Cap. 4

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Após o primeiro choque, Juliette  retomou a compostura e caminhou em direcção aos dois.

- Clarisse!

- Desculpe, mas está a confundir-me com outra pessoa.  O meu nome é Juliette Soares.

- Poderia ser, mas eu tenho boa memória visual, disse Rodolffo.

Maria chegou entretanto e Juliette pegou na filha ao colo.

- Deixe só por-lhe uma ligadura no pulso.  Em casa ponha bastante gelo.  Foi apenas uma pequena luxação.   Dentro de dois ou três dias está boa, disse Rodolffo.

Eu sou o médico que a atendeu há dias na clínica.   Rodolffo.

- Muito gosto.  Como já disse, meu nome é Juliette.   Obrigada pela atenção.

- Não sei como ela caiu do escorrega  disse Maria.

- Ela desiquilibrou-se quando ia sentar-se, nas não é nada grave, respondeu Rodolffo.

- Vou levá-la agora para casa.  Obrigada, Maria.  Boa tarde a todos.

- Vou contigo até ao carro.  Levo esta caixa de docinhos da festa.

Obrigada, Maria.

- De nada Juliette.   Desculpe o acontecido.

- Acontece.  São crianças.

Maria regressou à sala.  Rodolffo estava no mesmo lugar, à espera dela.

- Maria, Senta-te aqui.

- O que foi?

- Eu acho que a Madalena pode ser minha filha.

- Como.

- Eu tive um caso com a mãe dela.  Eu tenho a certeza que era ela, mas na altura apresentou-se como Clarisse.

- Que doideira.   Isso é verdade?

- Eu tenho a certeza.  Quando acordei no dia seguinte, deixei um bilhete e um colar igual ao que Madalena traz

- E porque é que ela deu o nome falso?  Não faz sentido.

- Faz.  Se analisarmos que é advogada e não queria exposição.

- E o que vais fazer para teres certeza?

- Primeiro vou conversar com ela.
Vou saber onde mora.  Não é difícil.   Tenho a morada na ficha da Madalena.

- Depois desse dia não a procuraste?

- Onde?  Como vês até o nome é falso.  Procurei no bar onde a vi pela primeira vez, mas ela nunca mais apareceu.  E depois estava em missão.

- Vou ver se posso ajudar, mas tenho dúvidas.

Segunda feira cheguei à clinica e peguei na ficha da Madalena.   Lá estavam a morada e número de telefone.

Liguei e atendeu-me uma senhora.  Era a mesma que trouxe Madalena à consulta.

- Gostaria de falar com a doutora.

- Doutora está no tribunal a esta hora.  Regressa pelas 17 horas.

- Obrigado, e desliguei.

Fiz as diligências do meu dia e até me esqueci de almoçar. Terminei o expediente e saí. 

Dirigi até casa dela e da rua fiz um telefonema.

Juliette,  sou o Rodolffo.   Estou cá fora preciso, falar consigo.

Juliette não queria acreditar que depois deste tempo todo tinha que lutar com isto.

- Está bem.  Há um café em frente.  Espere lá por mim.  Em dez minutos eu chego.

Eu sabia que agora não adiantava fugir da raia.   Como advogada que sou gosto de tudo preto no branco.  Os erros do passado, uma hora sempre voltam para nos assombrar.

Não que a Madalena seja um erro.  Eu quis este erro.  O caminho é que não foi o mais honesto.
No fim eu sofri.

Quando eu descobri a gravidez, eu rezei para o encontrar.  A vontade de ser mãe solo tinha acabado e eu queria o pai da minha filha perto mesmo não estando comigo.

Foi só uma ficada, mas naquela noite eu amei-o sem o conhecer.  Voltei ao bar, mas não tive sorte.

Agora, seja o que Deus quiser.  Vou encará-lo e resolver tudo, para bem da Madalena.

Amei-te Sem Te ConhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora