Cap. 15

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Rodolffo chegou pouco tempo depois com o antibiótico na mão.

- Ela já comeu, Ju?

- Sim.  Comeu há pouco tempo.

Rodolffo deu-lhe o remédio e sentou-se com ela no colo.

- Ela está com otite.  O remédio vai fazer efeito e ela vai dormir.   Toma nota das horas.  Daqui a 12 horas toma de novo.

- Fica connosco esta noite.  Tenho receio que ela piore.

- Não vai piorar, mas eu fico.   Vou deitá-la na cama.

- Vou fazer alguma coisa para jantar enquanto tu a deitas.  Deixa-a na minha cama.

Madalena já tinha os olhos pequeninos quando Rodolffo a levou para a cama.  Deitou-a e ficou junto dela até ela adormecer profundamente.   A febre começava a ceder.

Juliette tinha uma bábá electrónica de quando ela era bébé.   Rodolffo foi ao quarto buscá-la e deixou-a na mesinha junto à cama.

Desceu e foi ter com Juliette.

Coloquei  a bábá electrónica.   Ela pode acordar sem nós darmos conta.

- Fizeste bem. Senta-te.  Vamos comer.

- Ela queixou-se na escola?

- Já no final da hora, disse a educadora.

- Como estás tu?  Perguntou Ju.

- Estou bem, dentro do possível.

- Podemos conversar hoje?

- Depende do que tiveres para me dizer.  Eu não te entendo, juro que não te entendo.

- Vou fazer café.  Vamos para a sala.

- Vou espreitar a nossa filha, entretanto.

Rodolffo voltou e Juliette sentou-se em frente a ele.

- Rodolffo, eu nunca soube o que é amor de pai, de mãe ou qualquer outro.  Assusta-me alguém gostar de mim e eu não conseguir perceber que eu posso sim receber amor.

Não recebi, mas também nunca dei amor a ninguém.  Eu não sei dizer um amo-te, olhando olhos nos olhos.

Eu não sei reagir quando me abraças depois de uma noite de entrega.  Pareço fria, mas não é intencional.  Só não sei demonstrar amor.

- Procura ajuda, Ju.  Isso é terrível.  Amar é tão bom, mas deve ser recíproco.   Ninguém ama sózinho.

- Não quero afastar-me de ti.  Não fiques magoado comigo.

- Eu só quero que fales comigo sobre tudo.  Falar é bom.  Não guardes para ti.  Solta-te mais.

- Eu prometo que vou tentar.

- Porque é que durante o sexo não tens esses bloqueios?  Tu dás tudo na cama e depois?

- Não sei explicar.  Na cama sinto-me outra pessoa.

- Uma Lady na mesa, outra louca na cama.

Juliette riu da comparação.

Rodolffo queria beijá-la mas esperou ela tomar a iniciativa.

- Eu não quero uma Lady, prefiro a louca na cama, no sofá, na mesa ou no banheiro, disse ele.

- Sempre?

- Agora e sempre.

Muito nervosa ele segurou o rosto dele e colou os lábios nos dele.

- Relaxa.  Não estejas tensa.  Vem cá.  Vamos ficar só abraçados para sentires o conforto do abraço.

Puxou-a para o colo e rodeou o corpo dela com os braços.  Ela deitou a cabeça no seu ombro.

- Vês como é bom? Juliette parecia uma criança aninhada junto a ele tal qual Madalena costumava fazer.

Amei-te Sem Te ConhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora