Capitulo XI - O cair da noite

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O hospital já só estava a 5 minutos da nossa localização actual. Mariana estava em pânico o que me obrigava de certa forma a estar calmo para ela, se eu demonstra-se preocupação ia ser pior.

Entramos pela porta principal, no átrio encontrávamos pessoas idosas a dar a sua volta do costume, o cheiro de álcool e betadine no ar e claro, os familiares desesperados na recepção a tentar saber onde estavam os seus. Esse era o nosso caso.

- Carolina! Ela chama-se Carolina Flores !! - dizia Mariana em desespero.

- A senhora pertence a família? - pergunta a senhora da recepção calmamente.

-Sim ! Ela é minha irmã! - exclama exaltando-se de tal maneira que as pessoas começam a olhar.

- Desculpe não queria ser rude, mas eu precisava de perguntar. - diz enquanto tentando acalmar a irmã da paciente.

Mariana apercebe-se que esta a exagerar, respira fundo, pede desculpa e volta a perguntar pela irmã, desta vez mais calmamente. A recepcionista diz para aguardar e que um médico já vêm falar com ela.

A sala era totalmente branca com cadeiras negras, o contraste era assombroso e o ambiente incrivelmente pesado, mas afinal era uma sala de espera, toda a gente que lá se encontrava estava a espera de noticias, e infelizmente a maioria seriam más.

Ao fundo da sala distinguia-se uma cara conhecida, Margarida, rapidamente ela se aprontou a vir ter connosco.

- Eu tinha acabado de tirar os cafés para ela levar para as mesas quando viro costas e só oiço um som ensurdecedor de metal a cair e porcelana a partir... - relembra a proprietária do café.

Mariana senta-se, ela já não conseguia mais estar de pé. Notava-se que ela queria chorar mas os pensamentos dela não deixava, ela estava demasiado ocupada a entrar em pânico.

O que podia eu fazer para a ajudar? Não sabia, ela sempre foi a mais forte de nós os dois, não sabia como acalma-la. Então sentei-me e restringi-me apenas a isso, estar ao lado dela.

Os medico iam entrando e saindo e por fim um deles foi ao nosso encontro. Mariana não se levantou, as pernas não permitiram. O médico começou a falar cientificamente, creio que nenhum de nós os três percebeu grande parte da conversa. O pior veio no fim.

"O cancro voltou, infelizmente ele metastizou no tecido cardíaco"

Não houve reacção, o choque foi demasiado grande. Teve de ser Margarida a fazer a a pergunta.

- Mas há cura possível?

O médico fez uma pausa.

-Não podemos afirmar que seja uma cura, mas podemos no mínimo dar mais tempo se aliarmos quimioterapia com um transplante cardíaco. O problema é que com o histórico dela e o estado de saúde não sabemos se ela é capaz de aguentar o transplante, o que em suma quer dizer que a probabilidade de ela passar para a frente na lista de transplantes é baixo. Muito baixo.

O senhor de branco sabia exactamente ou que tinha que fazer agora, tinha de ir embora e deixar a família e amigos sofrer com a noticia, esta era a parte de má de ser médico, aposto que era o que ele estava a pensar.

Ficamos ali sentados, Mariana chorava e eu e Margarida apoiava-mos de lado. Mas algo estranho se passou após uma os duas horas. Ela enxaguou-o as lágrimas e levantou-se com vigor, disse que ia ver a irmã. Nós oferecemos-nos para ir com ela mas recusou. Decidimos esperar então.

Da manhã passamos para a tarde e da tarde para o crepúsculo. Ela nunca mais apareceu, Mariana tinha desaparecido.

Onde será que ela tinha ido? A irmã estava ali doente e ela decide ir embora? Margarida começa a ter um tiques nervosos. Ela sabia alguma coisa. O interrogatório começa.

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