"O diabo desta vida é que entre cem caminhos temos que escolher apenas um, e viver com a nostalgia dos outros noventa e nove."
-Fernando SabinoEstava batendo um papo com um amigo na escola quando ela passou pela minha frente, parecia ser apenas um ano mais nova que eu, mas não podia estar mais enganado. O mapeamento é em carteiras duplas, e ela veio ser logo a minha, com seus olhos puxados, os cabelos negros e lisos, além da sua pele branca que destaca fortemente seus lábios vermelhos. E aqueles olhos, ah... aqueles lindos olhos, mal havia percebido, mas estava apaixonado pela garota mais linda daquela escola.
?? de ????? de 20?? - Manhã
São apenas cinco da manhã, mas já estou acordado. Eu costumava ter uma rotina de sono bem saudável, mas isso mudou quando... Bom, não sei, mas agora estou com muito sono, como se eu tivesse dormido por poucas horas. Eu me levanto da minha cama e permaneço ali mesmo, pensando em como o dia vai ser cheio.
Meu quarto não tem nada de muito especial, só tem uma porta que leva à varanda e uma linda vista da cidade do décimo nono andar do condomínio. Me levanto e sigo ao banheiro, acendo tanto a luz do banheiro quanto a do espelho, escovo os dentes por mais ou menos três minutos, prestando atenção em cada movimento para ter uma boa saúde bucal. Entro no chuveiro que goteja água quente sobre meu corpo nú e lavo meus cabelos cuidadosamente, um banho refrescante que acorda minha mente aos poucos. Observo cada parte do meu corpo enquanto passo um sabonete por ele, tenho um corpo atlético, destaque para meus braços, que são mais volumosos.
Me enxugo e visto uma cueca nova. Hoje é o meu primeiro dia no segundo ano do Ensino Médio, mas não tenho muitas expectativas. Bom, pelo menos vou ter o Jonas comigo. Sinto uma gota d'água cair na minha nuca e lembro que não penteei meus cabelos, pela primeira vez no dia me olho de verdade no espelho e percebo algo, meus cabelos estão ficando bem grandes. Sempre pedi pra minha mãe deixar eles crescerem, mas... Ué, ela sempre deixou, não sei o que eu tava pensando. Bem, bem, voltando. Eu enxugo meu cabelo penteio ele, o observo me perguntando se ele ficaria legal descolorido, mas também gosto dele preto, já que é a cor natural.
O uniforme da minha escola é bem simples, ele é branco com detalhes verde da gola. A Logomarca da escola fica no peito esquerdo, um FN grande e o nome "Farias Neto" embaixo. É uma escola bem prestigiada, mas minha família é ainda mais, meus pais pagam pra eu estudar lá, é legal, nada além disso.
Saio do meu quarto e dou de frente com o corredor que leva a três caminhos, o quarto de meus pais, o quarto da minha irmã mais velha e a sala principal da casa. Vou em direção a sala principal e não me impressiono muito com a bagunça que está presente. Pacotes de salgadinhos abertos e batatinhas jogadas pelo cumprido e confortável sofá, os controles do videogame jogados pelo tapete, a mais moderna TV ainda ligada e a porta para a varanda ainda aberta, em cima da mesa estão postos uma xícara de cappuccino e um pão com carne moída, que servem para me adicionar toda a energia que eu precisava. Primeiro dia de aula! Não vai ser tão ruim, não é?
Termino meu café da manhã e me levanto da mesa de jantar para ir em direção a saída, mas antes, olho para a minha casa antes de partir, por algum motivo, toda aquela bagunça no sofá me dava uma queimação gostosa no peito, eu me sentia alegre. Ainda assim, tinha um espaço vazio ali, estava faltando algo, estava faltando alguma coisa. De repente, um brilho surgiu em minha mente, em voz alta me alerto, "A mochila seu idiota!". É então quando pego minha mochila, que parto para o começo de um longo ano escolar. É apenas o começo.Farias Neto, uma das escolas mais condecoradas do nordeste brasileiro inteiro, isso faz dela uma das mais caras também, minha mãe é corretora de imóveis, enquanto meu pai é um respeitado empresário de uma empresa automobilística, é correto afirmar que, sim, eles tem condições pra pagarem a mensalidade dessa escola. Ainda tá meio cedo, visto que acordei muito cedo e peguei o primeiro ônibus do meu ponto, então não tem muitos alunos pelo colégio, eu me pergunto se vão ter muitos novatos, esse pensamento acaba me deixando meio nervoso. Eu chego em minha nova sala de aula, o segundo ano 'B', consigo contar duas ou três mochilas postas em algumas carteiras, o cheiro do ambiente escolar, tanto da sala como num todo, é aromatizante, deixa tudo mais agradável. Eu ponho minha mochila na carteira do canto esquerdo da sala, eu não sou tão burro assim, isso para não dizer que eu tiro as melhores notas da sala, é só que... Só que...
Eu coloco minha mochila na frente da mesa do professor, que é onde eu me sentei minha vida toda. Não sei o que estava pensando quando pensei em me sentar no canto da sala. Não vejo essa escola desde as últimas férias, e ela é enorme, então resolvo dar uma de andarilho enquanto os alunos vão chegando. Eu reconheço sua maioria dos segundos e terceiros anos, mas não consigo reconhecer alguns, talvez sejam dos primeiros anos. Porém, no pátio principal da escola, eu reconheço uma figura radiantemente monótona, esse era... Jonas? Ah, sim! Meu amigo de infância, Jonas! Ele parece meio desanimado com o primeiro dia de aula.
— E aí, cabeça de nóis todos? Meu fí parece feliz pro primeiro dia de aula né? — eu pergunto ironicamente para ver a sua reação.
Jonas boceja como resposta, seus olhos estão mortos com olheiras que marcam fortemente logo abaixo.
— Macho, se "feliz" for apelido pra "tesão"... Então, sim. E as féria?
— Foram massa, macho, foram massa. Fui pra Itália, oh.
— Ave Maria macho, fazer o quê na Itália?
— Ver se os caba faz tua mãe a bolonhesa, invejoso. — tiro sarro fortemente, acho que me saí por cima dessa vez.
Logo após isso e mais boas risadas, algo tira a minha atenção de Jonas, algo brilhante que merece minha valiosa atenção, uma garota. Ela possui olhos puxados, uma boca vermelha que se destaca em sua pele pálida, seus cabelos longos são negros e lisos e seu corpo magro é perfeitamente curvado, e seus olhos... De alguma forma foram eles que me sugaram. Além do uniforme escolar, ela usava um casaco de couro marrom bastante charmoso. De repente, ouço uma voz abafada me chamar.
— Ei bixin, tu num tá me ouvindo não? — Jonas perguntou, estalando os dedos em frente aos meus olhos
— Foi mal aí baitola, é que eu tava procurando os chifre do teu pai. — novamente, me saí por cima.
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Albatroz: A Praga
FantasyA mídia culpou um renomado cientista, chamado Akemi, pelo caos instaurado pelas nações, o desaparecimento do mesmo deixou diversos mistérios sobre a criação da praga chamada Protótipo Albatroz. Após o começo do apocalipse, um grupo inesperado de sob...