Cap. 10

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Cá estou eu, num domingo sem ter o que fazer.  Depois da dia maravilhoso de ontem que passei com a minha filha, hoje sinto-me nostálgico.

Toca o telefone e eu olho no ecrã.  Aparece o nome Flor com que eu salvei o número de Juliette.

Ela convida-me para caminhar com elas e eu aceito na hora.  Corri a vestir um conjunto mais desportivo e sigo para casa delas.

No caminho comprei duas flores para as presentear.

Confesso que estou muito animado com o rumo que está tomando a minha vida.

Saímos para as traseiras da casa.  Madalena ia de mão dada com os dois.  Ainda não tínhamos andado muito e eu pedi a uma senhorita que nos tirasse uma foto.

Ao longo do caminho fomos tirando mais.  Eu com minha filha, Juliette com ela também tirei muitas.  A meio do percurso sentámos num banco e tirámos uma self os três.

- Vou por esta na minha secretária,  disse Rodolffo.

- Comigo? Perguntou Juliette.

- Posso?

- O que vais dizer quando perguntarem quem é?

- Vou dizer... segredou-lhe ao ouvido.

- Mas não é verdade.

- Mas podia ser, não concordas?

- Haaaa...esquece.

- Porquê?

- Vamos continuar a caminhada.

- Eu estou cansada, disse Madalena.

- Anda, o papai leva-te.
Imediatamente se deu conta do que disse e olhou para Juliette que estava  assustada.

- Tu és o meu papai?

- Tu queres que eu seja o teu papai?

- Quero.

- Então,  agora eu sou o teu papai.

- E eu posso contar a toda a gente, mamãe?

- Podes.
Fazer o quê,  pensou ela.  O boca de sacola já se desbroncou, agora é deixar andar.

Rodolffo colocou Madalena sobre os ombros,  olhou para Juliette e pediu desculpa.

Ela encolheu os ombros e seguiram em silêncio, apenas interagindo quando tiravam alguma foto.

A trilha era circular e demoraram cerca de duas horas para a fazer.

Voltaram para casa e Juliette foi preparar um lanche para todos.  Rodolffo ficou a brincar com Madalena na sala.
Chamou-os e sentaram-se todos à mesa.

- Queres o quê Rodolffo?  Tens suco e café.  Bebidas alcoólicas e refrigerantes não tenho.

- Raramente bebo.  Um vinho de vez em quando ou uma bebida socialmente.

- Naquele bar bebias whisky.

- Tu também.   Puro.  Lembro como se fosse hoje.  Nunca tinha visto uma mulher beber assim.

- Foi a minha estreia em tudo.  Que doidice.  Eu nem gosto de álcool.

- Mamãe,  vou brincar no meu quarto.

- Com juízo, está bem?

- Sim.

- Desculpa o meu deslize.  Saiu sem querer.

- O meu medo é a confusão na cabeça dela, mas parece que não pensou mais no assunto.

- E tu, pensaste no que te disse ao ouvido?

- Não tem muito que pensar.  Deixa estar como está.

- Eu queria poder vir com mais frequência.

- Podes vir quando quiseres.  Mesmo que eu não esteja.  Vou dizer à senhora Inês que libere a tua entrada se algum dia vieres e eu não estiver.

- É a senhora que fica com a Madalena até tu chegares?

- Sim.  Vem da parte de tarde para esperar a Madalena que regressa às 17 horas do jardim escola.

- Quem a traz?

- De manhã levo-a eu e regressa no autocarro escolar.

- Deixas-me ir amanhã levá-la contigo?

- Está aqui às 8 horas da manhã.   Assim apresento-te à educadora para a liberar se algum dia quiseres ir buscá-la.

Rodolffo segurou a mão de Juliette e beijou-a.

- Nestes últimos dias só me tem acontecido coisas boas.  Sou muito, muito feliz e vocês duas são as culpadas de tanta felicidade.

- Se calhar mereces.

- Tu também mereces ser feliz.

Juliette levantou-se e começou a tirar a mesa.
Rodolffo levantou-se também,  chegou junto dela, afastou uma mexa de cabelo da face dela e colou os lábios nos dela.

Juliette afastou-se e disse que ia ver o que Madalena estava a fazer.

Rodolffo foi atrás dela, despediu-se das duas e voltou para casa.

Amei-te Sem Te ConhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora