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Dominic

Chego no restaurante deixando meu carro no lugar de sempre, perto do meio fio.

Desço puxando minha mochila comigo e batendo a porta do carro acionando o alarme em seguida.

Caminho pra dentro do restaurante o encontrando vazio e fecho a porta sabendo que não iria abrir hoje.

Passo pelas mesas indo pro banheiro, ali rodo o registo da torneira que lê a minha digital e me afasto vendo a parede abrir.

Entro na área de treinamento encontrando poucas pessoas e sentindo a porta de fechar atrás de mim.

Ando devagar vendo o pessoal treinar enquanto eu ia até o vestiário aonde era meu armário.

Ali guardo minhas coisas, pego somente minha garrafa de água e saio dali.

Caminho até o tatame do saco de areia, deixo minha garrafa no chão, pego um par de luvas colocando na minha mão e vou pra frente daquele saco começando o socar.

Quando acertava um murro nele ele se afastava e eu o acertava novamente quando voltava.

Desconto a angústia que estava sentindo no pobre saco que não tem nada a ver com meus problemas.

O saco é segurado, quando olho vejo Léia.

- Pode continuar - fala depois que eu parei de socar o saco dando algumas batidas no mesmo.

- Bom dia, Léia - falo.

- Bom dia, Don. Como vai?

- Uma merda - confesso baixo.

- Noite ruim?

- Não, só meu dia que começou uma merda - suspiro.

Vejo ela segurar o saco com força quando eu volto o socar com força.

- Desabafa, Christof - ela fala.

- Na verdade eu tenho uma pergunta - paro de socar o saco e a olho sentindo meu peito queimar pelo cansaso - Você conhece alguém chamada Marie?

- Marie, Marie, Marie - fala baixo com a cara pensativa - Não, não conheço, quem é?

- É uma mulher que eu ajudei noite passada, ela é um Animals também - ela balança a cabeça - Achei que treinava aqui.

- Não, não conheço, sinto muito.

- Tranquilo.

- Agora vai - dá alguns tapas no saco - Volta a treinar, depois vai lutar com o Vincenzo.

Volto a fazer o que ela quer, com ela segurando volto a socar o saco com força sentindo meu ombro doer e começo a me cansar a cada minuto.

Fico alguns tempo com Léia me incentivando a continuar.

Depois de longos minutos ela me deixa descansar e vai chamar Vince que estava fazendo seu treinamento com facas.

Vincenzo, mais conhecido como Vince.

Um dos melhores Animals daqui, ele se transforma em um corvo.

Um corvo incrível preto dos olhos amarelos.

Ele é o mais forte dos Animals.

Levanto do chão aonde estou sentado quando vejo que ele está indo pro tatame e vou pra lá também.

Comprimento ele com aperto de mão e logo começamos nosso treino com murros e chutes.

[...]

- Não, não, para - Vince se afasta quando te acerto um murro no nariz - O que está acontecendo? Você não está treinando, você está descontando sua raiva em mim.

- Foi mal - suspiro - Dia péssimo.

- O que aconteceu, cara?

Tiro minhas luvas vendo ele tirar as dele também e jogar no chão do tatame.

- Nada de mais.

Só uma mulher linda dos cabelos vermelhos, com o corpo malhado e que se transforma em uma fênix não sai dos meus pensamentos.

- Uma mulher linda dos cabelos vermelhos, com o corpo malhado e que se transforma em uma fênix não sai dos seus pensamentos - Vincenzo fala e o olho de boca aperta - Eu sou um corvo, consigo ler seus pensamentos.

- Não gaste seus "poderes incríveis" comigo - uso aspas revirando os olhos.

- Quem é essa linda mulher dos cabelos vermelhos?

- Um mulher que eu achei ontem na floresta, ela quebrou a mão, pedi pra Penélope cuidar dela e ela simplesmente sumiu hoje de manhã.

- Sumiu?

- Não sumiu, deixou uma carta e foi embora.

- E isso te afetou, em?

- Eu só queria falar com ela novamente - confesso.

- Fala com Tanner, ele te ajuda a procurar.

- Não, vou deixar isso quieto - digo por fim - Se ela quisesse teria ficado.

- Mas eu acho que você deve procurar ela.

- Pra quê?

- Não sei - dá de ombros - Talvez pra você parar de pensar nela.

- Eu não estou pensando nela.

- Você ficou pensando nela o treino inteiro.

Ele estava certo. Marie não sai da minha cabeça.

Com o fim do treino e dessa conversa, vou pro vestiário e tomo uma ducha rápida.

Saio do centro de treinamento, passo pelo restaurante que continua fechado e vou pro meu carro logo dando a partida e indo embora.

Em casa não faço nada e nem encontro ninguém.

Fico no meu quarto jogado na cama sentido o cheiro de Marie no meu lençol e travesseiro e tentando dormir pra esquecer ela.

Mas eu sonhei com a filha da puta.

Ela estava aqui em casa comigo, só eu e ela.

Não estávamos fazendo nada de mais, não foi um sonho erótico.

Foi um sonho legal, estávamos jogando videogame e ela ria com os olhos vidrados no jogo e eu sorria junto com ela.

Aí é foda.

Como na noite anterior as meia-noite em ponto começa minha transição pra lobo novamente.

Do mesmo jeito, as mesma dores, os mesmo gritos e comendo minha carne no final.

Em forma de lobo saio pela mata.

Vou exatamente pro mesmo lugar que encontrei a Marie.

Mas nada.

Ela não estava ali.

Dou algumas voltas por ali perto procurando ela e tentando sentir seu cheiro pela terra e folhas no chão, pelas árvores e pelo ar.

Mas nada.

Quando vejo estou nas casas próximas da minha.

Caminho com cuidado pra não fazer barulho com as minhas patas e não assustar as pessoas que moram ali.

Pelas janelas via cada pessoa nas casas.

Um casal assistindo televisão.

Uma mãe ninando seu filho.

Um senhor de idade dormindo na poltrona.

Um adolescente jogando no seu computador.

E um casal fazendo sexo.

Mas nada da Marie.


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