"O homem nasceu para lutar e a sua vida é uma eterna batalha."
-Thomas Carlyle30 de Abril de 2020 - Tarde
Laboratório dos Artrópodes
Estava fedendo tanto, por mais que fosse bonita, fedia como esterco. O cheiro de carne podre e vômito o abraça, de alguma forma, é um abraço acolhedor. Mas algo o acolheu ainda mais, era o nome dela.
— Eu sou a Yasuo, mas na frente dos meus amigos, me chama de Julia, tá bom? — dizia em um inglês tal qual Kuroi conseguira entender perfeitamente.
Permaneceram em silêncio, Kuroi tentou processar o que ela dizia, muitas perguntas vinham à sua cabeça, e ele as fez, meio desesperado com a situação:
— Espera, por que eu devia te chamar de Julia? Por que eu deveria confiar em você? Por que ela fede tanto? Quem veio junto com você? Espera aí... Eu vim resgatar você!
— Levante-se, temos que ser rápidos, as perguntas ficam pra outra hora. — dizia Yasuo enquanto se levantava— Suas coisas estão em um quarto ao lado, pegue elas e se arrume.
Yasuo o leva para um quarto no fim do corredor. Esse quarto era como uma dispensa, um espaço claustrofóbico que tem vários itens soltos e empoeirados, uma lâmpada incandescente ilumina fracamente a sala. Eles reviraram a sala como se estivessem roubando uma casa, mas enfim encontraram as coisas de Kuroi, que se veste com as roupas na qual estava usando antes de ser preso. Ele está sem arma alguma:
— Não achou minhas armas? — perguntou Kuroi.
— Devem ter levado tudo ao arsenal, pode dar adeus a elas. — respondeu Yasuo.
— Aaaah, mas nem fudendo! — disse Kuroi, indignado, enquanto saia da sala rapidamente. — Eu não saio daqui sem a Uriel!
Acaba dando de frente com Otávio e Laura, que esperavam os dois na porta da frente. Otávio, em fluente e magnífico português, se apresenta, enquanto estende a mão direita:
— Acho que ainda não nos conhecemos ainda, mudamos isso agora, eu sou Otávio.
Kuroi aperta a sua mão com força e se apresenta de volta:
— Sou Kuroi. Olá doutora Laura.
— Bom, vocês já se conhecem. — Otávio diz um pouco surpreendido.
— E quem não conhece? Ela analisa anatomicamente cada pessoa que entra na cidade. — explica Kuroi.
— Então, cês vão me deixar de fora do diálogo em espanhol? — perguntou Yasuo.
— Espanhol? Tá tirando, Julia? — pergunta Kuroi, em inglês.
— Desculpa se eu tiver atrapalhando o jantar à luz de vela, mas podemos voltar pra cidade? — interrompe Laura, impacientemente, voltando o diálogo para o inglês.
— Negativo. — afirma Kuroi.
— Não entendi, qual a razão disso? — pergunta Otávio.
— Eu não vou embora daqui sem a minha Uriel.
— Ai, tá vendo? Ele não quer sair daqui sem seja lá o que for esse Gabriel. — explica Yasuo.
— É Uriel, é uma katana que eu mesmo forjei. — afirma Kuroi.
— Olha garoto, me desculpe, mas infelizmente a sua espada agora é dos Artrópodes. — explica Otávio, negando com sua cabeça e explicando com desdém e um leve sorriso arrogante.
Kuroi, facilmente, se irrita com a explicação de Otávio e a sua expressão sarcástica, que claramente não liga para a Uriel e quer apenas ir embora o mais rápido possível. Avançando contra Otávio, Kuroi o pega pela gola e o empurra contra a parede. Laura, encostada no canto da sala, parece chateada e passa a mão na testa. Yasuo fica parada igual uma planta, sem entender o real significado daquela situação.
— Você deve ser o cientista sadboy arrogante, né? Então deixa eu te explicar uma coisa, eu mesmo treinei kendo por mais de quinze anos da minha vida de forma fadigante e doente e tive a honra de forjar a minha própria katana e eu mesmo a batizei. — explica Kuroi, praticamente cuspindo no rosto de Otávio. — Então entenda uma coisa, quando você ama algo, você a protege com a vida!
— Se amas algo, então aprenda a se desapegar dela, samurai. — retrucou Otávio, com um claro sorriso arrogante em seu rosto.
Kuroi encara os olhos de Otávio, ele percebe que havia algo de errado com eles. Aqueles olhos amarelos e brilhantes eram intimidadores, mesmo que seu corpo magrelo dissesse o contrário, tudo isso irritava Kuroi mais ainda. Não há muito o que argumentar com ele, então Kuroi o solta e vai em direção à janela do lado da porta da frente.
Observando o lado de fora, Ferrer percebe um movimento meio estranho, um tipo de som familiar, mas ainda assim é estranho. Depois de alguns segundos, o som, na verdade, os sons se materializam, são diversos daqueles mesmos carros que sequestraram Kuroi saindo de uma trilha e indo em direção ao laboratório. Todos conseguem ouvir os som de diversos carros passando pelo lado de fora e parando na frente do laboratório. São mais ou menos dez carros militares com dezenas de membros dos Artrópodes, apontando diversos tipos de armas. Alguns apontam fuzis de precisão, escopetas, submetralhadoras e revólveres. Estavam cercados, não há sequer saídas pelos fundos, pois não há fundos. Com as mãos tremendo, Kuroi fecha a janela da porta.
— São eles, dezenas deles, e estão fortemente armados! — exclama Kuroi.
— B- Bom galera, a gente vai m- morrer... Yeeeeeeeeeeeeeeeh! — comemora Laura, sarcasticamente.
— Ah, isso é ótimo, isso é ótimo, isso é simplesmente ótimo! Não temos saída, não temos defesa, não temos nem pedido de ajuda! — diz Otávio, claramente frustrado.
— Calma pessoal, não entremos em pânico, com certeza deve ter uma forma de sair dessa. — diz Kuroi, enquanto olha para Yasuo, que anda de um lado para o outro desesperada, enquanto esfrega as mão rapidamente. — Por favor, Julia, por favor, assim não, assim você entra em pânico. Por favor, para um segundo. Para, mano, para. PARA AÍ PORRA, EU JÁ NÃO FALEI PRA TU PARAR?!
Se assustando com o grito de Kuroi, ela para, e pergunta:
— B- Beleza, mas o que a gente faz.
— Bom, eu sei que eu disse que a gente vai morrer, mas isso é porque a ajuda não vai chegar a tempo. — disse Laura.
— Elabore, princesa. — diz Otávio.
— Antes de eu me encontrar com vocês dois... — diz apontando para Otávio e Julia. — Eu relatei o andamento da missão para Beta Massive, ah, foda-se, pro Samuel. Ele disse que se eu não respondesse mais em trinta minutos, ele mandaria reforços.
— E quantos minutos já se passaram? — pergunta Kuroi.
— Trinta. — diz a doutora.
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Albatroz: A Praga
FantasyA mídia culpou um renomado cientista, chamado Akemi, pelo caos instaurado pelas nações, o desaparecimento do mesmo deixou diversos mistérios sobre a criação da praga chamada Protótipo Albatroz. Após o começo do apocalipse, um grupo inesperado de sob...