𝐿𝒾𝒶𝓂
Ela esboçava seu sorriso tímido com facilidade. Era incrível a habilidade dessa mulher de iluminar e contagiar um lugar inteiro, e lidar com os próprios problemas sozinha. Durante muitos anos eu fugi de algo que precisava, que faltava, e que nada nem ninguém poderia substituir. Ceci não me causava borboletas no estômago, muito pelo contrário, ela me acalmava com um simples toque.
- De qualquer forma, depois de cinco minutos ignorando a todos ela descobriu que os presentes estavam atrás do sofá o tempo todo, e ainda fez questão de escrever uma carta para repreender o papai Noel por ter feito Eloise chorar por achar que estava na lista negra de crianças ruins. - Contou o senhor Romanha, enquanto segurava seu pincel em uma mão e seu copo de café em outra.
- Depois disso ela e os irmãos planejaram uma vingança contra todos os adultos, mas isso durou poucos minutos, eles esqueceram rapidamente quando puderam comer panetones. - Mary ria juntamente ao seu marido, nos fazendo rir também.
- Liam não era muito diferente. - Minha mãe se aproximou pegando o croissant de minhas mãos. - Se escondia debaixo da mesa para comer doces que não queria dividir com seu irmão. - Sorriu.
Seu comentário nos fez soltar um sorriso fraco, sua lembrança repentina me fez lembrar dos poucos momentos em que ter um irmão fazia sentido. Ouvi meu celular apitando e o busquei no bolso rapidamente, era Isis.
Isis Ferraz era uma de nossas associadas diretas, que juntamente ao meu pai era encarregada da parte administrativa, uma área mais complexa e cansativa que Isis adora. Durante alguns anos foi ela quem me ajudou a mostrar meu nome para o mundo da confeitaria, o que me abriu diversas portas para o crescimento e reconhecimento. Nossa relação é totalmente respeitosa e profissional, mas como sempre minha mãe adora adotar qualquer pessoa entre um e trinta anos de idade, Isis passou a ser como uma prima para mim, distante, mas ainda sim uma prima.
Ferraz estava cuidando de outros assuntos, porque apesar da junção com os Romana 's, já éramos uma empresa antes. Ela ainda não pode estar presente para se atualizar dos detalhes da nova empresa, mas ainda se mantém presente através de chamadas de vídeos semanais sobre possíveis agendamentos, problemas e soluções.
- Querido, terminamos aqui, quer ir almoçar conosco? - Questionou minha mãe.
- Tenho que dispensar, mãe. - Mostrei meu celular para ela, que descobriu o motivo.
- Diga que eu mandei um beijo para ela. - Balancei minha cabeça em concordância e fui em direção ao segundo cômodo para buscar meu casaco.
- Vai sair também? - Ceci perguntou me olhando curiosa, sorri e balancei minha cabeça para cima e para baixo em resposta.
- Preciso resolver alguns problemas de alguns sócios, tudo bem por você? - Questionei ao notar seu olhar.
- É claro, vou indo também. - Sorriu em minha direção e devolvi da mesma forma.
- Seus pais disseram que já terminaram a primeira demão de tinta, provavelmente vão sair para almoçar e depois todos voltaremos. - Expliquei enquanto colocava meu casaco e procurava as chaves do meu carro, Isis provavelmente estaria um pouco apressada.
- Sinto muito, Liam, de tarde teremos uma reunião com investidores e patrocinadores do baile anual de inverno, se lembra? - Questionou me observando. - Vamos apresentar nossa nova marca neste dia.
- É claro, como poderia esquecer? Estarei lá, Ceci. - Avisei disposto, esse seria um grande momento. Me virei para sair pegando meu celular quando ouvi um sussurro que me fez travar instantes depois.
- Até lá, Lee. - Sua voz saiu arrastada, talvez se arrependendo do que disse. Me virei para olhá-la, mas ela estava ocupada mexendo em sua bolsa de forma brusca, me fazendo questionar se ela realmente disse aquilo. Maria Cecília estava chateada demais para cogitar mencionar o apelido que usava para mim quando pequeno. Me apressei para sair para evitar qualquer desconforto e quando cheguei ao salão no qual estávamos pintando me apressei para deixar uma tulipa branca ao lado das chaves de Ceci, ela saberia o significado.
Ainda estava em dúvidas sobre deixar essa mensagem ou não, ela saberia o significado, com certeza saberia. Mas eu gostaria de ressurgir antigos costumes, para que ela se lembrasse que eu ainda era o mesmo garoto que amarrava seus cadarços na porta da escola.
Entrei no carro e busquei o celular em meu bolso, procurando o contato de Isis, já que não tínhamos muito tempo, pelo fuso horário diferente eu teria que apressar para receber qualquer atualização.
- Boa tarde, Liam. - Sua voz soou quando atendeu.
- Bom dia, Isis, ainda não almocei. - Comuniquei o motivo da diferença.
- Bom, seu pai me passou algumas planilhas dos últimos meses e contratos que precisavam de revisão. Alan está fazendo um bom serviço? - Questionou me fazendo lembrar do arquiteto que estava comigo mais cedo.
- Está, até demais. - Sussurrei a última parte, ouvindo seu suspiro.
- Sinto muito por ter que fazer isso hoje, sei que é um dia sensível para você. - Seu olhar era reconfortante, o que raramente era expressado pela Ferraz.
- Eu tô bem, é a vida certo? - Questionei retoricamente, fazendo a mesma apenas concordar com a cabeça.
- Sabe o que eu acho?
- Eu estou bem, Isis. - Avisei.
- Não, você não está. Vamos lá Liam, eu sei o que fez hoje, Alan me avisou que hoje era um dia complicado para você. - Pausou. - Só acho que, você também não merece descansar? - Sua fala me fez pensar na última vez que tirei um dia folga, ou qualquer coisa que me fizesse lembrar que a vida tinha seus momentos bons.
Após a morte de Theo eu mergulhei fundo demais no trabalho, deveria saber que uma hora precisaria de um pouco de ar.
- Hoje é um dia importante, e eu devo superar, assim como minha mãe fez. - Sua boca torceu em reprovação, mas eu estava firme na minha ideia.
A comuniquei sobre as próximas festividades que envolveriam nossa marca e a importância de sua presença até o fim do ano. E obviamente fui forçado a contar cada detalhe do meu envolvimento e reencontro com Maria Cecília, o que fez ela aumentar seu sorriso cada vez mais, principalmente quando contei do quase beijo de mais cedo.
- Vocês têm muito o que resolver, cara. - Sua risada foi a última coisa que ouvi antes de começarmos um assunto sobre a próxima estratégia de marketing.
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Capítulo curtinho apenas para mostrar o ponto de vista do Liam.
Personagem nova no capítulo CAST, recomendo que voltem.
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Todas As Flores Que Te Enviei - Série Os Romana's | Livro 1
RomanceTodas As Flores Que Te Enviei contam a história de Maria Cecília Romana e Liam Peterson, pessoas que eram de realidades diferentes e foram separadas pelo destino. Uma antiga amizade de infância está de volta, trazendo consigo descobertas, amor e ama...