13 - Queria te ver

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CAROLINE

Meus dias passaram arrastados depois daquela sexta feira com Gabriel, finalmente já era domingo. Só faltavam mais algumas horas e eu estava ansiosa. Aproveitei a grande quantidade de tempo livre que eu tinha e coloquei todos os meus trabalhos em dia, teria feito mais coisa se não tivesse ficado doente no sábado.

Estava terminando de salvar um arquivo no Word quando ouvi batidas na porta, deixei o notebook na bancada e apenas calcei um chinelo antes de abrir dando de cara com Gabriel.

- Como sabia que eu estava aqui? - Perguntei rindo.

- Eu nem bato mais no seu apartamento, venho direto para cá. - Ele respondeu rindo também. - Vim perguntar se você não gostaria de acompanhar seu singelo amigo para fazer compras do mês, Mia está ocupada.

- Então eu sou segunda opção? - Provoquei entrando no apartamento e pegando o casaco de Day que eu estava usando.

- Jamais. - Respondeu prontamente. - Terceira. - Provocou e eu revirei os olhos rindo.

- Vamos antes que eu desista.

O mercado era bem perto, dava para irmos andando mas justamente por causa da quantidade de coisas que teríamos que trazer de volta Gabriel insistiu para pegarmos seu carro. Eu não me opus, estava bem frio aquele domingo.

- E como estão você e a minha fumante favorita?

- Bem, muito bem na verdade. - Suspirei apaixonada, eu estava completamente rendida.

- Já veio o pedido de namoro? - Ele riu.

- Não, mas acho que é quase isso né? Eu ganhei uma gaveta. - Comentei.

- E as chaves! - Gabriel me lembrou.

- E as chaves! - Concordei. - Eu não daria minha chave se não fosse importante.

- Maluco pensar que tem dois meses, né?

- Eu nunca imaginei que isso aconteceria, nem nos meus sonhos mais sonhantes. - Rimos juntos.

- Passou o medo bobo?

- Ela disse que quer ficar. - Respondi baixinho. - Acho que diz bastante.

Pude ver Gabriel concordar com a cabeça e manter um largo sorriso no rosto, eu não poderia desejar que aquele intercâmbio passasse mais devagar.

- Tenho medo de como vai ser quando eu tiver que ir. - Comentei baixo.

- Você quer voltar? - Ele perguntou sincero. - Não pense só nela.

- Quero. - Fui honesta. - Eu estou amando aqui, me adaptei como não achei que aconteceria, fiz novos amigos, amo a universidade e até mesmo meu trabalho bobo no parque de diversões eu gosto. O ritmo da cidade me agrada e eu estou até passando a gostar mais da praia com predas.

- Então fique. - Deu de ombros.

- Não é tão fácil assim e você sabe.

- Carol, se você consegue se manter aqui e faz sentido para você ficar, mesmo que não tenha mais a Day, por que não?

- Eu sou medrosa e se der tudo errado e eu quiser voltar?

- Aí você volta! Ninguém vai te sequestrar aqui.

Eu iria atrás de resolver aquilo assim que possível, eu já sabia que quando fizesse aquela viagem, ela provavelmente seria sem volta, mas não imaginava que teria certeza tão cedo.

Gabriel e eu acabamos por fazer nossas compras juntos, eu para mim e ele para ele. Já estávamos ali mesmo e eu também precisava abastecer meu apartamento, mesmo que não tivesse colocado os pés nele no fim de semana.

Quando terminamos, sofremos um pouco para colocar tudo no carro, mas depois de algumas tentativas conseguimos. Eu estava começando a ficar com ainda mais frio, apesar do casaco se grosso, minha calça era fina e estava ventando bastante naquele dia.

- Quer ajuda para guardar suas coisas? - Meu amigo perguntou quando chegamos no nosso prédio.

- Não precisa, pode ir guardar suas coisas tranquilo.

Eu tinha muito menos coisa que ele, sabia o quanto aquilo iria demorar então não iria o atrasar me ajudando a guardar tão pouca coisa. Entrei em meu apartamento com a última sacola alguns minutos depois e me despedi de Gabriel. Meu telefone tocando em seguida, sorri ao ver o nome na tela.

"Rafa!"

"Carolzinha! Como você está?"

Sorri terna, estava com tanta saudade de meus irmãos e meus pais.

"Estou bem e vocês?"

"Estamos ótimos, apenas sentindo sua falta você sabe. Papai não para de ver aquele programa que você tanto gosta."

"Quilos mortais?"

Eu ri ao imaginar meu pai vendo aquele tipo de programa que claramente não era sua praia.

"Esse mesmo, fez todo mundo ver com ele. Disse que o faz se sentir mais perto"

Ouvir aquilo parecia fazer minha saudade aumentar, não só de todos eles como de Day também.

"Aí, ele é um fofo. Da vontade de apertar"

"Não te liguei só para isso, preciso te dar uma notícia!"

"Boa ou ruim?"

"Você que decide, aparentemente resolveram a questão dos dormitórios! Você ir para lá assim que o possível"

"Sério?"

Perguntei sem muita animação.

"Não ficou animada?"

"Me mandaram um e-mail sobre isso e eu perdi de novo?"

"Sim, para você e para mamãe pedindo desculpa pelo transtorno"

"Será que não posso ficar aqui?"

"Acho que se você pagar, sim"

"Vou ver isso, então"

"Gostou tanto assim?"

"Claro que sim, já tenho até amigos!"

"E namoradinhas? não fez ainda?"

"Não tem nada de plural nisso não, a meta é ter UMA namoradinha"

"Desculpa ministra da monogamia, não sabia. Quem é a figura?"

"Minha vizinha"

"Isso explica tanto" - Ele riu.

"Para, eu realmente gostei daqui. Comprei até decorações."

"Me avise como for indo essa situação ok? Podemos te ajudar qualquer coisa"

"Pode deixar, Rafa. Se cuidem, ok? Me ligue qualquer coisa"

Meu irmão concordou e logo nos despedimos, arrumei todas as minhas compras em tempo recorde e voltei para o apartamento de Day, me jogando no seu sofá em seguida. Ainda era começo de tarde e eu estava começando a ficar com fome, levantei e fiz um almoço rápido para mim sabendo que ela não ligaria de eu ter usado suas coisas.

Day parecia tão confortável na minha presença quanto eu ficava na dela, era bom saber daquilo. Voltei para o sofá com a saudade apertando um pouco mais, as horas pareciam passar mais devagar só de brincadeira.

"Queria te ver, estou morrendo de vontade"

Mandei para ela, antes de deixar o celular de lado. Coloquei um filme qualquer na televisão, sabia que não iria vê-lo. Podia sentir o sono tomando conta de mim cada vez mais e pensando em como mal podia esperar para ver Day novamente, eu acabei cochilando.

Notas de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora