Os olhos de Mavie se arregalaram, enquanto ela abria e fechava a boca várias vezes, como se não soubesse como me responder. Aquilo me fez rir, porque era uma reação tão espontânea dela, que soava incrivelmente adorável. Não conseguia imaginar porque não me aproximei dela antes. Porque simplesmente não nos tornamos amigos desde o momento que nós conhecemos.
—Você fica fofa quando está sem palavras. —Afirmei, vendo-a comprimir os lábios e desviar os olhos de mim, balançando a cabeça negativamente.
—Você não pode simplesmente ficar dizendo essas coisas pra mim desse jeito, Nathan. Dá um nó na cabeça. —Exclamou, enquanto meu sorriso ficava maior, observando os lábios dela tremerem sem parar.
—Foi você quem começou a me provocar. E eu não estava mentindo. —Dei de ombros, escutando ela soltar uma risada que soava mais tensa do que verdadeira.
Parei de sorrir na mesma hora, me perguntando se Mavie seria alguém que pensaria que não sou uma pessoa boa pra ter relacionamentos. Ou o problema seria ela e a forma que Heather a ridicularizou com essa aposta. Mavie já havia deixado mais do que claro o quanto se arrependia e se sentia mal por ter aceitado ela, na hora da raiva.
—Não fica brincando comigo, Nathan. Não quero ter meu coração partido. —Retrucou, e eu parei o que estava fazendo na mesma hora, me virando para encarar Mavie.
Meu coração disparou, batendo tão rápido que precisei levar a mão no peito, tentando ter certeza de que estava tudo bem, porque não estava esperando ouvir aquilo de Mavie e muito menos conseguia pensar no que aquilo significava. Desde nossa conversa sincera sobre como ela tinha se sentido na festa e quando eu contei sobre mim, as coisas pareciam bem entre nós. Bem demais, para ser sincero.
—Eu nunca vou partir seu coração. —Afirmei, segurando o braço de Mavie quando ela fez menção de se afastar de mim. Os olhos dela encontraram os meus, como se ela procurasse alguma coisa em mim. —Você é importante pra mim, porque você me entende, de uma forma que quase ninguém consegue.
Algo derreteu naqueles olhos, enquanto Mavie dava um passo na minha direção. Fiquei tenso quando ela passou os braços ao redor da minha cintura, antes de me abraçar. A bochecha escorada no meu peito. Passei os braços ao redor dela e a apertei contra mim. Nenhum de nós dois parecia preocupado com o fato de que os irmãos dela estavam na sala. Mas Mavie parecia estar precisando daquele abraço e eu queria ser a pessoa que ela pode correr sempre que precisar.
—Sabe, acho que já estamos saindo juntos a tempo o suficiente pra eu te levar em um encontro. —Comentei, depois de um momento em que o abraço parecia exigir mais alguma coisa.
Mavie tentou se afastar, mas a puxei de volta, sentindo algo dolorido dentro de mim ao imagina-la se afastar tão abruptamente. Quando percebeu que eu ainda não estava pronto para soltá-la, Mavie ergueu a cabeça e escorou o queixo no meu ombro, me encarando como se eu fosse uma incógnita.
—Você e essa história de encontros de novo. —Murmurou, com os lábios se torcendo em um sorriso pequeno.
—Já falei o que eu penso sobre isso. —Afirmei, dando de ombros, observando o sorriso dela ficar maior, como se ela pudesse ver a agonia dentro de mim, só de pensar em fazer aquilo pela metade. Sendo algo falso ou não, eu iria dar um encontro pra ela.
[...]
O parque estava iluminado pelas luzes dos postes, mas o céu parecia claro mesmo durante a noite, porque a lua estava cheia e repleta de estrelas ao redor. Por sorte, não havia nenhuma nuvem no céu naquela noite. Uma vista perfeita. Mavie estava caminhando do meu lado, olhando ao redor, a mão solta ao lado do corpo, agarrando o tecido do casaco com força. Senti vontade o caminho todo até aqui de segurar a mão dela. Mas não fiz isso, porque não sabia se era algo que ela iria querer.
—Tudo bem? —Indaguei, chamando a atenção dela pra mim. Mavia balançou a cabeça que sim, abrindo um sorriso pequeno. —Desculpa não te levar no cinema, em um bar ou sei lá, em um restaurante. Achei que isso aqui seria mais especial do que qualquer outra ideia. Não queria estragar tudo ficando incomodado com as pessoas ao redor ou os sons altos.
—Eu sei. Eu entendo. Você não precisa me explicar nada. —Falou, e absorvi toda a sinceridade sentindo um aperto enorme no peito. —E eu amo piqueniques. Ainda mais com um céu desses. Olha só, as estrelas estão tão bonitas.
—Mas isso foi injusto. Eu te convidei para o encontro e foi você quem preparou toda comida. —Afirmei, torcendo meus lábios em resignação quando Mavie riu. —Eu deveria fazer isso, não você.
—Mas eu sou a cozinheira aqui, esqueceu? —Retrucou, me lançando um olhar intenso, antes de nos dois caminharmos até a beira do lago, onde estendemos a toalha xadrez e nos sentamos, ajeitando as comidas que Mavie e sua mãe tinham arrumado na cesta. Não me surpreendi ao ver torta de maçã entre elas, o que fez alguma coisa calorosa tomar conta do meu coração.
—Por que seus encontros não davam certo? —Indagou, me fazendo hesitar por um momento, porque aquela era a última pergunta que eu esperava receber de Mavie. Ponderei antes de responder, me perguntando se aquela pergunta tinha alguma importância pra ela, ou se ela só estava curiosa sobre isso.
—Não deu certo por causa das minhas manias. Gosto de ir devagar. Conhecer primeiro a pessoa. Ver se somos compatíveis ou não. Mas a maioria das garotas com quem sai não pensava assim. Elas queriam ficar e... —Mordi o lábio, olhando para o lago na nossa frente, que refletia a lua. —Vou ser sincero com você, não gosto de... beijar.
—Como assim não gosta de beijar? —Mavie questionou, com um tom de voz incrivelmente baixo, enquanto um frio enorme surgia na minha barriga por estar revelando aquilo a ela.
—Simplesmente não gosto. Todas as vezes que beijei uma garota, não foi bom pra mim. A sensação era esquisita e depois eu me sentia incomodado na minha própria pele. —Revelei, sentindo uma sensação estranha percorrer meu corpo quando olhei para Mavie, tentando decifrar o que estava passando no rosto dela. —Era estranho, como se não fosse certo. Como se nenhuma delas fosse a certa pra mim.
Tinha a sensação que havia encontrado a certa, mas não tinha ideia do que fazer. E tinha medo de que se tentasse fazer alguma coisa, ela fosse embora.
Continua...
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Como conquistar Mavie Hollis / Vol. 6
RomanceMavie Hollis tem absolutamente tudo sobre controle no que se refere a sua vida. Obstinada e confiante, ela sabe muito bem qual o rumo sua vida vai tomar assim que se formar em gastronomia, o curso dos seus sonhos. Mas enquanto sua carreira está mais...