"Se atirarem pedras contra você, faça delas uma muralha ou um grande castelo."
-Fernando Loschiavo Nery30 de Abril de 2020 - Tarde
Laboratório dos Artrópodes
Kuroi Ferrer não aparentava, mas estava se cagando de medo. Aquela criatura gigante com uma grande dismorfia corporal com certeza daria um pau nele com facilidade. Mas coragem não é sobre não ter medos, mas sim, sobre os enfrentar.
Aquele monstro começa a ser metralhado pelas dezenas de soldados presentes. Os tiros claramente perfuram a sua pele, mas é aparente que a criatura é extremamente resistente, além de não demonstrar o mínimo sinal de dor. O monstro parte correndo em direção aos homens atirando e os atropela. Seus passos fazem a terra tremer como um terremoto. Ele pega alguns homens e os joga longe, outros ele soca, outros ele esmaga com seus grandes pés. Enquanto os assassina, sangue voa para todos os lados. Kuroi, sujo de terra e com sangue bem marcado em seus cabelos brancos, continua com sua guarda focada e grita:
— EEEEI, CÃO CHUPANDO MANGA!!! — mas o monstro não parece dar a mínima para ele — Merda!
A grande criatura para na frente do pé-de-romã e agacha, colocando a sua mão menor na cabeça. Ela começa a grunhir e começa a dar socos no ar de forma irracional. Kuroi percebe que o helicóptero começou a pegar fogo e que a criatura poderia esmagar o helicóptero com Yasuo e Matheus lá dentro, então ele sai de sua guarda e corre em direção ao monstro. Com a sua katana suja de seu sangue ácido, Kuroi é preciso ao atacar o seu braço maior com um corte vertical diagonal. Não parecia ter sido um corte mortal, tendo em vista que ele só queria chamar atenção para longe do helicóptero, o que parece ter dado certo.
O monstro canhoto para de grunhir e olha em direção ao albino com uma expressão de ódio infernal. Não dá outra, a melhor opção de Kuroi é dar meia volta e correr o mais rápido que ele pode, isso enquanto o monstro corre atrás dele. Mas algo o salva, o som de um latido abafa o grito alto da criatura. Era Destroyer! Um pastor alemão adolescente, porém, bravo e corajoso, embora um pouco estúpido, pois mordia a panturrilha esquerda da criatura. Kuroi olha para trás e assiste aquela cena. Matheus, enquanto isso, ajudava Yasuo a sair do helicóptero pegando fogo, aparentemente apenas eles haviam sobrevivido à queda.
— D- Destroyer... — disse Kuroi, um pouco assustado.
O que ele temia que acontecesse poderia ocorrer, Kuroi parecia mais preocupado com Destroyer do que consigo mesmo, e a criatura parou de correr para olhar o que mordia a sua perna. Ela olha para Destroyer da mesma forma que um humano encara um mosquito picando. E para tal encarada só existe um tipo de reação, um tapa!
— DESTROYER! NÃO!!! — gritou Kuroi, em gigante desespero.
Na frente de seu dono, Destroyer estava prestes a lhe causar um trauma gigantesco. O monstro pega Destroyer usando seu gigante braço esquerdo. Devagar, ele assiste aquele pobre cão ser esmagado de forma agoniante. O pobre cachorro gritava, chorava e esperneava, até que não possuia mais um pulmão que o permitisse emitir qualquer voz. Matheus estava sim olhando para aquela situação horrível, mas a reação das pessoas em meio à perda de um ente querido pode ser diferente para cada um A reação de Matheus foi tirar a máscara e o capacete, se ajoelhar e ficar estático, com uma expressão triste em seu rosto. E por mais que a reação de cada um seja diferente, não foi muito diferente para Kuroi e nem para Yasuo, que sequer tinha apego com o cão. Aquele monstro bebe todo o sangue que saía do corpo de Destroyer, e bebia com um certo prazer, não em sentir o gosto do sangue, mas de saber que tirou a vida de um ser importante e muito querido entre todos os soldados que eram amigos do Matheus.
O coitado que estava ajoelhado parece finalmente cair na real e, finalmente, entra em guarda e chora o mais alto possível enquanto atirava na criatura com sua submetralhadora. O canhoto joga o cachorro no chão e olha para Matheus com um sorriso ensanguentado no rosto, o que o deixa com mais ódio ainda. Nos dedos da mão esquerda da criatura, as unhas caem e, em seus lugares, crescem garras grandes e afiadas.
— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH, EU TE ODEEIOOOOOO!!! — chorava Matheus, enquanto atirava e caminhava em direção ao monstro, que parecia caminhar na direção de Matheus. Mas ela é interrompida pela doutora Laura, que havia sumido desde a aparição da criatura. Ela dá dois tiros na cara dele usando uma escopeta que deve ter achado em algum soldado morto.
