Capítulo 11: Eu posso explicar.

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Mavie Hollis

Eu adorava o café dos meus pais, mas eu preferia mil vezes ajudar na cozinha do que servindo as mesas. Alguns clientes eram grosseiros. Outros impacientes. E alguns deles não sabiam o que era ter educação. Mas naquele dia parecia que todos aqueles clientes do café estavam assim, porque não tive a sorte de atender nenhuma que fosse no mínimo educado.

—O café está muito amargo. O café está muito doce. Por que diabos vocês não vão beber café na própria casa? —Resmunguei, soltando uma respiração pesada depois de servir mais uma mesa e precisar ouvir mais uma reclamação sobre o café. O universo me odiava muito, ou todo mundo tinha acordado com o pé esquerdo hoje. —Alguém já o atendeu, senhor?

Ergui os olhos do bloquinho, ficando rígida quando dei de cara com Nathan, sentado em uma mesa me observando. Minha boca ficou seca, porque estava o evitando desde o dia que ele foi me buscar no treino. Era infantil, eu sabia. Mas eu estava decidindo se deveria continuar nisso ou libertar Nathan desse acordo idiota.

Mas agora ele estava ali, bem na minha frente, com um sorriso tão bonito nos lábios, como se estivesse feliz em me ver. E nossa, ele parecia ter se arrumado antes de sair de casa, porque estava usando uma camisa verde militar que caia muito bem nele, além de ter passado um perfume que fazia minha pulsação disparar.

—Eu quero um suco, por favor. E se for possível, alguns minutos da sua atenção. —Pediu, muito cautelosamente, como se tivesse passado o caminho todo até ali decidindo que palavras iria usar comigo. Aquilo me fez engolir em seco, enquanto eu sentia o nervosismo deixar minhas mãos soadas.

—Eu vou trazer o seu suco. —Falei, anotando o pedido dele no bloquinho, com minha letra saindo tão rabiscada que eu tinha certeza que meu pai não iria entender nada. —Mas não posso falar com você agora. O café está cheio demais.

—Eu espero. —Nathan afirmou, me fazendo soltar o ar com força e assentir, antes de virar as costas e seguir em direção ao balcão. Parei ali, puxando o ar com força, tentando me livrar do perfume de Nathan, mas ele parecia ter grudado em mim, mesmo que eu nem tivesse chegado perto dele.

—Ele veio te ver? —Joe me deu um susto quando chegou do meu lado, antes de eu arrancar o pedido de Nathan e empurrar pra ele. —O que é isso? Você tá escrevendo em grego agora? Ou o Nathan só te deixou toda afetada?

—Vai servir as mesas, Joe. —Mandei, ignorando a provocação dele para voltar ao trabalho, ouvindo-o rir atrás de mim.

Tentei focar no trabalho, mas foi super difícil quando senti os olhos de Nathan em mim o tempo todo, me seguindo por todo canto do café que eu ia. Ele só se distraiu um pouco quando Briar apareceu e se sentou lá com ele, o fazendo companhia por alguns minutos, antes de sumir com Jasmine quando o movimento do café começou a diminuir. Sabendo que não podia deixar Nathan esperando pra sempre, esperei até o movimento se acalmar para deixar meu posto e ir até ele.

[...]

Nathan se escorou no seu carro quando saímos do café, enfiando as mãos no bolso da calça como se estivesse um pouco sem graça nesse momento. Olhei pra ele por alguns segundos, me perguntando o que eu tinha na cabeça quando decidi enfia-lo no meio disso comigo. Ele não deveria se sentir obrigado a nada. Ele deveria se sentir ofendido por eu ter feito uma aposta e deixado Heather envolver o nome dele.

—Julian acha que estamos saindo. —Comentou, erguendo a cabeça para olhar pra mim, enquanto eu parava no meio da calçada, abraçando meu próprio corpo por conta do frio. —E algumas pessoas ficaram olhando pra nós dois lá dentro. Sabe, acho que sua ideia está funcionando.

—É, mas tenho certeza que foi uma péssima ideia. —Falei, observando a surpresa que minhas palavras causaram em Nathan, como se ele não tivesse esperando por isso. —Pode estar funcionando para as outras pessoas, mas acho que isso não está funcionando pra nós dois.

Como conquistar Mavie Hollis / Vol. 6Onde histórias criam vida. Descubra agora