Nathan estacionou na frente do café, enquanto eu ainda tentava me recuperar dos últimos segundos daquela festa. Estava tão feliz, porque nós dois estávamos nos dando tão bem. Eu podia sentir até uma química entre nós dois. Mas então tudo desandou rápido demais. Nathan estava desconfortável e eu me sentindo mal na minha própria pele.
Tínhamos passado o caminho todo em silêncio. Tinha olhado para Nathan uma vez ou outra, o observando focado na estrada, enquanto puxava o ar com força, parecendo contar quantas respirações soltava. Não tive coragem de dizer nada, porque a química que eu achava que tínhamos, tinha morrido no instante que entramos dentro do carro.
—Pode me dar uma nota por hoje? —Questionou, me fazendo murchar no banco e fechar os olhos com força, porque de todas as coisas que eu esperava que ele dissesse, essa era a última delas. —Só pra eu saber se preciso melhorar ou não.
No inicio, depois da nossa conversa no café, tinha pensado que Nathan estava disposto a me ajudar e que isso podia nos aproximar a ponto de virarmos amigos. Mas depois dessa noite, tenho a sensação que Nathan não pensa como eu. Isso é como um trabalho pra ele, que ele está disposto a entregar e ganhar nota 10. Mas isso faz com que eu me sinta ainda mais fútil por ter feito aquela aposta.
—Uma nota. —Suspirei, tirando o cinto e abrindo a porta do carro, antes de olhar para Nathan. Ele estava olhando fixamente pra frente, com as mãos ainda no volante e uma expressão tensa. —Cinco.
Não fiquei para ver a reação dele, apenas desci do carro e corri para dentro de casa, me perguntando onde diabos eu havia me metido. Não percebi que estava quase chorando até estar trancada no meu quarto, contando até 10 e respirando fundo na tentativa de conter as lágrimas. Tinha funcionado, mas eu ainda me sentia horrível por dentro.
[...]
Observei Wyatt e Taylor tentando ensinar Luca a patinar. Nosso mais novo irmão nunca tinha entrado em uma pista de gelo e estava com dificuldade em se manter de pé. Mas desde que Jasmine havia o levado para ver um jogo de hóquei do Briar, ele havia se apaixonado pelo esporte, para a tristeza de Wyatt, que tinha certeza que nosso irmão ia ser jogador de basquete como ele.
—Se me contar porque está assim, te conto porque terminamos. —Joe se sentou ao meu lado, me estendendo um pacote de balas. Eu acabei rindo, roubando algumas antes de joga-las todas na boca de uma vez só. —Fiquei sabendo que você e o Nathan passaram a festa toda juntos e depois ele te trouxe em casa.
—E como irmão super protetor e ciumento, qual é a sua avaliação sobre ele? —Indaguei, mesmo que o que eu e Nathan tivéssemos não fosse nem um pouco sério. Eu não precisava ficar me lembrando que tudo isso era uma farsa, mas ainda sim, ontem a noite, doeu como se fosse de verdade.
—Nathan é o melhor cara que você pode namorar. Respeitoso, inteligente e gentil. Juro que não vou tentar estragar um encontro de vocês dois. —Joe afirmou, me fazendo soltar uma risada sem graça, porque definitivamente aquilo era ridículo. De todos os caras com quem já sai, Nathan era o último que deveria receber a aprovação de Joe. —Mas pelo visto, você não curtiu muito.
—Não é isso. É mais complicado, na verdade. —Soltei um suspiro pesado, balançando a cabeça negativamente. —Nathan é uma ótima pessoa, mas eu acho que a gente não combina nem um pouco.
—Grande bobagem. —Joe retrucou, falando mais pra si mesmo do que pra mim. —Lívia terminou comigo, porque acha que essa distância toda está atrapalhando nossas vidas. Ela não tem como vir pra cá agora e eu não tenho como ir pra lá, então não faz sentido a gente continuar juntos.
—Se quiser, posso arranjar uma garota incrível pra você. —Falei, observando ele me lançar um olhar de puro ceticismo. —O que? Eu sou uma ótima cúpido, ok? Minha vida amorosa pode ser uma merda, mas eu sei como juntar duas almas gêmeas. Fiz isso com a Jas e o Briar.
—Eles já gostavam um do outro, mas não é a mesma coisa no meu caso. —Joe rebateu, me fazendo bufar em resignação, sentindo ele me empurrar de leve com o ombro. —Não sei o que está rolando com você e o Nathan, mas se eu fosse dar uma de cúpido, iria dizer que vocês são almas gêmeas.
Joe se levantou e foi pro gelo se juntar com os nossos irmãos, sem ver a expressão de incredulidade que se abriu no meu rosto, porque aquilo era a última coisa que eu e Nathan éramos. Nos conhecíamos a anos, desde que entramos na faculdade, mas nunca trocamos um flerte ou um olhar de interesse. Não havia nada ali para ligar qualquer um de nós. A não ser a aposta, que eu já me arrependia amargamente de fazer.
Nathan tinham razão, eu era mesmo o sapo da história. Heather tinha me amaldiçoado com aquela aposta, porque agora eu sabia que não importava o quanto eu tentasse, eu não conseguia dar certo com alguém. Nem mesmo quando tentava combinar alguma coisa falsa com alguém dava certo.
Meu celular vibrou no bolso, me fazendo soltar um suspiro pesado, porque não estava interessada em conversar com ninguém. Mas quando o puxei, tive um vislumbre do nome de Nathan na tela, o que fez meus ombros se encolherem, porque não estava pronta pra mais uma tentativa de encontro falso com ele.
Nathan — Oi, Mavie.
Briar vai trazer a Jas no casarão mais tarde.
Pode vir também?
Precisamos conversar.Afundei nas arquibancadas, gemendo de frustração, porque sabia que aquilo ia acontecer. Depois da reação de Nathan quando o toquei ontem, tinha certeza que na primeira oportunidade ele iria dizer pra mim que nossa farsa não ia dar certo. E a culpa era toda minha, por simplesmente não conseguir fazer as coisas darem certo durante a festa. Eu tinha ultrapassado alguma barreira e agora precisava lidar com isso.
Continua...
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Como conquistar Mavie Hollis / Vol. 6
RomanceMavie Hollis tem absolutamente tudo sobre controle no que se refere a sua vida. Obstinada e confiante, ela sabe muito bem qual o rumo sua vida vai tomar assim que se formar em gastronomia, o curso dos seus sonhos. Mas enquanto sua carreira está mais...