SILÊNCIO PERFEITO | ABADDON #1

Capítulo 21

A tela do computador brilha na minha frente, na realidade me arrependo da metade das  coisas que estão no meu blog, por isso pretendo apagar tudo que está presente na interminável pasta que se estende na minha frente. Desde antes, quando eu criticava tanto o governo de Homesville. Quero jogar tudo isso dentro do lixo, recomeçar, quem eu fui ou era até agora ? Eu nem sequer sei qual é minha comida favorita, cor ou qualquer coisa relacionada a mim.

A pasta que começa com “ um grupo de adolescentes escondidos atrás de máscaras cantando em cima de um palco, no final das contas, o que esses meliantes  querem?”

Quando escrevi essa matéria eu não conhecia diretamente a banda denominada Abaddon ou como era composto seus Integrantes. Não fazia ideia de que James e Damian estavam no meio disso tudo. Ela foi publicada um pouco antes de pegar Minha bagagem e voltar,  mas por sorte ou não, o alcance foi mínimo.

Agora posso deletar isso antes que qualquer um da Abaddon possa ver.

Incluindo os garotos que não sei o nome, realmente não me lembro de tê-los visto antes, mas lembro dos olhos crueis que me encaravam, por um momento quase senti medo, mas pensando agora talvez estivessem apenas protegendo o próprio amigo.

Elimina tudo, pelo menos O que lembro, fechando o notebook Com força.

Tenho algo pra fazer, um túmulo para visitar.

Ainda me sinto exausta, mas a breve conversa com James me deu uma leve motivação. Uma pessoa de menos me odeia, é quase um motivo de vitória. Agora eu tinha quase certeza de que poderia seguir em frente, o peso foi tirado das minhas costas. Nem me sentindo mais como um fardo para esse mundo. Agora tudo poderia viver normalmente.

Mas aquele túmulo ainda estava lá, me esperando para me juntar a todos eles.

A todas as mulheres da minha família que morreram da mesma forma cruel. Tia Angélica, pequena prima Maria e mamãe. Eu espero que finalmente possam descansar em paz. Eu não pretendo e não vou morrer do mesmo jeito.

Mas ainda estou exausta.

Me levanto, caminhando pra fora do meu quarto, segurando apenas o pequeno buquê de apenas 3 flores brancos. Estou superando, mas também ainda estou de luto. Tudo isso é eterno e eu espero que um dia eu possa descansar em paz.

Eu havia escutado uma aglomeração pela casa mais cedo, acho que todos os garotos estão aqui. Então pretendo sair de fininho pelo canto da cozinha e ignorar qualquer um que apareça na minha frente. Ainda sinto vergonha pelo o que eu fiz na casa de Jasper, então logo depois descobri que ele é uma espécie de psicólogo. Aquilo não deveria me deixar surpresa.

— Katherine — salto, não esperava a voz atrás de mim. Mas não é tão familiar, me viro para encerar o homem de olhos puxados, acho que o conheço. — Não se lembra de mim, aposto.

Confirmo com a cabeça, esperando que ele volte a me ignorar e eu possa retomar meu caminho.

—  Nevan, garotinha de meio metro. — Aquele apelido me trouxe algo, a sensação daquele dia, de quase levar tiros a mando do meu próprio pai.

Sim, reconheço ele. Ele é o cara do carro luxuoso que nos ajudou a chegar em casa depois de quase sermos massacrados. Amigo de Damian. O charmoso asiático Nevan. Eu deveria ter me lembrado dele de primeira, afinal sem ele, eu nunca teria voltado pra casa. E às vezes eu acho que realmente nunca deveria ter voltado.

— Oi Nevan. — Seguro as flores atrás do meu corpo, esperando que ele termine o que quer que seja.

— Então…— Ele me encara Os olhos estreitos tornam os segundos quase sufocantes. — Você não quer conversar? — Ele se encosta na bancada, me encarando. No fundo eu devia saber que isso iria acontecer. Vindo de todos eles. — Você está bem?