Cap. 7

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Voltei para casa com um misto de sentimentos.

Sempre fui apaixonado por crianças,  por isso escolhi pediatria.

Sempre tive o sonho de ter dois ou três filhos, mas até hoje nenhuma das minhas relações me deixaram confortáveis para dar esse passo.  Foram sempre relações pouco duradouras.

Eu já estou apaixonado pela minha menina.  Queria poder sair por aí e mostrá-la ao mundo, levá-la a passear, mas ainda não é hora.

Confesso que me surpreendeu o facto de Juliette não ter escondido de mim que ela é minha filha.  Não fosse aquele colar e não sei se algum dia nos encontraríamos.

Deitei-me na minha cama e estava feliz.

Juliette é uma mulher bonita.  Noutras circunstâncias poderíamos ter alguma coisa juntos.
Agora é apenas a mãe da minha filha.

Com o pensamento nas duas, adormeci.

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Depois de deitar Madalena fui arrumar a cozinha.   Estava tranquila.  A ansiedade que senti mais cedo tinha passado.
Partilhar parte da minha história deixou-me leve.

Quero que eles tenham uma convivência de pai e filha. A Madalena só tem 3 anos, não vai entender se de repente eu lhe disser, este é o teu pai.

Vou deixar andar e juntos acharemos o momento certo.

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Cheguei à clinica e Maria veio logo querer saber mais.

- Vi a dra Juliette no jardim escola.   Cumprimentou-me de maneira diferente.  Vocês conversaram?

- Diferente como?

- Não sei.  Talvez mais cordial.

- Sim, conversámos ontem.  Até jantei com as duas na casa dela.

- Uau!  Quem diria?
Ela é mesmo tua filha?

- É.

- Não tens dúvidas?

- Nenhumas.  Que razão ela tinha para mentir sabendo que eu posso pedir um teste de DNA?
E eu sei muito bem que fui o primeiro homem dela,  lá naquele quarto de hotel.

- Quer dizer que ela não se opõe a que vejas a Madalena?

- Não chegámos a falar sobre isso.  Era muito para falar, não tivemos tempo.

- Falamos depois.   Vamos trabalhar.

Passei o dia todo na clínica.  Voltei já tarde para casa.
Despi-me para tomar banho, mas primeiro liguei para Juliette para
saber da nossa filha.

- Olá,  como estão?

- Estamos bem.

- Liguei só para saber.  Cheguei agora da clínica.  Olha, no sábado posso ir buscar a Madalena para passear?

- Podes, com certeza.  Não sei se ela não vai achar esquisito.  Nunca saiu com ninguém sem ser comigo.

- Vem connosco também.

- Não.   Esperimentemos só vocês dois.

- Está bem.  Obrigado,  até amanhã.

- Até amanhã.

Terminei o banho e fui jantar.

Contei os dias até sábado.  Não liguei todos os dias porque não quero que ela me ache um chato.

Hoje estou aqui planejando o primeiro dia a sós com a minha filha.  Não sei o que ela gosta nem onde gosta de ir. 

Podíamos ir ao zoo ou ao aquário, mas não sei.  Já devia ter perguntado estas coisas à Juliette.

O sábado amanheceu chuvoso o que já me deixou irritado.  Não é possível que o tempo esteja esta miséria. Logo hoje?

Como tinha combinado, eram 10 horas da manhã,  fui até casa delas.

Juliette abriu a porta e eu fiquei por momentos hipnotizado.

Ela vestia uns mini shorts e um croped.  Estava descalça e com os cabelos soltos, ainda húmidos.   Devia ter saído do banho há pouco tempo.

- Juliette,  com este tempo onde é que podemos ir?

- E verdade.  Há poucas opções para a idade dela.  O oceanário ou o parque dentro do shopping.

- Mas isso é uma ou duas horas.   E o resto do dia?  Vem connosco pelo menos hoje.  Não sei o que fazer.

- Está bem.  Deixa eu ir trocar de roupa.  Vou dizer à Madalena que estás aqui. 
Espera ali na sala.

Amei-te Sem Te ConhecerOnde histórias criam vida. Descubra agora