Cassie MyllerJá era uma da manhã e eles estavam cheios de energia, o Ares e o Lion estavam meio bêbados, a Jenna a rir-se das figurinhas do Lion, o meu irmão e o Nicholas a falarem de carros e eu num canto a ver aquela merda toda.
— Anima-te Cass! — Pediu-me o meu irmão.
Não me dei ao trabalho de lhe responder, limitei-me a encolher os ombros e continuar a ver aquelas cenas tristes do Lion.
— Querem jogar verdade ou desafio? — sugeriu a Jenna.
— Isso é jogo de crianças Jenna. — respondeu-lhe o Nicholas.
— Mas vamos jogar! — Disse a Jenna enquanto se sentava no chão.
Fizeram todos o mesmo, tirando o Lion que foi para o quarto dormir.
A Jenna começou a girar a garrafa e calhou ela para o James.
— Verdade ou desafio James? — Perguntou a Jenna.
— Verdade. — Respondeu-lhe.
— É verdade que já bateste com o carro mais de cinco vezes?
— Não foram cinco! Foram quatro! A última vez foi a miúda que bateu contra mim! — Defendeu-se.
Rimo-nos todos, a verdade era que não fazia a menor ideia que o meu irmão tinha batido com o carro tantas vezes.
O meu irmão girou a garrafa e calhou o Ares para mim.
— Verdade ou desafio Cassie? — Perguntou-me.
— Desafio. — Sou corajosa e sinceramente era só um jogo.
— Desafio-te a virares um shot de Tequila sem limão nem sal.
Odiava ingerir álcool, fulminei-o com o olhar enquanto preparava o meu shot.
Mas afinal um desafio era um desafio, tinha que o cumprir. Engoli aquele liquido que me queimou a garganta inteira, mas manti a postura e não expressei nenhum desconforto. O meu irmão admirou-se, mas já não era a primeira vez que o fazia, antes de nos mudarmos fazia isso quase todos os fins-de-semana várias vezes com as minhas amigas.Mais uma vez girou-se a garrafa e calhou a Jenna para o Nicholas.
— Verdade ou Desafio Nick? — Perguntou-lhe a Jenna.
— Desafio. — Respondeu simplesmente.
— Desafio-te a beijares alguém que queres conhecer melhor.
A Jenna fez de propósito! Só havia ali uma pessoa que o Nicholas não conhecia bem, e era eu.
O Nicholas veio até mim e deu me um beijo seco nos lábios, que não durou nem dois segundos.
— Bom o jogo acaba por aqui, já excedeu limites. — Resmungou o James.
— Estraga prazeres! — Disse-lhe a Jenna.
O Nicholas e o Ares foram para o quarto do meu irmão e a Jenna para o quarto de hóspedes para a beira do Lion.
Fiquei a pensar naquele beijo a noite toda, porque é que isso não saía da cabeça? Ele não fez aquilo com vontade, pelo contrário, acho que era a única opção que tinha, não iria recusar um desafio.
Como não consegui dormir eram cinco e meia da manhã e saí para correr. Na Califórnia o Sol nascia por volta das cinco da manhã, era tudo diferente.
Fui até a praia e fiquei lá até as sete e meia, quando decidi voltar e tomar um banho.Depois do banho vesti um conjunto de saia e top bege. Desci para a cozinha e encontrei todos de pijama ainda a falarem.
— Já estás arranjada? — Perguntou-me a Jenna surpreendida.
— Não consegui dormir. — Respondi.
Não queria olhar para o Nicholas, eu sei que aquilo foi só um beijo num jogo estúpido de crianças, mas não o tirava da cabeça nem por um minuto. Então, peguei numa torrada e fui direta para o meu quarto.
Umas horas depois alguém bateu à porta do meu quarto.
— Entra.
Desviei o olhar do meu livro para a porta e vi que era a Jenna.
Pousei o livro ao meu lado e prestei atenção ao que ela tinha para me dizer.
— Eu tive que o fazer Cass. — Disse.
— Jenna, convence-te de uma coisa, não vai acontecer nada entre mim e o Nicholas, somos de realidades diferentes. Ele nasceu num berço de ouro, sempre teve dinheiro, e eu Jenna? Eu vim de uma família que mal dinheiro tinha para pôr comida na mesa. Não somos feitos um para o outro.
— Cassie vocês gostam um do outro, eu vejo a forma como olham um para o outro!
— Não, não há nada a acontecer entre nós porra!
— Se ele não quisesse saber de ti ele não entrava num mar gelado quando estavas em pânico.
— Isso chama-se >ter bom senso<, não é um ato de amor.
— Um dia vais admitir que vocês foram feitos um para o outro, até lá, fazes oque quiseres Cass. — Disse-me de forma indiferente.
Vi-a sair do meu quarto e descer as escadas. Não demorei muito e desci também.
— Amanhã já temos aulas, temos que aproveitar hoje à noite, bora sair? — sugeriu o meu irmão.
— Por mim podemos ir. — Concordou o Ares.
O Nicholas e o Lion limitaram-se a assentir com a cabeça.
— E vocês meninas? — Perguntou-nos o Lion.
— Claro que vamos. — Respondeu a Jenna pelas duas.
Não me importava de ir sair aquela noite, afinal não ia ter mais nada para fazer.
Passaram a tarde a jogar playstation , não faziam mais nada, senão estar a agarrados aquela merda. Eu e a Jenna pelo contrário fomos ao shopping e compramos roupas novas. Quando chegamos a casa os rapazes foram tomar banho, eu e a Jenna fomos arranjarmo-nos.
Vesti uns calções de ganga pretos e uma t-shirt preta. Amarrei o cabelo num rabo de cavalo com dois farrapitos soltos à frente, e claro pus as minhas botas de salto alto pretas adorava aquelas botas mais que tudo. A Jenna também estava muito bonita, pôs um vestido branco que lhe ressaltou a cor morena da pele e o cabelo crespo cacheado.
Descemos as duas juntas e esperamos pelos rapazes com as chaves do carro nas mãos.
— Deixem-nos conduzir porfavor! — Pedimos mutuamente mal o meu irmão e o Lion apareceram.
Olharam um para o outro antes de nos responderem.
— Com cuidado. — Disse o meu irmão a dirigir-nos um olhar matador.
Descemos até aos carros, o Ares ia com o Nicholas na sua Ferrari. Mal entramos na auto-estrada começaram as corridas, a Jenna fazia-me sinal e acelerava, ingnorava o meu irmão enquanto ele reclamava da velocidade, era assim que era feliz.
Quando chegamos ao bar estava cheio de pessoas, e a música ensurdecedora ecoava dentro da minha cabeça. Entramos, mas faltava um carro ali, o Nicholas ainda não tinha chegado. Será que lhe aconteceu alguma coisa?
Porque é que o maldito Nicholas Leister não me sai da cabeça, porra?

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O Pesadelo
RomanceCassie Myller, a separação dos pais não lhe fez nada bem, nem a ela nem ao irmão, ambos destruídos psicologicamente, o apoio um do outro. Um pai abusador e uma rapariga de dezasseis anos a viver um pesadelo.