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         A mesa de jantar está mortificada

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         A mesa de jantar está mortificada. Sinto que todos os cinco integrantes sentados nela estão petrificados, um encarando o outro como se fosse um fantasma.

Na verdade, papai me encarou como se eu fosse um fantasma quando entrei pela porta hoje de manhã. Ele ficou pálido, pareceu quase sem vida. Mamãe teve que ajuda-lo a se mover, parecia nauseado. Ele não esperava me ver e aquilo pareceu ser um soco no seu estômago.

Mas ele não fez nada. Ele não disse nada. Ele nem se moveu na minha direção. Pelo resto do dia, se trancou em seu quarto e ficou lá.

Acho que sei o que ele fez. E quase temos isso. Afinal, não sei direito porque aqueles homens não me mataram, não sei direito porque me pouparam, mas confiaram em mim para desaparecer e eu não fiz isso.

Eles vão morrer?

David também deve star em uma grande encrenca. Ele, James, todas aquelas pessoas. Se arriscaram pra me salvar e agora estão na mira do pior ser já existente.

Os garfos batem nos pratos quase vazios, mas ninguém ousou falar nada. Mas percebo pelo canto do olho Henry estar inquieto. Se meche a todo o momento na cadeira, fuça na comida, mas quase não a come. As vezes bufa, encara o prato com tanta raiva que acho que vai quebra-lo, fuzila tudo que enxerga.

Alguma coisa aconteceu enquanto estava fora.

O barulho do talher voando sobre a mesa ressoa, Henry fica de pé, os ombros largos e a grande postura me assusta. Está exalando raiva a todo o segundo.

— Parado aí. — A voz potente de papai o para, é quase como algo sobrenatural.

Henry aperta os punhos com força, sente ódio, raiva, sente tudo que pode fazer seu coração se romper.

— Você não manda em mim. — Foi um sussurro, foi algo que eu quase não ouvi se não estivesse perto o suficiente dele. — Não manda em porra nenhuma da minha vida.

Papai bate o dedo na mesa. Uma. Duas. Três vezes.

Sinto que algo vai se quebrar.

— É por aquela vadia? — Um sorriso surge, parece cortar seu rosto só meio. Dentes brancos expostos, parecem fiados e prontos para massacrar. — A vadiazinha que ficou grávida de você?

Trago na cadeira. Tudo dentro da minha mente se embolando a todo o custo, girando, dando cambalhotas. A comida no meu estômago é um verdadeiro redemoinho.

Ele descobriu.

Quando menos espero, Henry está agarrando papai pelo pescoço. Todos na mesa se levantam, estamos encarando a cena sem reação.

Seth parece estranho prestes a sair correndo. Mamãe está presa na imagem a frente, os olhos brilham, também quer chorar.

Meu irmão não liga pra nada, encara papai como algo aterrorizante. Um pouco mais baixo, ele não liga pra isso. Vai atacar, vai acertar algo no papai, vai fazer alguma coisa. Não entendo ainda mais, de o porque papai está parado, o olhando como se não fosse nada.

SILÊNCIO PERFEITO | ABADDON #1Onde histórias criam vida. Descubra agora