4 - Quer ser minha amiga?

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CAROLINE

Acordei com uma dor de cabeça indescritível, ainda sem abrir os olhos tateei a mesinha ao lado de minha cama tentando me lembrar como tinha chegado em casa e procurando pelo meu celular. A última coisa que eu lembrava era... Ela. Abri os olhos imediatamente e me assustei ao não reconhecer onde estava, o que havia acontecido?

Podia ouvir um barulho de teclado ao fundo, não era possível que eu estivesse dentro de seu apartamento ou era? Olhei para as roupas que eu vestia percebendo que, sem surpresa, não eram minhas. Será que nós...?

Saí do quarto seguindo o barulho e quando achei a fonte de onde vinha, a porta estava fechada. Bati e esperei que ela ouvisse. Foi instantâneo, o som parou e ouvi seus passos vindo em minha direção. Day abriu a porta e eu tive que levantar um pouco a cabeça para olha-la. 

- O que fez comigo? - Perguntei assim que ela me olhou.

- O que fiz com você? Está louca? - Ela riu um pouco, parecendo muito mais simpática do que no outro dia.

- Por que estou na sua casa?

- Porque você mal tinha condições de abrir a porta, desmaiou antes que eu pudesse te deixar lá. - Day explicou. - Um obrigada seria legal, sabe?

- Posso dizer o mesmo. - Rebati. 

- Wow, ok. - Ela me afastou para poder sair do quarto, reparei que seu apartamento parecia menor que o meu, com menos quartos. - Eu sinto muito por aquele dia, tá legal? Eu... Tem sido meses complicados. - Day deu de ombros e começou a caminhar pelo corredor.

- Onde vai? - Perguntei confusa.

- Comer? - Ela respondeu como se fosse obvio. - Estava te esperando, fiz o café, mas se quiser ir embora, suas roupas estão na cadeira do quarto onde acordou. - Deu de ombros mais uma vez.

Levantei a sobrancelha não entendo de onde vinha tanta hospitalidade. 

- Por que está fazendo isso? - A segui, sua cozinha também era interligada com a sala assim como a minha, o que me permitiu reparar que o sofá estava com um cobertor e travesseiro. - Dormiu na sala? 

- Meu apartamento é menor que o seu. - Esclareceu. - Só tenho dois quartos contando com o meu, não queria que tivesse a impressão errada. E respondendo sua pergunta, estou fazendo isso porque diferente do que pensa, não sou um monstro rude. 

Como ela sabia que havia a chamado de rude?

- Quem te disse que te acho rude?

- Não tenho dúvidas de que pense assim, eu fui rude aquele dia. 

- Que bom que sabe.

- Será que você pode baixar a guarda? - Ela perguntou rindo. - Estou tentando ser simpática.

- Por acaso quer ser minha amiga? - Eu ri me sentando ao seu lado. - Juro que não estou te entendo.

- Não quero falar sobre os motivos que me trouxeram até esse apartamento, mas digamos que... Sim? Não é como se eu tivesse muitos amigos. - Ela abaixou a cabeça. - Só não vale se apaixonar por mim.

- Você é muito convencida, né? O que te faz ter certeza que você não vai se apaixonar por mim? 

- Eu não me apaixono. - Day olhou no fundo dos meus olhos. - Nunca me apaixonei. 

- Não acredito. - Rebati. 

- Não é como se eu pudesse provar, estou sendo honesta, acredite ou não.   
- Eu ainda não acredito. - Comecei a comer com ela. - Você fez isso? - Perguntei surpresa.

- Está tão surpresa assim? - Ela riu. 

- Sendo bem honesta? Estou. - Me permiti rir com ela. - Não é como se as pessoas te imaginassem fazendo o almoço de domingo.

- Você faz parte dessas pessoas? - Day levantou a sobrancelha com um sorriso no rosto.

- Talvez... - Respondi temendo que aquele fosse o momento onde ela se transformasse e me expulsasse do seu apartamento. 

- Está tudo bem, não vou te jogar pela janela. - Garantiu. - Isso me lembra, seu celular. - Ela levantou e pegou meu celular da mesinha ao lado do sofá. - Carreguei para você. - Explicou.

- Obrigada... - Agradeci genuinamente surpresa com todas as suas atitudes. 

- Não foi nada, Carol. - Se sentou ao meu lado de novo.

- Como sabe meu nome?

- Não estava querendo bisbilhotar, ok? Mas chegou mensagem de um tal Gabriel perguntando como você estava e se tinha chegado em casa bem. 

- Você o respondeu? - Questionei levantando uma de minhas sobrancelhas, não consegui disfarçar o sorriso com o quão sem graça ela parecia.

- Sim... - Confessou. - Usei o face ID para desbloquear seu celular, mas eu juro que foi tudo que fiz. 

- Acredito em você. - Declarei. - Obrigada por ter respondido, ele ia ficar preocupado.

Ela sorriu largo e pareceu relaxar, foi impossível não notar o quão bonita ela estava despojada daquele jeito. Ao mesmo tempo que tudo parecia um pouco surreal, estava começando a gostar de toda aquela situação. Estava errada, Day não era nem um pouco rude. 

- Eu preciso voltar para casa, tenho que comprar alguns móveis. - Disse para ela ao terminar de comer. 

- Você precisa de ajuda? - Perguntou. 

- Você quer me ajudar? - Devolvi meio surpresa. 

- Não é como se eu tivesse algo melhor para fazer. - Foi sincera. - E acredito que eu conheça a cidade melhor que você, o que quer comprar?

- Uma sapateira e alguns itens de cozinha. - Respondi. 

- Viu? sei o lugar perfeito para isso. - Day sorriu, estava começando a gostar de vê-la sorrir. 

- Tudo bem, aceito sua ajuda. - Sorri pra ela. - Mas eu realmente preciso trocar de roupa. 

Day fingiu bater continência para mim e caminhou rapidamente até seu quarto, voltando com as minhas coisas em mãos. 

- Pode me devolver essas roupas depois, não tem problema. - Ela esclareceu. 

- Tem certeza? 

Day acenou com a cabeça e caminhou comigo até a porta de seu apartamento. 

- Bato na sua porta quando estiver pronta. - Avisei. 

- Sim, senhora. - Ela sorriu encostada na porta. - É legal poder falar português com alguém além da minha mãe. 

Eu ri do seu comentário aleatório e a olhei em dúvida de como me despedia, a abraçava? acenava e caminhava para longe? Day respondeu meu questionamento por mim, se aproximou lentamente quase como se estivesse dando tempo para que eu fugisse e então passou seus braços por meus ombros rapidamente. Abracei sua cintura no mesmo instante.

- Até mais tarde, Carol. - Ela disse no abraço e quando se aproximou de mim deixou um beijo em minha bochecha. 

- Até mais tarde, Day. 

Respondi antes de me virar e caminhar para longe completamente confusa com tudo que havia acabado de acontecer, não se apaixonar era uma ova. Day era uma péssima mentirosa, conclui entrando em meu apartamento e sorrindo. 

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