10. Problemas se espalham como o ar

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Tasya

— Ele deve ter perdido a noção — comenta Valentina. — Como cacete ele te encontrou? Não é como se continuasse morando no mesmo lugar ou ainda tivesse conhecidos da época em que tudo ocorreu para quem pudesse perguntar seu endereço.

— Acho que quando uma pessoa quer infernizar a sua vida ela não se importa muito com o tempo que vai gastar procurando você — discorro e ela meneia a cabeça.

Entendemos bem que indivíduos conseguem passar de limites absurdos somente para conquistar o que desejam e por muitas vezes não se importam com qualquer pessoa no caminho, se isto não é um problema, não sei mais o que possa ser.

Porém, não quero me preocupar exacerbadamente com as ações de uma mulher que nunca mostrou qualquer interesse na sua filha. Não consigo pensar que tenha boas intenções se desde o início sabia onde meu pai continuava morando e não foi atrás dela quando podia.

Essa história é muito estranha e temendo que não pudesse tirar a venda dos meus olhos causada pela raiva furiosa do meu pai, decidi discutir o assunto com Valentina. Já sabia que tinha alguma coisa errada devido a minha saída ontem sem que me apressasse em voltar, mas não queria agir de modo intrusivo, por esse motivo aguardou até que a contasse.

— Mesmo assim, não é como se houvesse alguma coisa que pudesse querer te mostrar agora, não tem como ele crer que isso poderia ser bom para vocês. — É impossível dizer com certeza o que se passa na cabeça de todas as pessoas, mas é bem claro que o homem estava tremendo muito diante de mim e que suas ações tinham somente a pretensão de acabar com o que o assustava.

Não sei o que a mulher pode ter dito a ele para que ficasse tão assustado, mas devia sentir muito mais medo de mim, de todos os sentimentos que cresceram em meu peito no tempo que se passou sem que pudessem ser corrigidos.

— Por que acha que ela iria querer ver a Jasmine? Culpa? — pergunto. Não quero adentrar em seus motivos, porque não entra na minha cabeça que qualquer um deles seja razoável o bastante para fazer com que alguém tivesse a coragem de olhar na cara do meu pai e deixar um bebê com ele.

Qualquer um que o visse sabia que ele vivia em seus piores momentos, nadando dentro dele sem ligar para mais nada. Os pensamentos coesos, as preocupações comuns não se mantinham em sua cabeça por muito tempo, pois as engolia com álcool.

Observar uma situação como essa e ainda assim deixar uma criança inocente que nada poderia fazer para se defender com ele é um pecado enorme. Se estivesse preocupada com o bebê de verdade, teria o deixado em um lar de adoção, em um hospital, qualquer um dos dois poderia fazer melhor por ela do que o sujeito.

Suspiro, porque apesar de toda a merda gosto de ter a minha irmã comigo, se ela tivesse feito qualquer uma das coisas comuns eu poderia nunca a ter a conhecido, podia passar a minha vida inteira sem saber que seu sorriso seria o motivo dos meus.

— Não sei, mas o que quer que seja vai continuar com ela — fala. Concorda comigo, não sou a única que se preocupa com o que pode ser melhor para a minha irmã. Não quero nem mesmo ver a expressão de Aleksandra depois de saber disso.

Posso odiar o meu pai, mas Aleksandra deseja matá-lo muito mais do que eu.

Talvez por ter um pai tão podre quanto o meu consiga sentir a minha dor com mais vivacidade. A entende e possui sentimentos semelhantes quanto aquilo que deveria ser feito.

— Pensou no que faremos caso venha até aqui? Nada garante que o seu pai não vá passar o seu endereço para ela, se está sendo tão incomodado pode tentar evitar o que ocorreria ao entregar o doce — fala Tina. Pode ser uma possibilidade, mas espero de verdade que a mulher não seja louca ao ponto de vir acabar com a paz da filha que diz desejar ver.

Contrato de honra - Série Família Sokolov - Livro 2 - RETIRADA 28.11.2024Onde histórias criam vida. Descubra agora