Capítulo 31: Ela não gosta de você.

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Nathan Blackwood

Minha vó estava sentada na cadeira em frente a janela, observando o clima lá fora, que anunciava que iria nevar muito em breve. Ela não ouviu quando eu entrei e nem quando fui até a mesinha ao lado da cama deixar seu vaso de flores. Mas se virou quando me aproximei e toquei o ombro dela.

—Ah, querido, você veio me ver! —Ela abriu um sorriso brilhante. Quase feliz demais. Meu coração se apertou, enquanto uma felicidade esmagadora tomava conta de mim, junto com uma sensação de pesar. —Estava agora mesmo me perguntando quando você iria aparecer. Você viu que já está tudo decorado para o Natal? Você sempre amou o Natal. Mal posso esperar para sair daqui para nosso jantar em família.

Comprimi os lábios, tentando não me afetar com aquelas palavras, lembrando que faltavam poucos dias para a festa de Natal que estávamos organizando. Mas minha avó não estaria lá, porque eu sabia que se a levasse, talvez aquilo fosse pior do que a manter ali. Engolindo o nó que estava na minha garganta, me sentei na cadeira ao lado dela, levando a mão para segurar a sua.

—Eu precisava de um conselho seu, vó. Estou um pouco perdido e não consigo decidir o que fazer. —Falei, sentindo um peso insuportável nos meus ombros, porque precisava desesperadamente resolver o que estava acontecendo entre mim e Mavie. Não conseguia mais agir como se tudo fosse falso. Como se fosse apenas um acordo. —Tem a ver com a Mavie e...

—Quem é Mavie, Nolan? —Minha avó me encarou com uma expressão esquisita, enquanto eu me dava conta do que estava falando.

—Meredith. Preciso falar com você sobre ela. —Me corrigi, sentindo um gosto amargo na minha boca por não conseguir falar a verdade. Por precisar usar minha mãe. Por saber que ela estava olhando pra mim e vendo meu pai.

Por um momento fiquei sem palavras, desejando que a única pessoa que havia restado da minha família, se lembrasse da minha existência. Se lembrasse do meu nome. Mas ela estava me encarando com o mesmo brilho nos olhos que usava para encarar meu pai.

—O que tem ela, querido? Vocês andaram brigando? Se você a afastar, nem precisa mais vir me visitar. —Minha vó exclamou, me fazendo soltar uma risada baixa. —Aquela mulher é uma luz na sua vida. Não pode deixá-la escapar.

—Você se lembra quando ela veio visitar você aqui, vó? —Indaguei, torcendo muito pra que ela pelo menos se lembrasse de que eu havia levado Mavie até ali. —Quando eu a apresentei a você?

—Ah, sim, sim. Um doce. Ela era um doce. E linda, assim como você. —Ela ergueu a mão e apertou minha bochecha com força, me deixando tenso por um momento. —Por que não a trouxe de novo?

—Vou trazê-la em breve. Eu só queria conversar com a senhora. Acho que eu... —As palavras pareciam brasas na minha boca, queimando para sair. —Acho que eu estou apaixonada por ela, vó. Mas eu não consigo saber se ela sente o mesmo. Não sei se devo falar a ela o que eu estou sentindo ou...

—Oh, meu bem, o amor faz essas coisas com a gente. Nos deixa perdidos. —Minha avó abriu um sorriso compreensível, balançando a cabeça. —Você é um bom rapaz. Ela tem tanta sorte, assim como você também tem. É claro que deve contar a ela o que está sentindo. Abra seu coração. —Ela se inclinou, a mão deslizando pela minha bochecha com força. Quase tive a sensação que ela se lembrava de mim. Mas eu sabia que não. —Abra seu coração e deixe que ela o veja por inteiro. Se ela sentir o mesmo que você, irá abrir o coração pra você também.

—Mas e se ela não sentir o mesmo?

—Ela sente. É claro que ela sente. —O sorriso que ela me deu foi o mais doce possível, fazendo uma sensação calorosa se instalar no meu peito. —Como seria possível alguém não amar alguém como você?

—Acho que ela vai ser a dona daquele anel, vó. Se ela quiser, ele será dela. —Afirmei, sem nem hesitar, sentindo meus batimentos cardíacos dispararem com aquela certeza. Minha avó sorriu mais ainda, se inclinando para deixar um beijo na minha testa.

[...]

Entrei na loja, observando as decorações de natal que abarrotavam a entrada. A maioria das pessoas que estava ali no momento pareciam muito interessadas nisso, enquanto eu passei direito pelo corredor até a área de presentes. Olhei ao redor, me perguntando o que Mavie provavelmente gostaria mais. A vontade de mima-la e cuidar dela era grande demais dentro de mim. Eu precisava fazer alguma coisa, ou ficaria agoniado.

Abri um sorriso ao encontrar um globo de neve, que continha uma miniatura do Central Park. Poderia levar Mavie até lá quando nevasse. Ou talvez preparar outro piquenique para nós dois. Não podia reclamar da festa de ontem, porque o beijo foi incrível. Mas prefiro mil vezes quando não preciso dividir a atenção dela com ninguém.

—Comprando presentes de Natal, Blackwood? —Fiquei rígido quando escutei a voz da D'Angelo atrás de mim, sentindo um desconforto se instalar no meu peito, como se ela carregasse uma aura pesada por onde ia.

—D'Angelo. —Falei, acenando com a cabeça ao olhar na direção dela, antes de voltar a atenção para o globo de neve.

—Posso saber pra quem é? —Olhei para Heather, engolindo em seco ao observa o sorriso enorme que estava nos lábios dela. —Se for para a Mavie, posso te ajudar a escolher. Sabe, nós duas somos amigas. Conheço ela muito bem.

—Já comprei o presente de Natal pra ela. —Afirmei, umedecendo os lábios com a língua, enquanto sentia uma vontade assustadora de manter distância daquela garota. —E eu sei que vocês não são amigas. Mavie jamais seria amiga de alguém que machucou a irmã dela.

—Mavie não é tão certinha quanto você imagina. —Sibilou, com o sorriso sumindo dos lábios, dando lugar a algo sério.

—Fique longe dela. —Pedi, usando um tom de voz muito baixo, me afastando de Heather quando ela soltou uma risada alta, como se achasse que eu estava brincando.

—Pode ficar comprando presentes pra ela igual um trouxa. Isso não vai fazer ela gostar de você. Ela não gosta de você. —Heather afirmou, e não foi difícil detectar a convicção na sua voz, que me atingiu como um sono no estômago. —Você pode até ser bonito, mas é só um cara que joga no time de hóquei que todo mundo acha esquisito e prefere manter distância. Na real, as pessoas só falam com você por causa do Briar. Se não fosse por ele, você seria insignificante.

A encarei por um longo momento, sentindo aquelas palavras atingirem meu coração em cheio, doendo mais do que eu esperava que doessem. Pensei em várias coisas que poderia dizer a Heather, mas minha garganta estava fechada pela sensação pesada que tomou conta de mim. Então apenas virei as costas e fui embora, com o sorriso dela me assombrando pelo caminho todo até em casa.


Continua...

Como conquistar Mavie Hollis / Vol. 6Onde histórias criam vida. Descubra agora