74. O que planejaram em silêncio, parte 1

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Tasya

— Estava certa em imaginar que eu conseguiria pegar vários coelhinhos de uma única vez — fala a sujeita, me olha de canto, depois foca-se nas imagens passando na sua frente onde apenas três mulheres fizeram uma infiltração no local que parece muito preparado para alguma coisa, contudo, não é somente para manter alguém preso. — São suas amigas, certo? Depois de ver como agiam, imaginei que seriam elas a fazerem o necessário para te libertar.

Está me dizendo que o seu plano não era simplesmente me pegar para se vingar por seu irmão? O que mais pode estar tramando quando somente isso já é o bastante para eu querer arrancar sua carne dos ossos?

— Vocês possuem uma lealdade estranha entre si — conta como se eu não pudesse saber por conta própria o que pode ser ou não saudável numa relação de amizade.

Posso dizer que precisamos, sim, de um pouco de sangue para animar as coisas, contudo, nada que nos torne loucas.

— Depois de ver a gravação de como se manteve quietinha, apenas esperando quando Valéria capturou vocês, entendi que seria fácil pegar mais de uma se eu amarrasse a isca bem no anzol — pontua Roksana.

— Deve se considerar muito esperta — profiro erguendo minhas mãos que estão algemadas pela mesma coisa usada em Aleksandra quando fomos sequestradas por Valéria. — Isso te faz dormir bem à noite?

— Não, mas saber que você vai morrer por minhas mãos faz — declara com um sorriso no rosto. — O quanto você acha que eu teria que as pressionar para traírem você?

— É melhor matá-las se é o que está buscando — profiro e ela começa a sorrir.

— Você acredita que não é possível. Se eu te mostrar que é, veria uma expressão maravilhosa em seu rosto, não é mesmo? — questiona, contudo, esse não é um problema com o qual tenho que me preocupar. Está mexendo com as pessoas erradas, se acredita que traição será o que moverá o seu plano.

— É melhor amarrar o seu cavalo bem longe da chuva — comento, vejo que elas estão indo muito bem, que não entendo por que ela continua tendo um sorriso vencedor no rosto. Estes indivíduos não podem pará-las.

Seu sangue sujando o piso apenas explica o quanto elas podem seguir em frente sem olhar para trás, é assim que se alcança patamares novos em todas as questões da vida.

A crueldade abre portas que te mostram detalhes que nunca imaginou ver e, depois que estão ali na sua frente, você sempre penderá para o caminho mais fácil.

— Você não perde as esperanças, eu gosto disso. Quer dizer, que posso me divertir com você por muito tempo porque sempre que olhar em seus olhos, haverá mais o que ser arrancado de sua alma — profere Roksana, dando algumas ordens em seguida pelo rádio.

Puxa a perna para cima da cadeira, mantendo-se recostada nela com leveza. Não está nenhum pouco incomodada pelos sujeitos morrendo um atrás do outro lá embaixo.

— Sabe o que me disseram a vida inteira?

— Que você é uma vaca de merda? — pergunto e sorri, não se importa com o xingamento. — Que irá para o inferno depois de todas as merdas que fez? Espere, deixe-me pensar mais um pouco. Que é uma infeliz que passaria por cima da própria família?

— O que acha que está dizendo? — Oh, ela quer se fazer de vítima aqui quando todas as suas ações estão apontando para o que tenho ponderado? A sua forma de agir frente ao ataque das minhas colegas também é um esclarecimento de seus desejos.

— O quê? Não é verdade? Me capturou dizendo querer vingança pelo seu irmão, contudo, pelo que estou vendo aqui, a sua intenção é ganhar muito mais do que sangue — elucido e me olha a contragosto.

Contrato de honra - Série Família Sokolov - Livro 2 - RETIRADA 28.11.2024Onde histórias criam vida. Descubra agora