20 - Rotina

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CAROLINE

Os dias seguintes à notícia foram simplesmente insuportáveis, Day e eu só tínhamos paz em nosso prédio, no seu apartamento ou o meu, e parecia que de repente todos tinham se lembrado de sua existência. Eu entendia toda a curiosidade da mídia, mas chegava a ser demais. 

- Carol? - Day bateu na porta do meu quarto antes de entrar, eu estava fazendo um trabalho da faculdade enquanto ela estava na sala, compondo. 

- Oi. - Sorri e girei a cadeira me virando para ela, minha namorada andava se sentindo bem culpada por toda nossa falta de paz, mesmo eu tentando convence-la do contrário. 

- Fiz um misto quente para você. - Ela deixou o prato ao meu lado, no único espaço da mesa. 

- Obrigada. - Bati em meus lábios com meu indicador, ela sorriu e me deu um selinho. 

- Vê se sai daí um pouquinho, seus olhos vão ficar doendo depois. - Day me lembrou. - Vou te trazer o colírio. 

Eu ri do seu cuidado excessivo, Day conseguia ser pior que minha mãe as vezes. Por falar nela, ela estava completamente apaixonada por minha namorada. Faziam mais chamadas do que eu e minha mãe. 

- Tenho que te contar uma coisa. - Day comentou quando colocou o colírio ao lado do prato, se sentando na cama em seguida. 

Me virei para ela e esperei que ela continuasse.

- Acabei de receber uma carta da Columbia. - Praticamente sussurrou.

- Você o que? - Perguntei para ter certeza.

- Recebi uma carta da Columbia. - Reafirmou. - Querem me assinar na gravadora deles. 

- Puta que pariu! - Foi a primeira coisa que soltei. - Mas e a Republic? - Questionei, Republic Records era a gravadora atual de minha namorada.

- Estão tentando de tudo para cobrir a oferta da Columbia, mesmo estando meio bravos comigo. - Explicou dando uma risadinha. - Mas a oferta da Columbia é tão boa... Estou indecisa. 

- Pense no que você quer como artista, quais deles estão mais perto dos seus desejos e qual é a firmeza desses contratos. - Sugeri. 

- Já estou fazendo isso, mandei os contratos para os meus advogados. - Se jogou de costas na cama. - Devo ouvir sobre semana que vem. 

- Semana que vem sai o resultado da minha transferência. - Suspirei, os meses estavam voando. 

- Já? - Day se sentou novamente e me encarou. 

- Uhum. - Concordei com a cabeça,

- Como está se sentindo? 

- Um pouco nervosa, não sei o que farei se não for aprovada. - Confessei. - Mas ao mesmo tempo, acho que dará certo.

Day segurou uma de minhas mãos, em seguida dando um beijo na mão que segurava.

- Vai dar certo, amor. - Sorriu. - Vou te deixar fazer seu trabalho, mas pingue o colírio, ok? 

Eu ri e acenei, concordando com ela. Segurei em sua blusa antes que ela se afastasse o suficiente e me estiquei para ganhar um beijo, Day sorriu contra os meu lábios e só depois saiu do quarto, fechando a porta atrás de si. 

Mesmo com a porta fechada, eu ainda podia ouvi-la dedilhar no violão e cantarolar. Suspirei, eu realmente não queria perder aquilo. Sabia que Day iria onde eu fosse, até mesmo pela facilidade que seu trabalho a dava, aquela na verdade era uma das poucas coisas que não me preocupavam, mas eu não queria faze-la mudar também, mesmo tendo consciência de que se ela escolhesse voltar para o Brasil comigo, seria uma escolha dela. 

E a verdade era que eu também estava perto de me formar, coisas de dois semestres, queria me formar ali, além de que realmente amava Brighton, amava a cidade, a universidade, até mesmo a praia que antes me incomodava profundamente por ser de pedras, eu havia passado a amar. Gostava de praticamente tudo ali, não estava pronta para me despedir ainda. 

Ainda pensando nisso, terminei meu trabalho e o enviei para a professora responsável, saindo do quarto em seguida e sorrindo ao chegar na sala e encontrar Day cochilando com o violão em cima de seu corpo e seu caderno na mesa de centro. 

- Day? - Chamei baixinho, me agachando ao seu lado depois de ter colocado o violão no canto da sala. - Acorde, amor, senão você não dorme a noite. - Disse ainda baixinho, Day era igual criança, não podia dormir demais a tarde ou então passava a noite em claro. 

- Que horas são? - Ela perguntou sem mover um musculo ou abrir os olhos. 

- Seis. - Respondi, fazendo um cafuné em seu cabelo. 

- Urgh, tá bom. - Day segurou minha mão, fazendo um carinho nela antes de afasta-la para se espreguiçar. - Acabou seu trabalho? - Perguntou coçando os olhos.

- Acabei, estava pensando em dar uma volta no quarteirão o que acha? - Questionei me sentando em seu colo. 

- Acho uma boa ideia, vai ser bom sair daqui um pouco. - Concordei com a cabeça e me levantei. 

- Vou calçar. - Avisei.

- Pega meu tênis, por favor? Vou pegar uma água para nós. 

Concordei com a cabeça e entrei no quarto, nos encontramos na porta do meu apartamento segundos depois e então descemos no elevador. 

Aquele era um costume que estávamos adquirindo, era um dos passeios mais tranquilos que conseguíamos fazer desde que souberam sobre nós e eu imaginava que com Day voltando a fazer música, aquilo só tendia a piorar. 

- No que está pensando? - Ela perguntou enquanto caminhávamos de mãos dadas lentamente. 

- Em como estou tomando gosto pela nossa caminhada diária. - Respondi. - Não chega a ser um exercício, mas é gostoso andar um pouquinho e depois subir com você. 

- Eu estava pensando em uma coisa. - Começou a dizer. - Podíamos visitar seus pais nas suas férias, o que acha? 

- Eu acho que você leu minha mente porquê eu estava pensando nisso ontem. - Respondi com um sorriso. - Tem certeza que vai conseguir ir?

- Provavelmente não vou conseguir ficar tanto tempo quanto você, mas acho que consigo ir sim. Estou ansiosa para conhecer sua mãe, ela é muito querida comigo. 

- Eu sei, até mais do que comigo. - Reclamei, sem de fato achar aquilo ruim. 

Day riu audivelmente e eu a empurrei levemente, ela era ridícula. 

- Você é ridícula. - Emburrei-me. 

- Você me ama. - Ela rebateu com um sorriso.

Revirei os olhos fazendo uma careta em seguida, mas então me jogando em seus braços.

- Amo mesmo. - A beijei. - Amo até demais. 

Day sorriu contra os meus lábios enquanto me dava mais um beijo, mas pouco depois fizemos exatamente o que disse que faríamos. Voltamos para o meu apartamento, tomamos um banho e enquanto eu fazia o jantar, Day lia mais uma vez seus contratos. Aquela estava sendo nossa pequena rotina nova, apesar de ela ter surgido de uma forma quase que forçada, eu estava passando a ama-la ainda mais. Se tornando mais uma das milhares de coisas que eu não estava preparada para abrir mão. 


Oi oi! Espero que estejam gostando, capitulo mais paradinho esse, mas que serve de ponte para os próximos :) vejo vocês depois

Beijo, beijo. 

Notas de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora