O Pesadelo

Chapter 19 - Dad.

Cassie Myller

- Está bem. Vou viver contigo - Aceitei, sem acreditar no que estava a fazer.

Um sorriso radiante apareceu no rosto dele.

- Repete. - Pediu-me, desencostando-se da bancada e segurando o meu rosto entre mãos.

- Vou viver contigo, vamos viver juntos.

Acabaram-se os pesadelos, acabaram-se os medos; com ele ao meu lado, conseguiria recuperar pouco a pouco, com ele seria capaz de superar qualquer coisa. Puxou-me o rosto e pousou os lábios sobre os meus. Senti o seu sorriso. Ele estava feliz, era verdade, sentia-o, e estava contente por isso.

- Deus do céu, amo-te tanto! - exclamou, apertando-me pela cintura, contra o seu corpo. Abracei-o e ri-me por cima do ombro dele, ao ver que a Jenna olhava para nós, da entrada da cozinha. Íamos viver os dois juntos, Eu e o Nick.

- Meu Deus não me acredito! É mesmo verdade Cass? - Perguntou a Jenna entusiasmada.

- Sim Jenn!

- Estou tão feliz por vocês meu amores! - Disse enquanto abraçava os dois.

O Nicholas riu-se da figurinha que a Jenna estava a fazer, mas agora estávamos todos felizes, até mesmo o Lion que não percebeu nada do que estava a acontecer.

Poderia ser algo arriscado, mas estava pronta para o fazer pelo Nicholas. O James estaria orgulhoso ao ver me tomar esta decisão mesmo que ele nunca fosse aceitar uma decisão destas se estivesse vivo.

- Vamos celebrar! - Anunciou a Jenna entusiasmada.

- Tas tola Jenna. Não é caso para tanto. - Disse-lhe.

- Tudo o que seja ligado a ti é importante meu amor. - Disse o Nicholas enquanto me dava um beijo na testa.

Subi para o meu quarto e fui me arranjar, tive a pensar como é que ia explicar ao Charles que provavelmente não voltaria a viver em Chicago e que já não ia precisar arranjar mais o meu carro. Vesti-me, pus um simples vestido preto e umas botas de salto pretas também. Não demorei muito, de facto eu era fácil para escolher roupa, o que me fazia demorar mais era o cabelo, amarrei-o num rabo de cavalo delicado e deixei duas mexas caídas pelo rosto.

Umas horas depois o Nicholas entra no quarto e ele estava lindo, com uma camisa social preta e umas calças de fato pretas. Era um dos looks mais habituais do Nicholas mas ficava-lhe impecável.

- Estás maravilhosa amor. - Disse enquanto se aproximava de mim para logo depois beijar-me com desejo e muito amor.

- Tu ainda mais Nick. - Respondi-lhe e peguei na mão dele para sairmos do quarto e descemos até a sala de estar.

- Combinaram looks e tudo! - Comentou a Jenna a rir-se.

O Nicholas não respondeu, limitou-se a rir e a sair de casa. O Lion ia com ele no carro e a Jenna vinha comigo.

Eu e o Nicholas não saíamos um do lado do outro na estrada, ele adorava ver me conduzir, dizia que quando estava a conduzir ficava com um ar mais sério e ficava mais atraente.

Quando chegamos ao restaurante, a Jenna já tinha reserva então entramos à frente daquela gente toda que iria ficar mais de duas horas naquela fila.

Enquanto esperávamos pela comida vejo um homem com um ar conhecido a entrar. Olhei melhor e paralisei ao ver quem era.

Era o meu pai.

Não havia ninguém que eu temesse mais naquele momento, ele sabia de tudo o que eu lhe tinha feito nestes anos em que eu tinha estado em Chicago. Ele sabia dos processos que tinha aberto para lhe destruir a vida e para ficar com o dinheiro que o meu irmão deixou para mim que mesmo assim o meu pai conseguiu ficar com ele.

O Nicholas percebeu que não estava tudo bem, olhou para mim preocupado, viu que estava a tremer por todos os lados, mas eu não conseguia dizer nada.

- Já venho. - Disse simplesmente. Levantei-me da mesa e fui para o lado de fora do restaurante.

Mal pus um pé cá fora desatei a chorar, não sabia o que fazer se o meu pai me reconhecesse e quisesse vingar-se de alguma forma.

Eu não conseguia manter me em pé, então sentei me na beira do passeio com a cabeça junta aos joelhos. Naquele momento a única pessoa que me podia ajudar era o James e ele
não estava lá, nem nunca mais estaria.

Senti uma mão fria nas minhas costas, mesmo sem olhar sabia que era a do meu pai, aquele toque que eu reconheceria entre mil toques.

- Que surpresa ver te por aqui filha.

Levantei-me rápido e tentei sair dali mas ele agarrou-me.

- Agora vais falar comigo, é falta de educação virar costas ao teu pai. - Disse-me enquanto me empurrava contra a parede.

- Larga-me!.. - Saiu um grito abafado entre soluços. Já não estava em mim, já ninguém nos via, ele levou-me para a parte de trás do restaurante, por mais que gritasse ninguém me conseguia ouvir.

Ele começou a puxar-me o vestido para cima e a tocar-me de forma nojenta, aquilo não podia estar a acontecer. Eu não conseguia gritar, eu não conseguia fazer nada, apenas chorava. Aquelas mãos nojentas tocavam-me com desejo, até que tirou as mãos e deixou-me ali sozinha, e saiu como se não tivesse acabado de abusar a própria filha.

Sentei-me no chão e liguei ao Nicholas.

- Amor, onde estás? - perguntou o Nicholas.

Não consegui dizer nada, mas bastou ouvir me soluçar para desligar a chamada e sair do restaurante a correr até vir ter comigo ás traseiras.

- Cassie! - Gritou desesperado ao ver-me naquela situação.

- Tira-me daqui.. por favor!.. - Implorei entre soluços.

Ele pegou em mim ao colo e colocou-me sentada no carro com a porta aberta. Chamou a Jenna e o Lion para ficarem comigo enquanto foi ao restaurante buscar as minhas coisas.

- Amor, precisas de te acalmar.. - Disse a Jenna.

Eu não conseguia parar de chorar, de tremer, de tudo. Estava em real pânico e não sabia o que fazer.

- Eu mato aquele cabrão se o vejo à frente Lion! - Ouvi o Nicholas gritar.

- Eu.. Eu sinto-me nojenta... - Disse entre soluços.

- Calma Cassie, respira fundo. Nos estamos
aqui contigo princesa. - Consolou-me a Jenna.

- Nicholas leva-a para casa, ela não está bem, ela precisa estar contigo agora. - Pediu o Lion.

O Nicholas deu-me um beijo na testa e fechou a porta. Contornou o carro e entrou para o lugar de condutor. Não disse nada, ligou o carro e abriu a janela do meu lado para que eu pudesse respirar melhor. Já não soluçava mas ainda me tremia por todo o lado, sempre que imaginava as mãos dele a tocarem-me sentia um profundo nojo.

Quando chegamos a casa, fui direta para o quarto e tirei aquele vestido e pus um pijama que me tampasse por completo, não queria que o Nicholas visse as marcas que o meu pai tinha deixado.

Quando o Nicholas se deitou prendeu-me a si com o braço.

- Nunca mais ninguém te vai tocar enquanto eu ainda for vivo Cassie. - Prometeu.

Respirei fundo e adormeci.