Capítulo 12

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Peregrina narrando

Cobra tinha um charme que me deixava totalmente fascinada. O cheiro dele era simplesmente inebriante.

Estávamos a minutos naquele beco nos pegando de todas as maneiras possíveis, e logo menos eu tinha a absoluta certeza que o arrastaria para o meu barraco.

- Não estou mais aguentando, Loira. - Cobra murmura próximo ao meu ouvido, fazendo com que meu corpo formigasse completamente. - Quero te fuder aqui mesmo.

Um fogo consumiu meu corpo, me estremessendo após suas palavras cheias de excitação. Abri a boca para respondê-lo, para dar-lhe a permissão de me fazer sua naquele momento. Eu realmente não estava ligando para onde estávamos nos pegando, meu tesão gritava mais alto. No entanto, nenhuma palavra foi dita por mim, já que toda nossa sintonia foi cortada por gritos e barulhos diversos.

- Que porra é essa?

Cobra foi o primeiro a acordar do transe, arrumando sem jeito sua excitação por dentro da bermuda. Arrumei meu cabelo enquanto corria atrás do homem, indo de encontro ao barulho.

Cheguei à tempo de impedir que Mano levasse uma garrafada na cabeça. Não pensei muito, apenas puxei seu braço para que saísse do caminho do objeto.

- Cuidado!

Gritei nervosa, colocando meu pequeno corpo a frente do de Mano. Cobra, por sua vez, tentava controlar Juca que parecia virado no demônio.

Cobra e eu éramos os únicos dispostos a colocar nossa vida em risco, nos metendo em uma confusão que sequer era nossa.

- Qual foi, irmão? - Cobra questiona.

- Esse filho da puta estava dando encima da minha mulher na minha frente, porra!

Reviro os olhos ao ouvir suas palavras. Era o fim da picada, dois homens discutindo por tão pouco.

- Sua mulher? - Mano grita. - Ela sempre foi minha! Você sabia disso e mesmo assim não pensou duas vezes antes de furar meu olho!

- Por que não controlou ela quando ela vinha cheia de fogo no meu barraco? - o homem rebateu.

- Ela foi pilantra, e você mais ainda. Me chamou de irmão, mas nem pensou antes de pegar minha mulher.

Estava achando tudo isso um show de horrores, mas tudo piorou quando observei todos ali presentes e mirei no rosto da safada.

A puta manca se divertia com os dois homens brigando por ela. Mas ao contrário dela eu não estava nenhum pouco contente com meus colegas brigando.

- Bora parar com isso, os dois! - exclamo irritada. Precisei gritar para ser ouvida e receber a atenção dos dois brutamontes. - Vão se matar por tão pouco?

Vi de relance a vadia fechar o semblante e me encarar cheia de ódio. Minha vontade era de deixar os dois patetas de lado e ir ralar a cara da sonsa no asfalto. Não me custaria muito fazer isso com minhas próprias mãos. E eu certamente sentiria minha alma ser lavada.

- Não se mete nisso, Peregrina!

Juca gritou comigo, fazendo com que meu coração errasse algumas batidas. Me envolver nessa briga poderia trazer problemas sérios para mim, mas eu nem pensei muito sobre isso quando me meti. Minha marra abaixou um pouco, no entanto, eu não voltaria atrás no meu posicionamento.

- Fala sério, patrão. - falo nervosa. - Vocês tentando se matar aqui, enquanto ela está dando risada da cara de vocês.

Juca e Mano pararam de xingar por um momento e observaram a manca, que em um minuto arrumou a postura e ficou com cara de sonsa.

- Ela vale tudo isso mesmo? - continuo a tentar apaziguar a situação. - Maior papelão o que vocês estão fazendo na frente de geral, pô. Vocês tem que dar exemplo e não o contrário.

Confesso que tentei entrar na mente dos dois. Eu tinha uma boa lábia, e era sempre bom usar em momentos assim.

- Você é uma puta, desgraçada! - Juca apontou raivoso para a mulher, que ficou branca igual a um papel. - Vai levar um sacode pra deixar de ser pilantra.

Natália desabou a chorar. Não me comovi nenhum pouco com o showzinho que ela estava proporcionando. Para mim aquilo tudo não passava de lágrimas de crocodilo.

- Chora mesmo, vagabunda. Vai pagar por ter tirado onda com a cara de bandido.

Revirei os olhos quase que automaticamente após suas palavras. Não fiquei com dó dela, mas homem era um negócio que me dava nos nervos. Não tinha um pingo de paciência para a síndrome de macho alfa.

Não demorou muito para que Juca saísse fumaçando dali, o mesmo deixou até a moto para trás. Soltei um longo suspiro quando notei que a situação havia se acalmado.

- Porra, Mano. - Cobra dá um pescotapa no homem. - Quer caçar confusão logo com o chefe?

- Não fiz nada. - cospe irritado. - Essa puta que passou a noite toda me lançando olhares.

Firmei meu olhar em Natália, a qual saia tranquilamente do local após causar uma quase morte.

- Vadia.

Cobra me olha e semicerra os olhos, me fazendo mexer os ombros. Se eu pudesse, eu mesma dava um sacode nela.

- Esquece essa mulher, caralho! Olha a merda que tu se meteu aqui, porra. Juca podia ter metido um tiro na tua cara e ninguém ia fazer nada.

- Eu tô ligado, meu mano. - o mais velho resmunga.

- É isso. - cruzo os braços. - Se você foi corno ou não, paciência. A gestão agora é do homem, e tu não pode se meter!

Os dois me olharam indignados, e eu fiquei sem entender. Comigo funcionava assim, o papo era reto e sem curvas, doa a quer doer.

- O papo é esse, Mano. - abro os braços. - Vai morrer por causa de um rabo de saia? Isso é o que não falta por aqui.

- Eu sei, fecha a matraca. - ele empurra minha cabeça de leve para o lado. - Você fala muito.

- Só falo verdades.

Todo o resto retornou a beber e conversar, enquanto nosso trio continuava trocando piadinhas. Vi Cobra me encarando algumas vezes, mas eu desviava o olhar. Uma onda de constrangimento passou a me atingir pouco a pouco.

Já estava pra amanhecer quando eu decidi juntar minhas coisas e voltar pra casa. O dia seria longo e eu não teria folga.

Mano quem me levou até em casa, já que eu decidi que seria uma ótima opção ignorar Cobra e fingir que nada havia acontecido entre nós.


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