Capítulo 43: E se eu perder?

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A casa de repouso estava toda decorada para o Natal, de uma forma que eu achava que era quase demais, apesar de Mavie ter elogiado os funcionários pelo trabalho, o que os fez ficar com sorrisos radiantes e agradecer. Isso me deixou um tanto derretido por ela, porque era óbvio que Mavie conseguiria deixar as pessoas sorrindo por onde passava.

Minha avó tinha acabado de se deitar para dormir quando entramos no quarto. Ela abriu um sorriso radiante, como se estivesse esperando por nós dois. Como se soubesse que iriamos visitá-la aquela noite. Mesmo esperando que ela se lembrasse de mim, não fiquei nem um pouco surpreso quando ela me chamou pelo nome do meu pai, mais uma vez.

—Eu estava esperando que você viesse me ver. —Minha avó afirmou, puxando Mavie para se sentar mais perto dela, enquanto segurava sua mão. —Meu filho veio me pedir conselhos sobre você. Espero que ele tenha feito tudo certo e te pedido em casamento de forma direita.

—Me pedido em casamento? —Mavie soltou uma risada nervosa, me lançando um olhar arregalado, enquanto eu abria um sorriso e negava com a cabeça.

—Ora, sim, casamento. Vocês jovens de hoje em dia demoram demais para se juntarem. —Minha avó exclamou, o que fez Mavie soltar uma risada.

—Não se preocupe, ele fez tudo direitinho. —Mavie prometeu, apertando a mão dela com carinho. Ela mal conhecia minha avó, mas conversava com ela e a tratava como se já fosse da sua família. Aquilo fazia eu me sentir ainda mais apaixonado por ela.

—E onde está?

—Onde está o que, vó? —Indaguei, me sentando atrás de Mavie e encarando minha avó, vendo que ela parecia um pouco confusa agora, com a testa franzida, parecendo tentar se lembrar de alguma coisa.

—O anel. Você não deu a ela? —Indagou, erguendo as mãos de Mavie até o rosto, como se avaliasse os anéis que Mavie usava. —Não estou o vendo. Você não fez o pedido direito.

—Você parece um pouco desesperada pra me ver casado. —Brinquei, o que fez Mavie rir, mesmo que eu a sentisse um pouco tensa contra mim. —Eu vou entregar o anel a ela, não se preocupe.

[...]

Tínhamos passado alguns minutos com a minha avó, até um dos enfermeiros avisar que estava chegando no horário de ela dormir. Eu e Mavie nos despedimos dela na mesma hora, prometendo voltar, antes de sairmos do quarto. Mavie ficou quietinha o caminho todo até o quarto, enquanto eu me perguntava se tinha feito algo errado.

Entramos no carro para fugir do frio e eu esperei que ela me falasse o que havia de errado, mas Mavie permaneceu em silêncio, observando as ruas do lado de fora do carro, vendo as pessoas que andavam cobertas de roupa por conta do frio, esperando pela neve que viria em breve.

—Tudo bem? —Indaguei, vendo-a olhar pra mim com as sobrancelhas unidas, antes de engolir em seco e balançar a cabeça que sim.

—Sim, sim. É só... —Mavie parou de falar, soltando um suspiro pesado, antes de erguer a mão e esfregar a testa. —Queria que ela se lembra-se de você. Queria que ela soubesse que eu sou namorada do neto dela e não do seu filho. Você já pensou em dizer a ela que você é neto dela e não filho? Já pensou em explicar sua confusão?

—Não só pensei como já fiz. —Afirmei, encarando o estacionamento parcialmente vazio, sentindo que não estava pronto para ter aquela conversa enquanto dirigia. —No inicio eu a corrigia. Eu explicava pra ela. Fiz isso várias e várias vezes. Das primeiras vezes ela me pediu desculpa pela confusão. Pela doença. Por se esquecer de mim. Era fácil, mas depois ficou difícil, porque a doença progrediu. Das últimas vezes que tentei explicar pra ela, ela caia nas lágrimas quando se dava conta de que o filho e a nora, meus pais, já tinham falecido há muito tempo. Ela ficava tão abalada que os enfermeiros precisavam dar calmante pra ela. Depois disso, parei de tentar explicar. Era mais fácil fingir e fazê-la feliz.

—Ah, Nathan, sinto muito. Eu não pensei que... eu não deveria ter falado nada. —Mavie balançou a cabeça negativamente, de uma forma desanimada demais que me fez levar minha mão até a dela. —Eu não deveria me meter nisso. A avó é sua.

—Você deve, sim. É minha namorada e vem até aqui comigo visitá-la. Precisa lidar com o fato de ela achar que você é uma pessoa que não é. —Apertei a mão dela, abrindo um sorriso dolorido ao ver a expressão de pesar no rosto de Mavie. —Eu sei que só está tentando me ajudar. Não fico incomodado com isso. Nunca vou ficar. Mas acredite quando eu digo, tudo que era possível pra deixar as coisas mais fáceis pra ela, eu tentei. Não quero vê-la sofrer. Já é difícil demais mantê-la aqui, quando eu sei que ela estaria mais feliz em uma casa comigo. Mas não posso cuidar dela e...

—As coisas seriam difíceis demais. Eu sei. —Mavie ergueu a mão e tocou meu rosto com força, me fazendo fechar os olhos e absorver aquele toque. —Você é o melhor neto que ela poderia ter ganhado. E tenho certeza que ela foi a melhor avó do mundo pra você.

Abri um sorriso, puxando a mão de Mavie até meus lábios para beijar seus dedos. Ela sorriu com o meu gesto, com algo se derretendo nos olhos quando se inclinou pra mais perto de mim, até nossas testas estarem coladas. Deslizei minha mão até a bochecha dela, sabendo que ela também era a melhor namorada que eu poderia ter.

—Sabe, minha avó tem razão sobre algo. —Falei, me afastando só um pouco de Mavie, puxando aquela correntinha para fora da blusa, antes de tirá-la. Mavie pareceu se assustar quando fiz isso, o que me arrancou uma risada. —Não vou te pedir em casamento, não precisa se assustar. Sei que é cedo demais pra isso. Mas quero que fique com a correntinha.

—Eu não sei se é uma boa ideia. E se eu perder? E se cair do meu pescoço? —Mavie indagou, mas se inclinou quando fiz menção de colocar a correntinha nela, me ajudando no processo. —Nathan, é uma lembrança da sua mãe.

—Está tudo bem. Você não vai perdê-la. —Segurei o rosto dela e a fiz olhar pra mim, sabendo que aquela era a decisão mais certa de todas. —Fique com ela aí, até chegar a hora de eu pegar o anel, só pra colocá-lo no seu dedo.


Continua...

Como conquistar Mavie Hollis / Vol. 6Onde histórias criam vida. Descubra agora