Meus olhos ainda estavam marejados depois de tanto rir ao ver o presente que Pope deu para JJ - uma camisa com a foto deles dois e, em cima, escrito "i'm a child of divorce". Sequei o canto dos olhos, controlando as risadas quando Rafe se levantou.
- Ok. - disse ele, parando de rir e colocando as mãos na cintura. - Acho que eu sou o último. Obviamente tirei a Hailey, mas não quero dar meu presente aqui porque é algo muito particular.
Quase pulei do sofá. Nem tinha percebido que só restava eu. De repente, fiquei um milhão de vezes mais animada... E desconfiada.
- Ih... - JJ começou. - O Rafe vai levar ela para o quarto para poder dar o presente dela. O que vocês acham que é?
Rafe atirou um travesseiro na cabeça dele ao passo que todo mundo ria com uma pressuposição absurda nos olhos. Aceitei a sua mão estendida para mim e comecei a subir as escadas.
- A Hailey precisa estar andando amanhã! - Kiara gritou e Rafe tentou não rir.
Mostrei o dedo do meio e, então, desaparecemos no andar de cima. Fui levada até o seu quarto, tropeçando nos próprios pés. Ele ligou as luzes, sentou na cama e bagunçou os cabelos freneticamente.
- Então, o que vai me dar? - perguntei, parando entre seus joelhos. - Uma camisinha fluorescente?
Ele riu.
- Isso seria interessante. - apoiou o corpo em suas mãos, mordendo o lábio inferior. - Mas não. Antes, você precisa me prometer que não vai chorar.
Os músculos da minha costa enrijeceram porque não fazia ideia do que esperar. Baixei os olhos para observá-lo, meio nervosa.
- O que é?
- Você não prometeu.
- Rafe...
- Promete, Hails.
- Ok, eu prometo que não vou chorar.
Observei cada movimento desde então. Ele enfiou a mão no bolso de trás, puxou dois papéis perfeitamente dobrados e me entregou. Fiquei um tempo olhando para as duas folhas, sem entender como aquilo poderia me fazer chorar. A primeira era a sua carta. Rafe queria que eu ficasse com ela.
Tudo bem, eu já tinha lido, então fiz um ótimo trabalho em não chorar... Até o segundo papel.
- Uma passagem para Outer Banks? - perguntei com um fio de voz.
- É, eu... Eu achei que você fosse gostar de ver a sua mãe de novo... No natal.
Ok.
Uma mistura de sentimento borbulhou em todo o meu corpo, subindo e se alastrando como uma faísca de fogo em 50 litros de gasolina. Engoli o nó na minha garganta para cumprir a promessa de não chorar, mas Rafe percebeu. As mãos grandes e firmes dele me puxaram para o seu colo e eu me agarrei fortemente aos seus ombros. Escondi o rosto em seu pescoço, apertando seu corpo conta o meu.
Quis chorar por minha mãe, pela saudade massacrante que sentia dela, dos seus conselhos e das histórias que compartilhava comigo sobre a sua juventude. Quis chorar pelas vezes que acordava de madrugada para esquentar os meus cobertores com o ferro de passar só porque eu estava com frio. Quis chorar pelos cafés da manhã com suco de amora e waffles com pasta de amendoim. Quis chorar porque não havia um único dia em que eu não pensasse nela desde a última vez que eu a vi, com o coração despedaçado depois de perceber o que meu pai tinha feito comigo.
Já estava aos prantos quando Rafe me puxou para a cama, afagou os meus cabelos e me deixou molhar todo o seu peito com as minhas lágrimas. Não solucei, só chorei, se isso amenizar a minha sentença por ter quebrado a promessa. Passamos quase uma hora ali.
Deitado na cama, Rafe estendeu a mão e pegou uma mecha do meu cabelo. Ele enrolou no dedo e depois, jogou-a no meu nariz. Ri fraco, erguendo a mão para tocar no seu rosto.
- Você quebrou a promessa.
- Me desculpe.
- Não se desculpe. Você fica linda quando chora.
Minhas bochechas derreteram, figurativamente.
- Vá comigo. - pedi, o olhar fixo nos seus.
Rafe pareceu ter parado de respirar.
- O quê?
- Quero que você faça parte de cada momento da minha vida, Rafe. Principalmente desse.
Montei em seu corpo, encostando a testa na sua. As mãos ásperas tocaram o meu quadril, sem segundas intenções.
- Por favor, vá comigo.
Ele expirou profundamente e me beijou.
- Está me chamando para passar o natal com você? - perguntou com os lábios contra os meus.
- Estou.
Um momento se passou, como se estivesse digerindo a minha resposta. Rafe engoliu em seco e por um momento tive medo que ela pensasse ser cedo demais mas, no segundo seguinte, Rafe soltou uma risada leve, suave e linda.
Seus olhos brilhavam.
Seus olhos brilhavam para mim.
- Meu Deus, Haisl, ok. - disse ele, meio atrapalhado. - Eu vou com você.
Seus lábios cobriram os meus. Havia algo de muito importante naquele beijo, um sabor de memórias novas, como se tudo o que tivesse acontecido naquela cidade, todos os traumas e dores pudessem ser curados.
Quis dizer que o amava, mas tudo se tornou mais do que poderíamos controlar. Nossos corpos sabiam o que fazer e conversavam entre si mesmos. Nossas peles se tocaram e as roupas pararam no chão. Deslizando para dentro de mim naquela noite, Rafe continuou me beijando. Não se afastou nem por um segundo.
E, mesmo quando tudo acabou, continuamos abraçados, porque era sob o seu toque que eu me sentia realmente segura.
•••
au original da @rafefode no twitter.
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Running Away [parte 2] - Rafe Cameron au
FanfictionPARTE 1 DISPONÍVEL NO PERFIL Tudo sobre a partida inesperada e dolorosa de Hailey Leblanc era uma tortura até Rafe colocar os pés na faculdade. Destruidor no rinque e na cama, ele faz jus à toda fama de cafajeste que carrega, mas tudo se torna um pe...