capítulo 4

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Abrindo a porta com um chute, Wang Yibo levou Xiao Zhan para dentro de sua casa.

Deitou o moreno no sofá da sala, e foi rapidamente atrás de algo para cuidar do ferimento. Se amaldiçoando mentalmente por terem rejeitado o mini-kit de primeiro socorros que oferecem nas farmácias.

Pegou uma blusa limpa, uma tigela de água gelada e uma garrafa de licor.

Xiao Zhan tinha os olhos cerrados e arfava baixo por conta da dor, suor escorria por seu rosto e seu corpo parecia estar em uma panela de água fervente.

Yibo retirou a blusa do outro com cuidado e jogou em qualquer canto, agora tendo melhor visão do estrago que aquela coisa causara.

Um corte curto e profundo no abdômen inferior direito era visível em meio ao sangue já meio seco em volta.

Pegou a blusa limpa e molhou na água, levando em direção ao ferimento, quando seu braço foi segurado fortemente.

Yibo se surpreendeu com a força do moreno que ainda se encontrava de olhos fechados.

- Não precisa... - Zhan sussurrou entredentes.

- Quando isso aqui estiver limpo, a gente conversa. - Yibo retirou o braço do outro e começou a passar o tecido suavemente ao redor da ferida.

Xiao apertou os lábios e os olhos ainda mais, se segurando para não empurrar o outro.

Quando conseguiu limpar todo o líquido seco, Yibo pegou a garrafa de licor ainda lacrada e abriu rapidamente. Despejando boa parte do líquido de uma vez no corte.

Xiao Zhan fincou suas unhas no sofá para aguentar a dor aguda que o preencheu quando a bebida tocou sua ferida.

Nesse momento, Wang Yibo tomou seus lábios em um beijo superficial, tentando prender a atenção do outro em outra coisa que não fosse a agonia.

Aos poucos, o moreno abriu os olhos, vendo a pele do outro se avermelhar diante de si. Não como ruborizar, mas tomar uma cor vibrante e quente a cada segundo.

Junto a isso, seus fios curtos levitavam lentamente, e em meio a eles algo crescia ao lado de sua cabeça.

Seus lábios se afrouxaram e ele sentiu a saliva de Yibo umidecendo-os.

Nesse momento, o estalo da porta da frente sendo aberta bruscamente por Haoxuan foi ouvido. O Wang os encarou irritado enquanto Xiao Zhan suspirava em frustração, recordando a dor aguda em seu abdômen.

- estamos atrapalhando? - Yubin perguntou em uma voz baixa, inocente.

Zhoucheng puxou o mais novo até a sala de jantar, e os outros os seguiram.

- Que porra rolou com o Bartender?

- Ele tinha uma adaga de prata enfiada no estômago.

- E você salvou ele com um beijo? Tá achando que é o príncipe encantado? - Zhoucheng empurrou-o pelos ombros.

- Pelo menos eu o salvei... - Yibo revidou, puxando o outro pela gola da camisa.

- Seu filho da...

- JÁ CHEGA! - Meng Zi Yi os apartou. - OS DOIS! Seus olhos cintilando de um roxo profundo, e seus longos fios negros flutuavam e realçavam suas orelhas pontiagudas.

Todos olharam para a sala, mas o moreno parecia ter pego no sono.

A mulher voltou ao normal, suspirando para se acalmar.

- Porque diabos tinha uma adaga de prata no estômago dele? - perguntou entredentes.

- Não pode ter sido só coincidência? - Tentou Ji Li.

- É isso que eu ia perguntar pra ele se vocês não tivessem atrapalhado.

O Wang perfurou Cheng com seu olhar. Quando ia avançar, foi Haoxuan interrompeu dessa vez.

- Você disse que o cara é amigo de um dos anjos, então não é tão estranho assim que ele tenha alguma relação com os metidinhos. - se referiu aos arcanjos.

- Verdade. Mas a prata, foi proposital ou só coincidência?

- Ele pode ser amigo de um anjo mas isso não significa que o tal anjo é aliado dos lá de cima.

- Aquele que esteve aqui no outro dia era Liu Haikuan. O anjo da empatia. Ele não é um dos "melhores amigos" dos arcanjos. - Yuchen resolveu se meter na conversa.

- Não foi ele que...

- Pera aí, foi ele quem derrubou um dos arcanjos? - Zhoucheng perguntou com as orbes arregaladas.

- Ele mesmo.

- Olha, Isso não importa agora. Seja qual for o motivo, por querer ou não querer, até onde a gente sabe, ele não fez nada.

- E ele não parece saber sobre o amigo. - Yubin completou.

- Nós poderiamos... Ficar de olho?

- Ele vai dormir na minha cama essa noite. - Yibo declarou, e teve os olhares sobre si. - E eu vou ficar aqui embaixo. - e os olhares se tornaram perplexos.

Xiao Zhan se contorceu no sofá, ainda de olhos fechados. Todos alternaram uma vez a visão entre o moreno e o mais novo dos demônios.

- Eu vou ignorar o fato de que vocês acham que eu não sei me controlar... - Ele caminhou calmamente até o sofá. - E vou levá-lo lá pra cima. - disse enquanto pegava o adormecido em seu colo, como se ele fosse uma folha de papel.

- Amanhã a gente resolve isso.

- Como dizem os humanos: "amanhã é um novo dia". - Ji Li deu de ombros enquanto os outros reviravam os olhos e subiam também.

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Yibo estava parado na porta do quarto, a luz de dentro estava apagada, então a luz do corredor era a única iluminação que cobria o moreno deitado sobre a cama macia.

Meng que já estava com sua camisola preta de cetim, encostou a mão sobre o ombro do mais novo, lhe chamando a atenção.

- E aí? - susurrou.

- o que?

- deixa ele descansar. Vem. - Ela fechou a porta e puxou-o até a sala no andar debaixo.

- quer dizer que você já tirou as fraldas é?

- para com isso. - Yibo riu um pouco.

- De todos nós, você foi o único que passou mais tempo com os humanos. Então eu já esperava isso de você.

- isso o que?

- Nhem, muitas coisas. Você vai descobrir. - Piscou para ele. - agora vem cá.

Meng se aproximou de Yibo e encostou a cabeça dele em seu ombro.

- Se as coisas ficarem ruins, e você ouvir duas vozes baixinhas susurrando na sua mente, tente escolher pela sua experiência na terra.

- como assim? Qual seria a diferença?

- Não é por que somos demônios, que precisamos ser idiotas... - sua voz enfraqueceu ao final da frase, e Yibo levantou a cabeça.

Ele beijou os cabelos da mais velha, e ela retribuiu com um sorriso fraco e um carinho no braço.

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