𝐏𝐀𝐈𝐍 𝐅𝐎𝐑 𝐘𝐎𝐔?

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𝑀𝒶𝓇𝒾𝒶 𝒞𝑒𝒸𝒾𝓁𝒾𝒶

- Que demora. - Um gemido de descontentamento foi ouvido.

Faziam alguns minutos que estávamos ali, e pelo o que parecia ninguém tinha percebido nossa demora. Alguns já estavam sentados no espaço que era possível, já outros apertavam o botão de emergência de forma frenética, causando um barulho irritante.

- Sem sinal ainda? - Clark levantou seu celular mais uma vez naquele período de tempo, nos fazendo suspirar vendo-a negar.

O escuro ainda estava presente. Percebemos que a coisa estava ficando feia quando os primeiros pingos de suor escorriam e a sensação de sauna aumentava. Sentia a mão de Liam segurar a minha enquanto observamos Eloise fazer desenhos em um espelho que já estava com uma camada de vapor, sendo possível fazer alguns bonecos de palito.

- O que estava fazendo ai? - Agnes questionou, enquanto fazia o mesmo que nós.

- Desenhando o que vai acontecer depois daqui. - Ela se virou com um sorriso vitorioso, logo voltando a desenhar.

- E o que quer dizer esse bonequinho? - Observei o desenho, em busca dos tais bonecos que aparentemente estavam caídos.

- Essa aqui sou eu. - Apontou para o boneco em pé. - Os bonecos caídos são Zender e Benjamin.

- Por que estamos caídos? - Seus olhar era interrogativo.

- Desmaio. - Seu sorriso aumentou. - Após verem os bonecos Ceci e Liam se beijarem.

Era engraçado como o único ali que esboça um grande sorriso diante da situação era Alan, que se divertia com as alfinetadas que os meus irmãos trocavam. Liam tentava se escorar em qualquer coisa para continuar em pé, praticamente esparramado no canto em que estávamos. Benjamin, Alan, Morgana e Agnes já haviam desistido de se manterem firmes e se encontravam sentados no chão da caixa de lata, enquanto Morgana descansava plenamente sua cabeça nos ombros largos de Ben.

- Céus. - A cabeça de Zender baixou em descontentamento e irritação pela situação, enquanto Liam soltava uma risada abafada. - Qualquer pessoa já deveria ter vindo aqui. - Sua cabeça foi jogada para o lado fazendo seu olhar permanecer fixamente em algo que não pude ver.

- Costumamos nos atrasar. - Morgana sussurrou com os olhos fechados. - Não é como se eles não estivessem acostumados com isso.

Apertei a mão de Liam sentindo minhas pernas começarem a doer, implorando por um pouco de descanso. Fechei meus olhos para me concentrar em formas de sair dali, quando senti seus braços passarem pela minha cintura me segurando e tirando todo o meu peso das minhas pernas. Aquela aproximação poderia me incomodar se acontecesse há alguns dias atrás, mas agora, isso era tudo o que eu queria.

Em dado momento todos tiraram seus casacos pesados para o frio de dezembro, mas que agora não nos trazia conforto. Alguns suspiros eram dados vez ou outra, estava sendo cansativo esperar naquela situação desconfortável, já que alguns já começavam a suar e respirar pesadamente.

- Nem sabemos se alguém está ouvindo nosso chamado de emergência. - Henri continuava a apertar o botão incansavelmente. - A luz caiu, ninguém vai conseguir se comunicar conosco, teremos sorte se já estiverem arrumando o quê estiver errado.

- Como podem não sentirem falta do próprio chefe? - Zender sussurrava pela décima vez em negação.

Agnes estava com a cabeça baixa tentando procurar se acalmar e Eloise já estava sonolenta depois de ter reclamado algumas vezes de sede e calor. Me virei um pouco, observando Liam atrás de mim com as mangas dobradas e a cabeça encostada na parede daquele lugar, seu peito subia e descia de forma ofegante, tentando controlar a si mesmo. Zender já tinha uma grossa camada de suor em sua camisa, o fazendo desabotoar os dois primeiros botões.

Havia se passado quarenta minutos, e nenhum movimento brusco foi dado. Liam já estava sentado no chão e eu estava me segurando na barra de ferro, aquilo era um pesadelo, evitamos até mesmo falar para nos poupar do cansaço. Conseguia sentir o ar me espremendo cada vez mais e o desespero ficando maior.

- Só mais um pouco. Aguentem mais um pouco. - Liam sussurrou para nós, observando a situação que todos estavam.

- Me arrependo de não ter aceitado a água que me ofereceram cinco atrás. - Henri reclamou com uma carranca. - Que desperdício.

Sua fala nos fez soltar uma risada sincera e escandalosa, deixando a situação menos constrangedora e sufocante.

- Toma, prende o cabelo dela. - Ben esticou seu braço entregando um elástico de cabelo para Liam, que prontamente aceitou e pediu licença para que o penteado fosse feito. Seus olhos esperavam a permissão que eu não demorei a esboçar.

Virei minha cabeça para o lado e senti suas mãos juntarem cada fio do meu cabelo. Apesar de estar apreciando o serviço que Liam estava fazendo nos meus cabelos suados, eu me vi encarando demais a pessoa que me chamou atenção, e essa pessoa era Eloise.

Ela estava de cabeça baixa e com os próprios braços cruzados como se os escondesse ao lado de Ben que também a observava. Olhei para ele em busca de alguma explicação de seu silêncio e ele estava tão confuso quanto eu. Quando senti que Liam terminou o que estava fazendo, dei um passo à frente e abaixei ao lado da garota, seus olhos fechados e boca semi aberta era a única visão que eu tinha.

- Está tudo bem? - Minha voz soou baixa, mas não o suficiente já que todos olharam para ela ao mesmo tempo.

Suas mãos agarraram meu braço e finalmente pude vê-las suar e tremerem, suas unhas cravaram em minha pele ao ponto de incomodarem e todos ficarem em alerta diante da situação. Estava tudo em silêncio e o calor já não era não ruim quando o medo que crescia dentro de mim, o medo que aumentou ainda mais quando seus olhos encontraram os meus e o medo estampado em seu rosto era assustador, juntamente a respiração mais ofegante que o normal.

De relance pude ver Ben e Zender se aproximarem rapidamente como um dia fizeram comigo, há muitos anos atrás. Eu não tive reação, ela não falava, mas sentia que estava pedindo socorro de alguma forma.

- Droga, onde está? - Zender vasculhada a bolsa dela, procurando algo que ainda não era do meu conhecimento.

- Onde está o que? - Questionei em um sussurro ainda observando a mesma tentar respirar, mas falhando miseravelmente.

- Ela não trouxe Liam, ela não trouxe. - A voz de Ben já estava alterada e tudo aquilo me fazia perder os sentidos.

A vi apertar os lábios enquanto suas mãos tremiam sob o peito que subia e descia. Foi quando a vi por a mão no próprio pescoço tentando se livrar de algo que não estava ali, tentando lutar contra algo invisível mas forte o suficiente para acabar com sua vida.

- Ela está tendo uma crise! - A voz de Clara gritou e então a luz voltou. - Isso é uma crise de pânico.

Aquilo calou meus pensamentos, e tudo que estava em volta parou de se mexer, tudo que eu via era Eloise sofrendo do mau que um dia eu implorei para que ninguém mais tivesse.

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Todas As Flores Que Te Enviei - Série Os Romana's | Livro 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora