Capítulo 49: Meu nome é Mavie.

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Ela também estava sentada em um banco, mas em vez de observar as crianças tirando foto com o papai noel, encarava o céu, como se esperasse por alguma coisa. Quando me aproximei com cautela, me perguntando se ela me chamaria pelo nome da mãe do Nathan, acenei na direção do carro, avisando Joe que era ela.

—Sra. Blackwood? —Chamei, fazendo-a olhar pra mim, mesmo que soubesse que ela já tinha notado minha presença muito antes. Seus olhos se demoraram no meu rosto, enquanto ela franzia e testa, parecendo confusa. —A senhora está bem? Estávamos procurando por você a tarde toda.

—Eu imaginava. —Ela comprimiu os lábios, ajeitando o lenço de tricô que estava ao redor do seu corpo, enquanto soltava uma respiração pesada, que saiu como uma névoa da sua boca. —Você já ligou pro pessoal da casa de repousou ou ainda vai ligar? Quanto tempo eu ainda tenho em liberdade?

—Em liberdade? —Acabei rindo, porque fiquei surpresa demais com as palavras dela. Cheguei até o banco onde ela estava e me sentei ao seu lado, me perguntando se ela estava com frio, mas aparentemente não. —A senhora não está presa. Aquele lugar não é uma cadeia. É um lar.

—Nos duas temos significados bem diferentes para lar, minha cara. —Retrucou, usando um tom de voz resignado, antes de balançar a cabeça negativamente. —Eu só queria sair um pouco. Sempre achei que a cidade ficava linda nessa época do ano. Mas vocês nunca me deixam ir longe.

—Vocês? —Repeti, olhando pra ela com as sobrancelhas erguidas. —A senhora se lembra de mim? Eu sou namorada do seu filho, lembra?

—Namorada do meu filho? —Ela me lançou um olhar esquisito, como se eu tivesse um parafuso a menos, antes de me dar uma boa olhada e negar com a cabeça, exibindo uma expressão quase ofendida. —Por que você está tentando mentir pra mim? Meu filho só teve uma namorada durante toda sua vida. O nome dela era Meredith. Ela era um joia rara, que não se encontra em qualquer lugar. —Afirmou, me fazendo ficar rígida, ao mesmo tempo que surpresa, porque ela falava como se... —Mas os dois já partiram há muito, muito tempo. Sinto falta deles, mas não a ponto de entrar numa brincadeira assim como você.

—Me desculpa, sra. Blackwood, eu achei que... eu pensei... —Parei de falar quando ela olhou pra mim, sentindo meu coração martelando no meu peito quando ela me encarou, franzindo a testa como se estivesse pensando em algo, antes de seus olhos se iluminarem quando ela pareceu se lembrar.

—Você não trabalha naquele lugar, não é? —Indagou, mas a pergunta soava retórica, além de ela balançar a cabeça negativamente e abrir um sorriso doce pra mim. —Não, você não trabalha. Você ia me visitar com meu neto.

Meus lábios tremeram ao ouvi-la dizer aquilo, enquanto eu sentia que meu coração estava muito perto de explodir quando ela se inclinou e tocou minha mão com tanto carinho. Senti meus sentimentos transbordando naquele momento, quando percebi que ela se lembrava. Ela sabia.

—Meu neto amado. —Ela suspirou, com tanto carinho na voz que era difícil não perceber. —Parece que ele encontrou uma joia rara igual o pai dele. Me desculpa, querida, eu confundi as coisas. Estava jurando que você trabalhava lá, porque já tinha te visto no meu quarto. Agora eu me recordo, mas não me lembro do seu nome.

—Mavie. —Falei, abrindo um sorriso muito grande pra ela, antes de apertar sua mão. —Meu nome é Mavie.

—Mavie é um nome muito, muito bonito. —Ela balançou a cabeça, como se isso fosse um fato incontestável, enquanto eu sentia vontade de rir, porque estava surpresa e feliz demais por ela se lembrar. Mal podia esperar para ver a reação de Nathan. —Você sabe onde o Nathan está? Eu gostaria muito de vê-lo antes de precisar voltar para aquela cadeia.

—Aquele lugar...

—Ah, eu sei, querida. Eu sei que aquele lugar é o melhor pra mim. —Ela riu quando percebeu o que eu ia falar, dando alguns tapinhas de leve na minha mão. —Mas não significa que eu vá me comportar enquanto estiver lá.

—Não, é claro que não. —Falei, soltando uma risada com o quão incrível aquela senhora era. Ela deveria ser ainda mais quando era jovem.

Olhei na direção que o carro de Joe estava estacionado, antes de me virar para a avó de Nathan, vendo-a encarar a correntinha no meu pescoço, onde o anel da família dela estava. Não tinha notado que ele estava a mostra, mas não tinha importância. Aquilo era só mais uma confirmação pra ela de quem eu era. Ou iria ser em algum momento.

—Minha casa fica aqui perto. O que acha de irmos pra lá esperarmos o Nathan? —Questionei, antes de indicar o carro de Joe. —Aquele é o meu irmão. Ele já ligou pro Nathan e ele já deve estar vindo.

—Ah, é uma ótima ideia. Está tão frio aqui. —Afirmou, enquanto eu abria um sorriso e a ajudava a ficar de pé, antes de nós duas irmos na direção do carro de braços dados. —Nathan ama o Natal, sabia? Costumava ser a época do ano favorita dele.

—Ele me disse. —Falei, abrindo um sorriso, enquanto via Wyatt pular para o banco da frente quando nos aproximamos, deixando que eu fosse atrás com ela. —Estávamos preparando uma surpresa. Iríamos todos passar o natal na casa de repouso com a senhora. Nathan queria muito isso.

—Oh, jura? —Ela pareceu surpresa e visivelmente emocionada, levando a mão livre ao peito. —Eu estraguei tudo não é? Que velha destrambelhada que eu sou.

—Está tudo bem. Estou feliz por ter encontrado a senhora. Ainda podemos ter nosso Natal todos juntos. —Lancei a ela um sorriso tranquilizador, que pareceu a derreter por completo, enquanto eu abria a porta do carro e a ajudava a entrar, apresentando cada um dos meus irmãos pra ela. —Eu só não sei ainda, como foi que a senhora fugiu?

—Ah, eu escalei o muro. —Afirmou, como se não fosse nada, fazendo meus três irmãos e eu olharmos pra ela, nos questionando como ela conseguiria aquele feito. Mas parece que a avó de Nathan conseguia ser muito surpreendente.


Continua...

Como conquistar Mavie Hollis / Vol. 6Onde histórias criam vida. Descubra agora