Capitulo VII - Doce mentira ou cruel verdade?

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Ali estava eu a olhar para o corpo caído que escorria sangue naquela que tinha sido até à data a minha casa, e o corpo o meu único refúgio para tudo o que se passou. As minhas forças estavam a zero após a minha tentativa de descobrir a verdade. Seria um sinal para não a descobrir?

Entrei em pânico, não sabia o que fazer, as minhas cordas vocais ainda não estavam em condições  e eu muito menos me iria conseguir levantar para ir à porta. Só havia um solução. 

Eu sabia que nos quartos dos hospitais, por vezes, havia um botão que os enfermeiros ou doutores carregavam para quando um doente estivesse com problemas e  fosse preciso a máquina para as paragens cardíacas. Sim, isso mesmo, eu precisava de carregar naquele botão. 
 

Rapidamente olhei para os lados e analisei aquele quarto pela enésima vez e, ali estava ele - à minha direita um botão grande e vermelho, meio que cliché porém vantajoso pois, assim, conseguia vê-lo. Com a reserva das reservas das minhas forças e mesmo após sair de uma cirurgia cerebral, dei impulso ao meu corpo, estiquei o braço e consegui carregar no botão. Caí no chão e ali fiquei ao lado da Carolina. Consegui ouvir um barulho estranho quase como uma sirene, e consequentemente ouvi passos, rápidos, provavelmente em corrida. 

Os passos iam se aproximando e proporcionalmente os meus olhos iam se fechando. Tudo aquilo me tinha desgastado ao extremo, não sabia se ia morrer ou simplesmente se o meu corpo precisava de descansar. A porta mexeu-se mas depois disso só existe um enorme borrão preto na minha memória.

Acordo com o toque da enfermeira que estava a confirmar as minhas cicatrizes. É a terceira vez que acordo com esta senhora ao meu lado, já começa até a ser rotina. Sinto no meu braço um toque sedoso.

O que seria?

Era um lenço branco e azul, de repente lembrei-me de tudo, da Carolina a desmaiar e eu em seguida. Fiquei num estado de stresse. As palavras ainda mal saíam, mas mesmo assim eu tentei.
 

- O-onde ... está ... a... Carolina ...? - gaguejei com um tom de voz incrivelmente baixo para a enfermeira.

- Ela foi levada para a ala cirúrgica. - a enfermeira esboçou um sorriso com o eventual objetivo de me acalmar - Não te preocupes, está em boas mãos. 

Mal disse isto, uma imagem veio-me à cabeça. Um senhor que vestia o mesmo branco que toda a gente que tinha visto neste hospital. A imagem vinha acompanhada com palavras, as palavras que a enfermeira tinha acabado de proferir. 

Vindas do nada, lágrimas começam a sair dos meus olhos. Não só lágrimas, mas grandes soluços e respirações entrecortadas, literalmente "baba e ranho", um choro incontrolável com uma dor inacreditavelmente grande. 

- N-não chores, ela está bem, acredita os médicos que estão a tratar dela são os melhores deste hospital. – Tentava consolar-me a enfermeira.

No meio daquele pranto, eu não consegui dizer nada àquelas palavras. Contudo, o meu choro não adivinhado que se estava a passar com a Carolina, mas sim de memórias que vieram á tona.

Sim, eu lembro-me da verdade.

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