— Era a minha vez de passear com ele nesse final de semana, seu desgraçado.
— Parem! Não perceberam que as armas não fazem efeito nessa coisa?! — grita Otávio, que saía bastante ferido de um dos carros capotados. — Deixem de ser tão emotivos e corram pelas suas vidas, seus idiotas!
Eles na parecem ter dado muito ouvido, principalmente Matheus, que continuou gastando pentes de bala no monstro. Kuroi foi mais estratégico, agora que a criatura já havia se distanciado de Destroyer, Kuroi foi em direção ao cão, ainda tendo certa esperança de que ele estivesse vivo. Kuroi pega Destroyer, que estava com seu corpo completamente destruído, e corre para seja lá onde Otávio esteja indo. Laura percebe o movimento de Kuroi e deixa suas emoções de lado, correndo na mesma direção que Otávio.
O mesmo não se pode dizer de Matheus, que estava cego pelo ódio e pela vingança. O monstro canhoto parece ter adorado a rivalidade com Matheus, era quase como se ela soubesse que aquele era o dono de Destroyer. Como tudo na vida, a munição de Matheus acaba, mas ele não se acovarda, ele pega uma faca de combate e começa a correr em direção à criatura. Parece suicídio, mas não se pode esquecer que Matheus é um militar altamente treinado. Em frente ao canhoto, Matheus desvia de uma agarrada da mão gigante do monstro e se arrasta por debaixo das pernas da criatura. Aproveitando a guarda aberta pelas costas da criatura, Matheus escala as suas costas usando a faca para se pendurar. Com todo o ódio que lhe restava, o soldado começa a esfaquear sem parar a nuca do canhoto.
— EU VOU FAZER VOCÊ SE ARREPENDER, SEU BOS-
Mas infelizmente, ele é interrompido. A criatura joga, cegamente, o seu braço esquerdo para trás e agarra a cabeça de Matheus. O monstro o usar quase como um boneco e o balança pelos ares e o joga na direção do único carro que não havia capotado. Um zumbido tomava conta da audição de Matheus, que agora só enxergava tudo preto. Seu corpo era tomado por dor em diversas partes. Matheus se sentia fraco e impotente, incapaz de salvar aqueles que ele ama. A sua visão começa a voltar ao normal, mas o zumbido ainda não havia desaparecido, o sangue havia tomado conta de todo o corpo do soldado, mas algo ainda o mantinha de pé. Sua adrenalina era tanta, que ele começou a ignorar as suas dores. Sua determinação era tanta, que começou a ignorar o que ele conseguia ou não fazer, afinal, isso não importava mais, enquanto aquela criatura ainda fizer perigo aos seus companheiros, Matheus não cairia de jeito nenhum! Ele se levanta, cambaleando, mas se levanta, e faz uma guarda de Muay-Thai. Ele não tinha armas, não tinha proteção, mas tinha espectadores torcendo por ele, escondidos entre as matas estavam Kuroi, doutora Laura, que acariciava o cachorro deitado no chão, e Otávio.
— "Deixem se ser tão emotivos e corram pelas suas vidas", Otávio? — perguntou Kuroi.
— E ir pra onde, gênio? — retrucou Otávio.
Distante de Matheus, a criatura, aos poucos, começa a correr em direção ao soldado, que também faz o mesmo. Matheus, bravamente, luta até o fim, mas o final dessa história já era predestinado, o forte sempre se sobressairá. O monstro usa suas garras e faz um estrago diagonal no rosto do soldado, que cai inconsciente no chão. Agora, não havia mais ninguém ali para o monstro matar ou brincar. Depois de um momento, a criatura passa a colocar a mão na cabeça de novo e começa a dar socos ar, grunhindo e gemendo.
— N- NÃO, DE NOVO NÃO! AAAAAAH!
— Esse porra fala?! — questionou Kuroi, surpreendido.
Na sua visão, algo mais voltou a chamar a sua atenção. Era Yasuo, ela estava ali o tempo todo enquanto Matheus lutava contra o canhoto. O seu nariz estava sangrando e o seu rosto expressava ódio. Quanto mais perto ela chegava da criatura, mais ele se debatia e gritava, até que, em certo momento, o monstro corre em direção dos matos e some, derrubando as árvores mais secas e finas em seu caminho, podendo-se apenas ouvir os sons de seus pés batendo no chão e seus gritos.

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Albatroz: A Praga
FantasyA mídia culpou um renomado cientista, chamado Akemi, pelo caos instaurado pelas nações, o desaparecimento do mesmo deixou diversos mistérios sobre a criação da praga chamada Protótipo Albatroz. Após o começo do apocalipse, um grupo inesperado de sob...