmente. Yibo riu da cara dele, quase apanhando por isso.

— Aí! — Haoxuan passou pela porta da frente, batendo-a com um baque e recebendo um olhar acusatório dos dois. — Vocês viram o carrão do filho da puta que estacionou aí na frente? Como eu queria um daqueles. — passou a língua pelos próprios lábios.

Zhoucheng e Yibo trocaram um olhar, antes de quase atropelar Haoxuan para sair de casa e ver o tal carro.

Uma Lamborghini prata, luxuosa e nem tanto discreta, se considerar que aquele era um bairro residencial. Um homem vestindo um sobretudo bege desceu do veículo, tapando sua visão do sol.

Zhoucheng mal percebeu quando seu queixo despencou de sua face, ao ver o homem. O ser mais belo que ele já havia presenciado, um verdadeiro pecado.

Porém, o cara pareceu não notá-los ali. Uma mulher saiu no quintal da casa ao lado, provavelmente a nova vizinha que Meng mencionara. Ela sorriu e abraçou o rapaz mais alto.

— Liu, que bom que veio!

— precisava vir, a-Lu. Você sabe. — piscou para ela, enquanto ria.

— Zhan está lá dentro, vamos!

Antes que eles pudessem entrar, um outro homem saiu de dentro da casa. Yibo o reconhecera imediatamente; o bartender.

— Oh, Haikuan! — Xiao Zhan também o abraçou. — É bom vê-lo outra vez. Já faz algum tempo.

— Sim, é sempre bom visitá-los. — Liu Haikuan acariciou a bochecha da garota e afagou os cabelos de Xiao Zhan. — o que desagradou Yibo.

— Quem é o gatinho? — Zhoucheng perguntou em um sussurro para os dois ao seu lado.

— Eu lá sei. Sei que eu quero aquele carro! — Haoxuan murmurou quase em um rosnado.

— Cala a boca vocês dois.

Yibo os puxou de volta para dentro antes que eles fossem vistos bisbilhotando. Pela janela, Haoxuan acompanhou sua irmã indo cumprimentar a vizinha.

Zi Yi foi educada com todos, antes de passar a mão em volta da cintura da outra e caminhar com ela até seu carro parado do outro lado da rua.

Xiao Zhan acenou uma última vez para a irmã, e sentiu um olhar sobre si. Se virando, apenas para encontrar três pares de olhos; um focado na Lamborghini de Haikuan, o outro no próprio Haikuan... E aquele mesmo par de olhos dourados cravados em si.

Ele sorriu para Yibo antes de abraçar seu amigo de lado e acompanhá-lo para dentro.

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