Kageyama Tobio

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NOTAS INICIAIS: Voltei com o segundo capítulo de "LINHAS". 

Obrigado a todos que responderam o melhor dia para postagem. Ficou sexta, às 12h. 

Essa semana passou tão lentamente, primeiro por causa desse calor. Como tá no estado de vocês? SP tá terrível. Em segundo lugar, porque eu tava muito ansioso para publicar esse capítulo. Motivo? Ele é o meu favorito dentre todos :) 

Preciso dizer que essa fic inteira foi inspirada por dois livros (eu os lia enquanto escrevia): "Tudo é rio", da Carla Madeira e "Crime e Castigo", do Dostoiévski. Duas obras incríveis que eu altamente recomendo. 

Esse capítulo, em específico, está bem poético, bem inspirado na Carla. Acredito que vocês vão gostar. Além disso, temos nossa primeira história contada pelo Omi: Kagehina. 

Não vou falar mais para não estragar surpresas. Qualquer dúvida, é só virem falar comigo. 

Boa leitura, nos vemos lá embaixo!


— * —


Atsumu se ajeitou no banco, ansioso.

— Aqui? Agora? — perguntou.

Sakusa acenou com a cabeça, confirmando.

Não era a primeira vez que o Miya ouviria uma história sobre um frequentador do bar, mas era novidade que fosse de alguém que ocupava o mesmo espaço e no preciso momento que eles.

O loiro sentiu uma vontade inquietante de virar-se e tentar adivinhar quem poderia ser. Os dedos começaram a bater levemente no balcão e quase rodou o pescoço pelo bar, por mais que não tivesse uma única pista do personagem principal da memória que estava prestes a ouvir.

Mas ele não se virou.

O barman sorriu pequeno, notando a curiosidade do loiro. Por um momento, tornou-se o maior espectador daqueles olhos grandes e redondos, que dobraram de tamanho pela euforia da informação inesperada.

Atsumu percebeu, mas fingiu que não.

O que foi bom, pois, em um impulso, o barman segurou a mão alheia cujos dedos estavam inquietos. Acariciou-na na parte de cima, onde os pêlos já não jaziam na pele macia.

E eles ficaram dessa maneira, se degustando um no toque um do outro, sentindo todo aquele calor emanando entre as peles que há muito ansiavam por um mísero toque.

— Cabelos negros, olhos azuis, alto e esguio. À sua direita, na última mesa no canto da parede. Pode olhar, ele não está prestando atenção.

Atsumu quebrou o olhar e se virou na direção indicada por Kiyoomi.

— O nome dele é Kageyama Tobio.

E o advogado o viu.

Ele não era muito mais novo, não parecia. Usava um grande sobretudo negro, mesmo que não estivesse tão frio. Em sua mesa, uma garrafa de whisky pela metade. Na mão esquerda, o copo com o líquido; na outra, o celular. Qualquer um que olhasse de longe, diria que ele era um jovem ricaço qualquer, aproveitando o dinheiro que tinha e enchendo a cara longe dos pais, que careciam de preocupação e cuidados com o filho.

Mas Atsumu sempre foi atento aos detalhes. Dentro de seu trabalho, eles eram o crucial para ganharem um caso. Era neles que morava a verdade. Ou a mentira.

O Miya viu, naqueles olhos baixos que olhavam para a tela do aparelho, o vazio. Um olhar vago e vidrado, que parecia querer roubar a luminosidade do dispositivo para si. O dedo que usava para manuseá-lo tremia levemente a cada movimento na tela e a outra mão segurava o copo tão fortemente que Atsumu conseguiu imaginá-lo sendo quebrado.

linhas | sakuatsu, atsusakuOnde histórias criam vida. Descubra agora