Capítulo 21

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Houve uma tensão palpável enquanto voltávamos para casa, um desconforto mútuo entre nós duas. Catra notou minha expressão e, mais que isso, ela certamente ouviu a ligação a aquela distância, já tive provas mais que suficientes para saber o quão boa era a audição daquela felina então...nem sequer poderia tentar contornar a situação.

Como esperado, ontem foi relativamente tudo bem ao voltarmos, minha vó estava tirando um cochilo à tarde e isso permitiu que Catra não precisasse se esgueirar até o quarto, mas eu podia sentir seu olhar sobre mim, preocupada, apreensiva.

Quando a noite caiu eu jantei com Rizzo e olhamos juntas alguns filmes até ela adormecer, eu nunca me considerei uma boa mentirosa, porém acho que de algum jeito consegui deixar minhas preocupações só para mim, ou se vovó notou algo, preferiu não falar nada. Catra foi exemplar em esperar que eu voltasse com a janta, embora desde a primeira vez que ela chegou a mais de dois meses atrás essa fosse a primeira vez que a vi sem ânimo e gosto para comer.

            

O dia chegou antes que tivéssemos notado, e posso dizer com toda certeza que nem eu, nem Catra, dormimos bem a noite. Mesmo sem trocar palavras eu senti a mão dela quase em todos os momentos acariciando meu abdômen, em contrapartida também fiquei acariciando atrás de suas orelhas, ao menos até que conseguíssemos cochilar eventualmente.

Nós saímos cedo, afinal marquei o "encontro" num local público, sinceramente duvido que neste horário realmente fosse ter alguém para dar um pouco de acalento e segurança, se fosse alguma coisa perigosa...alguma emboscada, minha prioridade era de longe dar tempo para Catra fugir para fora das muralhas, então optei por levar a arma escondida em minha cintura. A cada passo dado eu sentia como se ela ficasse mais pesada, mais desconfortável, a ideia de atirar contra um, ou mais, humanos me assustava. Não foi para isso que treinei, embora fosse mais do que capaz.

Finalmente no local marcado nós duas nos sentamos em um banco público e tentamos conversar como pessoas normais, embora Catra tenha se queixado sobre a pele estar coçando por estar sendo raspada continuamente, e sobre o óculos escuro doer sua visão aguçada. Até que repentinamente Catra moveu discretamente a cabeça, buscando por algo. Meu corpo imediatamente se tencionou, já estava bem acostumada as ações da morena e o modo que ela moveu o nariz discretamente, em busca de aromas no ar denunciava totalmente.

— Catra... — Chamo baixo, quase um sussurro perdido no vento.

— Não estamos sozinhas. — Confirmou minhas suspeitas. — Mas...tem algo nesse cheiro que eu...não consigo farejar direito, eu não sei de onde vem.

Mas não foi necessário muita investigação, sons de passos foram audíveis e como se tivéssemos combinado, nos levantamos juntas, uma tão alerta quanto a outra. A nossa frente uma garota pouca coisa maior que a felina se aproximava, os cabelos presos em um coque eram tingidos de roxo, contrastavam com a pele pálida de quem nitidamente não pegava Sol com frequência, ela tinha olheiras discretas atrás dos óculos de grau que usava, mas mesmo assim ela tinha um sorriso animado enquanto nos olhava.

— Ah! Aí estão vocês...eu fiquei TÃO empolgada quando vi que realmente vieram para cidade! — Por um momento franzo o cenho, buscando ao redor se haveria mais alguém. Não vejo nada, e pelo modo que Catra estava fixa na desconhecida suponho que também não notou mais ninguém. — Você é a Adora, da Horda...mas...qual o nome dela?

O modo que mencionava Catra era estranhamente muito animado, quase como se estivesse vendo um animalzinho fofo.

"Ela...já sabe que a Catra é híbrida, de algum modo, mesmo com todos os acessórios..."

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⏰ Última atualização: Oct 06 ⏰

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