~CAPÍTULO DOIS: BILLIE

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BILLIE DESPERTAR
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Los Angeles, Califórnia
29 de agosto
02h13min

Eu estava novamente naquele ambiente avermelhado, o cheiro de bebida barata estava impregnado em minhas narinas tão forte, que causava dor de cabeça em certos momentos. Bryan segurava meu corpo fortemente enquanto conversava com seus amigos. Confesso que ali não era onde eu queria estar.

—Ei, Eilish, aceita uma bebida? — Henry apareceu em meu campo de visão, segurando um copo de plástico em suas mãos.

—Não, valeu, estou bem assim. — Henry revirou os olhos.

—Para de ser tão santa, toma logo e vai se divertir. — Ele colocou o copo vermelho em minhas mãos e saiu.

Eu encarei a bebida estranha que preenchia aquele copo, não fazia ideia do que tinha ali, o cheiro exalado era forte e estava entre vodka, morango e algo desconhecido.

—Vai beber ou não vai? — Bryan murmurou em um tom grosseiro.

Eu entendia sua frustração, brigamos antes de vir. Hoje eu queria apenas um programa de casal, cinema, amassos e carinho, não estava afim de festas.

Suspirei e experimentei um pouco do líquido, afinal eu não tinha nada a perder. Ele era bom mas algo amargava no final, não reconheci o que poderia ser.

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02h37min

Olha lá sua ex, Bryan! — Taylor cutucou Bryan e apontou para Keyla — Ela está secando a novata.

Não julgo, olha aquela mulher. — Bryan molhou os lábios.

Vi as duas garotas no canto da sala, Keyla estava devorando uma desconhecida.

Ela era bem bonita por sinal, pele branca, cabelos pretos, se destacava na multidão.

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02h59min

O mundo começou a girar em câmera lenta de repente, aos poucos comecei a ficar fora de mim. Essa era a sensação de estar bêbada?

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03h12min

Finalmente se desgrudou daquele traste! — Daiana exclamou assim que me joguei ao seu lado.

Acho que estou muito bêbada... — Minha fala saiu extremamente arrastada.

Bêbada? Você está drogada, olha o suor escorrendo pelo seu rosto. O'Connell, o que você usou?! — Anna exclamou enquanto passava suas mãos pelas minhas bochechas.

Não estou bem. — Falei sentiando minha visão escurecer cada vez mais.

☆☆☆

Los Angeles, Califórnia.
30 de agosto
07h24min

Essa é minha última lembrança sobre ontem à noite, elas estavam passando como fotografias rápidas e emboladas em minha memória.

Minha cabeça está latejando tanto, parece que ela vai explodir a qualquer momento.

Eu realmente não queria ir para o colégio, tinha até uma desculpa, mas não tenho escolha.

—Bom dia, filha! — Minha mãe falou animada, dificilmente ela fica assim — Tá com essa cara por quê? Tá de ressaca?

—Não sei. — Respondi rispidamente.

—Não precisa ser grosseira, Billie. — Eu não fui, realmente não sei o que eu estou sentindo.

—Ok. — Coloquei meu capuz e me retirei. Não estava afim de discutir.

A brisa gelada que me atingiu assim que eu pisei na calçada me pegou de surpresa, fazendo a ponta do meu nariz congelar. Mas felizmente eu estava preparada, como se eu já estivesse a esperando.

Estava me sentindo tão mal que até a luz do sol estava me incomodando, infelizmente Bryan não veio me buscar hoje, para ser sincera, uma parte minha estava agradecendo.

☆☆☆
07h56min

E lá estava eu novamente, naquele ambiente frio, desconfortável e barulhento.

—Bom dia, O'Connell! — Daiana apareceu animada, sua animação fez a minha cabeça latejar.

—Dia. — Respondi baixo.

—Você não parece nada bem. — Anna falou, me fazendo encara-la com um olhar de "Jura?".

—Não estou, minha cabeça parece que vai explodir. — Elas se entreolharam e me encararam em seguida — O que foi?

—Você usou algo ontem? — Franzi o cenho, não me lembro de ter usado algo ontem.

—Não...? Não lembro metade da festa, só sei que tomei um drink que o Henry me entregou. — Falei, trancando o armário.

—Tá explicado. — Anna alegou — Te drogaram, O'Connell. — Puta que pariu, eu liguei os pontos agora.

—Que merda! — Murmurei extremamente irritada.

—Não sei por que você ainda namora com ele. — Daiana questionou enquanto entrávamos na sala.

—Falando a verdade, nem eu sei. — Sentei em minha carteira e abaixei a cabeça.

Minha meta hoje é não dormir em todas as aulas.

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10h03min

Minha meta quebrou, o estrondoso sinal tocou e eu despertei.

—Bom dia, flor do dia! — Anna exclamou.

—Acabou a aula? — Falei confusa, o sono ainda estava me dominando.

—Não, idiota, é o intervalo agora. — Revirei os olhos — Vamos, O'Connell, ninguém mandou você namorar um imbecil que deixa os amigos te drogarem. — Levantei meu dedo do meio para ela.

—Vai se fuder!  Coloquei meu capuz e com muito esforço me levantei.

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10h10min

Estava escutando atentamente a conversa que Daiana e Anna estavam tendo enquanto tomava um suco de maçã.

—Eai, linda. — Bryan chegou de surpresa. Engraçado como ele sempre atrapalha — Tudo bem?

Ele circulou seus braços sobre meu corpo e em um movimento quase instantâneo eu me desvenciliei sem o responder.

—Tá assim por quê? — Ele engrossou a voz.

—Você deixou seus amigos me drogarem! — Ele desviou o olhar — Ou vai me dizer que não sabia?

—Não foi nada de mais. — Ergui as sobrancelhas assustada.

—Como assim?! Nada de mais? Você tá falando sério? — Ele concordou com a cabeça — Vai tomar no seu cu. — Virei de costas na intenção de me afastar, mas fui impedida pelo forte aperto de sua mão.

—Me desculpa, gata. — Ele me puxou, me beijou e depositou a mão em minha bunda. No mesmo momento, me afastei.

—Vai se fuder! — Virei as costas e saí andando o mais rápido possível.

Eu estava tão transtornada, tenho certeza que meu rosto estava vermelho.

Sempre acaba assim, não conseguimos brigar sem ele partir pra cima. Me sinto suja, usada, ele pensa ter o total controle sobre mim, principalmente sobre meu corpo e minhas ações.

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13h43min

Cheguei em casa esgotada, joguei minha mochila em algum canto e após o único momento relaxante do meu dia, joguei-me na cama.

Diversos pensamentos invadiram minha mente assim que meus músculos relaxaram. Eu fui drogada pelos amigos do meu namorado, Bryan, me usava sempre que podia, eu me sentia suja na maioria do tempo.

Pensamentos suicidas estavam fazendo parte da minha rotina há algum tempo, eu estou tão cansada de tudo.

A esta altura do campeonato, lágrimas raivosas e entristecidas escorriam pelo meu rosto.
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EUPHORIA-BILLIE EILISH Onde histórias criam vida. Descubra agora