Capítulo 19

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Após uma conversa longa, um pouco mais que o esperado por Luz ficar empolgada com algumas partes(normalmente as que eu quase morria), ela estava sabendo do básico. Mensagem secreta, híbridos inteligentes, Huntara…é, o importante a latina estava sabendo.
Catra? Ela não descansou por longos minutos, repetidamente indo até a porta como se esperasse por mais alguma loucura antes de voltar até perto de mim e Luz…e então repetia aquilo, como um animal enjaulado tendo comportamentos repetitivos. Em certo momento me obriguei a trazer a felina para meus braços, impedindo-a de fugir até que enfim ficasse cansada, mas o melhor com certeza foi quando ela me escalou. Seus braços rodearam meu pescoço e sua cabeça se aninhou em meu ombro, além das pernas ao lado do meu corpo e assim…ela dormiu.

— Luz…eu acho que ela dormiu. — Sussurrei após alguns minutos em que a garota ficou mais mole, até sua respiração estava diferente.
— Ela dormiu? Ah…que bonitinha, é injusto ela ser tão fofa mas tão brava. — Resmungou, admito que segurei uma risada com aquilo enquanto apoiava melhor o corpo de Catra, meus braços embaixo das coxas da morena.
— Acho que ficou com ciúmes de você…ela sabe que a gente…bem… — Murmuro sem jeito, desviando o olhar. Posso notar a Noceda pondo a mão na cintura parecendo divertida.
— Transou? Adora, não somos mais adolescentes. Você já tá trabalhando e eu to na faculdade. — Após os dizeres aceno com a cabeça, seguindo os movimentos da latina até que ela começasse a empurrar o sofá com dificuldade.
— Ah, eu te ajudo!
— Nah, eu sou forte! Continua segurando sua namorada gata aí, que eu dou um jeito. Será que eu arrumo uma namorada dessas também? — Brincou, me fazendo sorrir.

Por um momento respirei fundo encarando a porta, lembrar do que aconteceu a poucos minutos ainda era assustador…Catra ficou tão tensa, mas eu também fiquei. Só não estava admirada que ela dormia agora porque esse era o horário que estava acostumada a dormir…de dia. Frequentemente eu acordava de madrugada e via olhos brilhantes pelo quarto, enquanto durante o dia ela sumia em seus cantinhos.
A lista de pessoas que sabia sobre Catra aumentava, num geral todos reagiram bem…exceto Huntara, ela reagiu de forma péssima, mas o modo que nos protegeu no trem…eu espero sinceramente que tenha mudado de opinião.
Catra não era uma pessoa fácil, nem de perto, era alguém criada sem modos algum e com instintos fortes e mesmo assim…conseguia conquistar corações onde ia. Eu vou culpar as orelhas macias e olhos dilatados por esse feito.

— Luz…se achar que está em perigo, se alguém vier aqui no museu em outro momento e você achar…estranho, me avise. Eu venho correndo. — Digo com firmeza quando a porta estava livre, a garota batendo as mãos uma nas outras para se livrar de poeira.
— E vai fazer o que, Adora? Meter a porrada? — Após a pergunta se aproximou de nós, ajeitando a touca e óculos no rosto da pequena híbrida que somente resmungou não querendo ser acordada, pude ver por um momento Luz aproveitando a preguiça alheia para tocar nas sardas de Catra.
— Eu…na verdade…trouxe minha arma junto na viagem.Como eu não sabia se você era perigosa eu trouxe escondida, aí eu pensei… — Mas me calo com a garota me encarando boquiaberta.
— Adora! Sair atirando nas pessoas parece maneirissimo, mas não pode fazer isso não. Você pensou em me matar?! —Pergunta, mas quando abro a boca para me explicar, ela me interrompe. — …mas se você quiser me emprestar e a gente treinar numas latinhas, ou algo assim…ai eu te perdoo.

Repentinamente, Catra ergueu a cabeça encarando fixamente a outra morena. Luz sorriu meio confusa antes de erguer as sobrancelhas, cheguei a pensar que a pequena em minhas costas teria outro ataque de pelanca motivado por ciúmes bobos mas felizmente ela só desceu dos meus braços, bocejando e alongando antes de começar a andar.

— Luz pode nos ajudar. Tem coisas velhas, não tem algo que possamos usar para buscar informações? — Admito, estou a olhando igual uma boba vendo Catra toda séria.
— Hmn…aqui não muito, mas talvez na biblioteca da faculdade…eu tenho um colega que tá cursando história, e uma bióloga, talvez possam ajudar. Eles geralmente passam aqui depois das aulas pra gente almoçar junto. — Explicava.

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