Capítulo 10

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A luz fraca que entrava pela janela me acordou, eu não tinha certeza de que horas eram mas com certeza era tarde, depois do meio dia. Poder dormir na minha própria cama após uma viagem no mínimo tensa era maravilhoso, realmente revigorante!

E ainda mais revigorante quando meus olhos vagaram pelo quarto e caíram na pequena figura adormecida em cima do meu corpo. Catra respirava tranquilamente, sua cabeça apoiada sob meu busto simplesmente me usando de travesseiro, enquanto as mãos estavam abaixo do próprio tórax e acima do meu abdômen. Ainda sonolenta levei uma das mãos até suas costas nuas e comecei a deslizar os dedos de modo tranquilo, me permitindo sentir a maciez de sua pele e faixa de pelos. O sol fazia eles brilharem de um modo bonito e me peguei "desenhando" pelas listras que possuía nas costas, a linha da coluna era ligeiramente mais felpuda que o resto então foquei as carícias ali.

Eu nunca tive uma colega de quarto antes, mas tinha certeza que se ela fosse uma humana com certeza não estaríamos assim. Minha mente vagou brevemente até minha ex, lembrava dos momentos bons que tivemos. Não foi um término agressivo, quando decidi me mudar para poder seguir minha profissão nós concordamos não ter maturidade para um relacionamento a distância e foi isso...uma pequena parte de mim invejava Scorpia, eu não sabia mesmo que a grandona namorava, mas elas pareceram tão em sintonia. Principalmente com Perfuma não notando a própria posição e quase indo para cima de Huntara, com certeza era um ótimo casal.

— ...está sorrindo. — Uma voz sonolenta atraiu minha atenção e foquei o olhar. Azul e dourado, como aquela combinação parecia mais bonita cada vez que eu olhasse.

— Desculpa, acordei você? — A híbrida somente bocejou e se alongou um pouco para voltar a se aninhar sobre meu corpo.

— Não falei...parar. — A reclamação me fez rir baixo voltando as carícias em suas costas, tendo o prazer de ouvir seus ronronares. — Adora...obrigada.

— Ah, te fazer carinho é legal agora que seus pelos tão macios. — Então seu indicador toca minha testa, mesmo que o rosto dela estivesse escondido contra meu pescoço.

— Não...por...no trem. Você podia ter feito mais, mas não fez, você parou. Me trouxe aqui. — A explicação me fez parar lentamente as carícias de novo, absorvendo aos poucos o que ela queria dizer. — Cuidou de mim. Então...é, obrigada.

Mesmo que com Scorpia ela fosse toda "me solta" eu a abraço com firmeza, meu sorriso só aumenta quando seu ronronar fica mais alto. Que Huntara se dane, se ela ameaçar essa gata de novo eu que ameaço ela!

Era um pouco engraçado pensar que aquela garota irritada mas manhosa tinha sentimentos de gratidão tão forte dentro de si, eu realmente preciso agradecer à Scorpia por tornar nossa comunicação muito mais acessível.

— Eu faria tudo de novo...hmn...menos o choque em nós duas, podemos pular essa parte. — Brinco, consigo sentir ela concordar com a cabeça. — É por isso que você é tão protetora, é? Não deixa ninguém chegar perto de mim.

Após minha provocação ela rosna e empurra meu rosto tentando se soltar do abraço, mas somente consigo rir da indignação.

— Agh! Você é lerda! E fraca! — Afirma. Irônico, ainda não consegue se soltar dos meus braços. — LARGA!

— Credo, já acabou o nosso bom humor?

Sabendo que logo ela começaria a ficar agressiva de verdade a solto e somente sigo com o olhar enquanto a morena avança para o final da cama, empurrando meus pés para ter onde se sentar. Catra deixava muito claro os seus limites pessoais, o que em parte não era bom porque ela saía querendo meter as unhas e os dentes, porém em parte era. Se eu mostrasse meus limites tão claramente assim, quando mais nova, teria sido bem útil na época de escola.

Called From OutsideOnde histórias criam vida. Descubra agora