Todas As Flores Que Te Enviei - Série Os Romana's | Livro 1

𝐋𝐈𝐓𝐄𝐑𝐀𝐑𝐘 𝐏𝐑𝐎𝐁𝐋𝐄𝐌𝐒

𝑀𝒶𝓇𝒾𝒶 𝒞𝑒𝒸𝒾𝓁𝒾𝒶

Eu nunca desejei tanto ser filha única, mas nunca agradeci tanto por ter um irmão problemático a ponto de atrapalhar o que poderia ter acontecido, o que definitivamente não pode acontecer, mesmo ansiando por isso.

O que está acontecendo? Eu estava indo tão bem, estava negando o suficiente.

Meus sentimentos se misturaram naquela tarde caótica, era difícil de ser lembrada corretamente após os remédios que tomei, mas é claro que eu sabia quem estava comigo, quem me amparou, e quem disse tudo aquilo que me fez perder os sentidos como nunca havia perdido antes.

Ele estava aqui, agora, e para sempore, e ele se orgulhava disso.

Eu sabia que era Liam. Mas eu estava tão constrangida pela situação que decidi fingir desconhecimento, fingir que eu não teria dormido agarrada a ele por conta própria e que eu pedi para ele ficar, bendito momento em que implorei por isso.

Era óbvio agora, tarde demais para negar ao homem sujo de tinta que eu estava sentindo o mesmo que ele, desde sempre, não houve um único momento que esse sentimento morreu, mas eu estava disposta a fazê-lo desaparecer. Estava. De qualquer forma, como eu diria? Não é como se existisse um manual de como recomeçar, aquilo que provavelmente nunca teve fim. A paixão esconde aquilo que, aos olhos clichês, não existe, então a dor da paixão não existe mesmo? E como posso explicar aquela confusão? A dúvida ensurdecedora de amor, merecimento e reciprocidade? Como eu posso explicar a fatalidade de ser machucada e ter machucado outra pessoa pelo meu confuso e decadente amor? Nada é perfeito, mas o amor, por ser algo tão lindo, não deveria ser uma exceção?

- Ele está mesmo animado com isso. - Comentou entre risos, enquanto eu ainda falava no telefone com Zender.

Enquanto Zender tagarelava em meu ouvido sobre como foi difícil achar uma secretária de sessenta anos com paciência o suficiente para organizar tudo o que estava bagunçado, eu tentava organizar a minha bagunça. Eu sabia que Liam me ajudou na minha crise, foi por isso que o ajudei quando ele precisou, mas nossa proximidade foi tão repentina e calorosa. Apesar de estar com os sentimentos embaralhados e milhares de borboletas na barriga, eu ainda tinha medo, medo que ele fosse embora novamente, partisse para uma oportunidade melhor do que está. O que segurava ele aqui? Um contrato de fidelidade com a empresa ou o amor? Essas dúvidas martelavam em minha mente.

- Ceci? Você está me ouvindo? Eu não irei mais perder minha secretária! - Afirmou meu irmão do outro lado da linha. - Isso realmente é um avanço. Papai disse que eu deveria amadurecer pelo cargo em que estou, se não fosse pelo nepotismo que o senhor Enrico Romana insiste em negar, eu provavelmente estaria fazendo estágio na loja de sapatos aqui do lado para aprender alguma lição. - Sua voz carrega sarcasmo.

- Tenho certeza que Adam estouraria fogos de artifício de tanta tristeza por ter que ocupar o seu cargo. - Disse simples para que ele entendesse a situação. - O maior cargo, Zender.

- Fique tranquila maninha, sempre segurei as pontas aqui dentro, a única coisa que precisava era de uma secretária que não me fizesse perder o foco. - Afirmou, como o verdadeiro babaca que é. Apesar de ser meu irmão - infelizmente - não defendo suas atitudes. - Agora tenho tudo que preciso.

- Ótimo! Desejo uma ótima convivência com sua parceira de sessenta anos. - Comentei, e imediatamente desliguei.

- Sessenta anos? - Questionou Liam, com um pano nas mãos tentando limpar a tinta visível.

- Nem queira saber. - Tentei poupa-lo dos assuntos atuais, que me traziam constrangimento. Mas logo um silêncio constrangedor se fez presente no ambiente, me fazendo procurar qualquer lugar para encarar que não fosse os olhos de Peterson, e logo observei o estado das paredes do chão após a brincadeira saudável de minutos atrás. Liam não demorou muito para me encarar e procurar o lugar pelo qual estava encarando com certo espanto.