Episódio 2 - O Fim do Mundo

54 6 3
                                    

"O que não conseguimos nos lembrar, ficará conosco como uma ação."-Sigmund Freud

   "Tá calor... cara que calor infernal", esses pensamentos inundam um recém nascido, não um que nasceu fisicamente agora, mas um que nasceu cerebralmente agora.

?? de ???????? de 201?

   Uma garota não para de correr enquanto segura uma maleta na mão, ela é bastante pesada, seus cabelos são negros e seus olhos são puxados, claramente asiática, o jaleco que ela veste atrapalha muito na corrida, então ela o abandona, o que até a ajuda, pois atrapalha um pouco o homem que a persegue pelos corredores desse lugar que é enorme. Uma hora ela começa a perceber o quão cansada ela se encontra, seus gemidos se tornam cada vez mais ecoantes, seu fôlego fica sufocando de tanto correr, num erro tolo digno de um prêmio ela tropeça no seu próprio pé e cai no chão.
    — Imaginei que fosse mais inteligente... — disse a voz grossa enquanto tirava sarro da mulher. — Imaginei que tivesse este local na palma das suas mãos, depois de tudo o que você fez pra chegar até aqui.
   A asiática, molhada de tanto suor e desespero abraça a maleta com todas as forças, de repente começa a olhar para os lados, como se estivesse confusa, como se procurasse um gatilho para algum plano mirabolante. Mas nada é certo e compreendido, antes mesmo da voz grossa se revelar, ouve-se um som trovejante que causa um zumbido muito forte e uma visão branca e cega, mas quase que imperceptível, ela consegue ouvir, mesmo que muito abafada, a voz de um homem.
    — Não vai morrer. Não vai morrer. Não vai morrer. Não vai morrer. Não vai morrer. Não vai morrer. Não vai morrer.

21 de Abril de 2020 - Manhã

   Quase gritando, inspirando o máximo de ar possível como se nunca houvesse respirado antes, ela acorda, era só um pesadelo, mais um desses pesadelos nesse mundo insano na qual ela apenas acabou de conhecer. Como essa grande raiz estava machucando sua lombar, ela fica de pé, mas quase cai por se levantar rápido demais, sua visão escurece e um zumbido toma conta da sua audição. Ao andar cambaleando, tudo isso some em segundos, recobrando sua consciência, ela recorda novamente de tudo no qual vivera nos últimos dias, por algum motivo o seu corpo não está adaptado para o clima desse lugar, com se ele nunca estivesse ali, naquela floresta de árvores secas e espinhosas, com um solo arenoso e a ausência de nuvens no céu. Começara a considerar também se era burra por ainda estar usando essas roupas pretas, mas se lembra de não ter opção alguma a não ser andar nua por aí, na verdade, não era lá uma má ideia. Suas roupas causam sim certa estranheza, uma máscara de doutor da peste negra, com suas lentes de cor vermelha e uma cartola, uma capa preta que a cobre até um pouco abaixo de seu quadril, corset gótico, uma saia média e um Alien Star preto, nos seus braços estão calçados luvas longas listradas em preto e roxo. O seu estilo era no geral gótico, seu corpo é magro mas seduzente, com uma cintura fina e um quadril bem curvado, vale destacar que sua pele seria branca como a neve se não fosse pelo Sol.
   Ainda tonta, ela caminha pela floresta a procura de um riacho que encontrara na tarde de ontem, tira suas roupas e se joga ali mesmo, parecendo uma maluca. A água era rasa a ponto dela se machucar toda, principalmente as partes queimadas de sua pele, o que a fez gemer de dor e se xingar muito.
    — Ai! Boceta, sua burra idiota, ai ai ai, ai. A- Aaaah... — de repente se tranquiliza e relaxa na água, se limpado do suor e de toda a sujeira, nunca estivera tão feliz nesses dias estressantes e confusos. Ela se lava, mergulha, passa suas mãos por todo o corpo com muito cuidado para não machucar as partes queimadas, ao passar as mãos molhadas no rosto, ela o observa, seus olhos negros e puxados, a boca vermelha, seu cabelo curto e moreno, essa imagem a deixava pensativa e com uma expressão melancólica, há algo em seu rosto na qual a deixa triste. Continuara a se banhar pelos próximos minutos, pela posição do Sol parecia ser umas seis e vinte da manhã, havia dormido muito cedo por conta do cansaço, se esforçou tanto no dia anterior que suas pernas ainda doíam muito.

Albatroz: A PragaOnde histórias criam vida. Descubra agora